Esse jogo é muito ambicioso, muito corajoso e no final ele cumpre o que promete com toda essa ambição. Com algumas poucas horas eu sabia que seria uma das minhas obras favoritas de ficção científica. Ele pega todos os clichês de sci fi que a gente conhece (viagem no tempo, robôs, aliens, transferência de memórias) e trabalha de uma forma genial, subverte completamente suas expectativas; quem tem um pouco de experiência com o gênero vai notar inspirações e referências diretas a coisas como exterminador do futuro, guerra dos mundos, ET, até mesmo uma personagem completamente inspirada na Rei de Evangelion (uma Rei melhor executada, diga-se de passagem), e ironicamente mesmo com todas essas inspirações, é uma das histórias mais únicas já contadas, e vou mostrar por quê. Mas primeiro de tudo, eu acredito que esse jogo deva ser experienciado totalmente às cegas, sem spoiler nenhum, sem saber do que se trata, sem nem ler sinopse, então aviso que vou focar mais na estrutura do que nos acontecimentos, pra preserver suas surpresas, enfim

Aegis Rim é dividido em 3 partes: rememberance, onde você joga a história de cada personagem num estilo meio visual novel mas que você ainda tem controle do personagem e das ações; destruction, onde acontece o combate e você enfrenta hordas de inimigos, que de início não sabemos quando que essas batalhas se passam na história; analysis, o lugar pra revisar o que já descobriu do mistério até o momento

logo nas primeiras cenas somos bombardeados de informações, já começa no campo de batalha com 3 personagens tendo diálogos densos, e você se pergunta o que caralhos está acontecendo porque só vai entender essa conversa no final, e eu amo essa introdução porque já te acostuma com a confusão que vai ser essa jornada. São 13 protagonistas (todos bem únicos e quase todos eles são muito bons, amo esse cast), cada um com sua própria storyline mas que eventualmente elas vão se conectando, e incrivelmente você pode jogar em quase qualquer ordem que quiser e ainda vai funcionar, o que torna a experiência única pra cada pessoa que jogar esse jogo, algumas vão descobrir certas coisas mais cedo, outras só vão no final, às vezes acontece um plot twist na história de um personagem mas que você já tinha previsto o que ia acontecer por causa de algo que viu e teorizou em outra campanha. É muito satisfatório porque você se sente realmente desvendando o mistério, o jogo não tem nada muito simbólico ou que precise de uma interpretação complexa, tudo que precisa pra entender está na tela, ele te incentiva a pensar, a teorizar e tentar encaixar as peças. Talvez você esteja pensando que esse formato deixe o enredo uma bagunça completa e super confusa pela não linearidade, mas calma, quando digo que funciona é porque funciona mesmo, às vezes certas histórias vão estar bloqueadas até que você complete certo evento de outro personagens, às vezes você não pode progredir em uma porque preciso pelo menos estar em 50% de mais 6 outras por exemplo, e alguns personagens serão desbloqueados mais tarde que outros, então não é uma bagunça completa, é só uma meia bagunça, ainda tem um controle pra garantir que tenha um início, um meio e um fim. Pra dar uma aliviada, no modo analysis você tem acesso a tudo que já descobriu dos personagens caso em algum momento se sinta perdido e precise lembrar de algum, assim como pode ver os eventos ordem cronológica, o que eu acho uma sacada genial porque tu vai olhar a ordem e pensar como sequer é possível tal coisa ter acontecido antes de outra, é uma faca de dois gumes

A progressão da narrativa não é nada convencional. Mesmo analisando as campanhas individualmente, é muito raro o uso de cliffhangers pra te manter preso, o suspense existe mas atua mais como um leve desconforto do que tensão propriamente dita; eu adoro a forma como o jogo te revela algumas das informações mais importantes da história como se não fossem nada dependendo da perspectiva no momento, sem nenhum close ou uma música pra build up, porque para o personagem aquilo foi só uma conversa normal. Na maior parte do tempo o que vai te manter explorando esse jogo é sua curiosidade, em poucos momentos eu me senti muito emocionalmente envolvido com o que estava acontecendo, mas por algum motivo eu tinha tinha que continuar e desvendar tudo aquilo. A vibe também ajuda bastante, cada uma das campanhas vão abordar temas diferentes e ter uma outra atmosfera mesmo que algumas delas dividam o mesmo cenário; tem os momentos mais calmos meio slice of life, tem o desconforto de estar preso num loop, a confusão de estar num lugar onde nada pra ti é familiar, e por aí vai. É gostoso demais de jogar. Aproveito pra falar da trilha sonora (que inclusive, é ótima), pois sempre vai ressaltar o sentimento daquele lugar, às vezes nostálgico, às vezes assustador, às vezes depressivo. Pode não ter várias músicas marcantes, só umas duas OSTs eu salvei pra escutar depois, mas não é assim que avalio uma trilha sonora, olho pra forma como ela acrescenta na experiência, e nesse sentido a de Aegis Rim é perfeita

Sobre a parte da gameplay, que é nomeada Destruction, tenho algumas ressalvas mas gostei mais do que esperava. Foi meu primeiro RPG tático então estava com receio, logo depois descobri que não é só tático como é em tempo real, e sinceramente achei esse formato mais interessante, dá uma tensão a mais por ter que pensar um pouco mais rápido. As batalhas são divertidas e tem algumas das melhores OSTs. Tu só pode levar 6 dos personagens de uma vez e é incentivado a trocar sempre a party pra encaixar melhor nas situações, alguns vão ser melhores pra focar em 1 só inimigo, outros se especializam em ataques mais fracos mas que atingem hordas, alguns são um misto, é bem legalzinho de ficar testando as estratégias e ver vários números na tela enquanto você aniquila robozinhos. É bem fácil até, joguei no hard e só tomei game over duas vezes, a maior dificuldade é completar os mini desafios de cada missão e tirar nota S, a maioria eu consegui naturalmente e as difíceis demais só diminuí a dificuldade depois que zerei pra fazer e platinar. Eu não tenho experiência nenhuma com esse gênero então vou dizer com base no meu achismo que provavelmente tem táticos por aí com um combate mais complexo, mas esse consegue ser bem eficiente com uma base simples. Meu maior problema com a gameplay é com a variação, na maioria das batalhas você tem que ficar protegendo sua base e atacando de longe os robôs, mas tem algumas que em vez disso o jogador que precisa tomar a ofensiva e ir até o inimigo, essas eram minhas favoritas porque dá pra fazer uma estratégias bem legais como mandar 2 da party na frente e ficar protegendo eles com os outros, ou atacar com todo mundo de uma vez, porém infelizmente acontecem poucas vezes. Por que não batalhas que você tem que tomar as duas posturas? Ou por que não uma outra bem diferente dessas? O que também não me agrada muito é a estética, nas lutas é sempre o mesmo fundo da mesma cor, e tu até enfrenta inimigos diferentes que necessitam outras abordagens porém a sensação que fica é que é sempre a mesma coisa, um robô, aí vem um robô gigante, aí vem um robô de outra cor, aí vem um robô gigante e de outra cor, isso é meio.. meh, nunca fui muito fã de mecha. Mas tem 1 batalha em específico que eu achei muito foda pela construção, pelo diálogo antes e o jeito que a melhor música do jogo entra (Seaside Vacation), esse momento foi peak fiction

Concluindo: instantaneamente um dos meus jogos favoritos, uma experiência que vai demorar pra ter igual. Aegis Rim não é daquelas coisas que são complexas só por ser, que acham que só embaralhar o enredo faz dele bom, nem é cheio de twists só pra chocar quem tá jogando, eu sinto que tudo nele tem um propósito, que ele quer dizer algo mesmo que não dê respostas definitivas. Em vários momentos da jornada eu me peguei refletindo sobre as questões filosóficas que ele traz, sobre o quanto de nós mesmos é formado pelas experiências que vivemos e o quanto é formado pela nossa essência como ser humano, também tem abordagens bonitas sobre amar, sobre amizade, até uma mensagem bonita sobre sexualidade. Honestamente eu poderia escrever muito mais sobre, poderia destrinchar aqui cada personagem, não o faço pois não quero estragar a experiência de ninguém com spoilers. Apenas confie em mim e jogue algum dia caso tenha a oportunidade. Um abraço

The art: 5 stars
The story: 5 stars
Gameplay/combat: 3.5 stars

It's a visual novel at it's core so it's expected for the combat to be a bit lacking. That being said, the story and mystery blew me away. The complexity of how it unravels is extraordinary and will keep you confused on who or what exactly is your enemy, who to trust, what is going on. Thankfully, the game makes you play the appropriate
chapter/arc/character before you can spoil yourself with another character's. I have to really applaud the amount of thought and finesse the team has made to make and wrap up the story. Absolutely brilliant.

Also, japanese dub > english. The english doesnt really match with how i envision the characters.