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Num mercado dominado por jogos AAA multiplayer, é indiscutível que Relic Hunters consegue se destacar e trilhar o próprio caminho. Ele ora descomplica, ora aperfeiçoa sistemas populares: não depende de um hub para iniciar missões (tal qual Minecraft Dungeons), nem te mantém preso na campanha individual (Avengers) e nem aplica o método de “progresso pelo jogo do anfitrião” (Gotham Knights).

Ao invés disso, ele tem um sistema firme de progresso online, beneficiando ambas as partes. A lógica é simples: passado o curto prólogo, você junta-se ao lobby com um amigo, ele escolhe a missão e vocês jogam. Há distinção clara entre as poucas missões da história/single player, mas a essência do jogo é o multijogador. O que mais me surpreendeu é o fato de você permanecer junto no lobby, mesmo que cada jogador opte por progredir no single player -- ou seja, mantém-se o ciclo de progresso ainda que vocês optem por seguir missões individuais. Tudo isso contribui para um feeling ímpar da experiência em conjunto com o game.

Em demais comparações a outros jogos recentes, sei que “always-online” é um conceito polêmico. Por melhor que o jogo seja, essa ideia sempre deixou sempre com pé atrás, principalmente em termos de matchmaking. Pior ainda é ter desastres (recentes) que corroboram a má fama, vide Payday 3, Exoprimal e Redfall. Porém, Relic Hunters também soube contornar os problemas, além de aplicar uma perspectiva de RPG. A cidade principal funciona como saguão de trocas entre os jogadores aleatórios, com a organização de partida feita em um pré-lobby, após carregar cada missão. Você ainda pode optar por seguir missões públicas ou organizar partidas privadas, sem receio de “invasores” no meio da sua jogatina.

Essa segurança de gameplay é refletida ao longo das dezenas de horas de jogo. Você até pode focar no progresso da trama principal, mas a graça dele está na variedade de missões, de desafios secundários -- e, surpreendentemente, há diversos tipos de chefões e inimigos, a depender do bioma que a missão se passar. É uma mistura dos gêneros de fantasia e ficção científica de maneira despretensiosa, com bom humor. E esse tom humorado consegue ser conservado na narrativa, dando espaço para toda a estética dos desenhos animados de hoje em dia, com direito a uma cinematic genial. A atmosfera inteira gira em torno do fator de diversão (somado à trilha evidente que beira a nostalgia), até por conta da jogabilidade enxugada dos subgêneros que o jogo escolhe arriscar -- looter shooter, dual stick e RPG, em especial.


O único grande contratempo de gameplay é o fator repetitivo da lógica de jogo, única e exclusivamente quando você começa a jogar com novos personagens (Hunters). Há opção de usar bônus de XP para subir mais rápido de nível e conseguir remanejar melhor seus equipamentos, equipando níveis medianos logo de cara, porém, é inevitável ficar em um loop das missões iniciais do game. E subir de nível com cada um logo se torna crucial, visto que há missões da história com níveis crescentes, que só podem ser completadas com personagens específicos. Ao longo dos 5 Hunters jogáveis, essa camada acaba virando um baita obstáculo.

Por sorte, a dinamicidade dos níveis, a abrangência de desafios e a variedade de loot consegue guiar o fluxo das missões. Exceto por este fator, o progresso do game é uma bola de neve: quanto mais missões paralelas você jogar, mais níveis você consegue com cada personagem, os inimigos parecem mais fracos e, por consequência, matá-los é mais satisfatório. O avanço de nível tira um pouco do fator de grind em si, mas acumulá-los também pode ser um bom truque caso você opte por adiantar o progresso ao repetir certas missões. De quebra, algo pode servir como dica: a melhor coisa a se fazer é guardar equipamentos de nível baixo para usar com outros Hunters. (Isso teria me ajudado um bocado nos dois primeiros personagens desbloqueados.)

Outro ponto que se assemelha a RPG/MMOs tradicionais é a lógica de incentivar a build para diversos personagens. Ponto positivo: inventário compartilhado e progresso único da história. Ponto negativo: não existir a funcionalidade de vincular a mais de um perfil. Ou seja, existe até uma linearidade das missões e coleta equivalente de itens, mas você é limitado a somente um perfil por jogo. Como este é um game de grande foco multiplayer, acaba tornando-se um fator delicado, porque você não pode “reservar” um perfil para jogar com amigos + um para progresso próprio, por exemplo.

Ademais, os equipamentos em si são bem equilibrados, respeitando o progresso do jogador concorrente à dificuldade de derrotar os inimigos. Armas parrudas derrotam sem problemas o nível equivalente de inimigos em cada missão. E mesmo com a existência do fator elemental para ditar a vulnerabilidade dos inimigos (fogo, natureza, água, etc), ele não exagera. Certos inimigos são mais resistentes a elementos específicos, mas longe de o jogo tornar necessário você repensar cada loadout/equipamento a depender da missão. Neste ponto, o game se distancia (no melhor sentido possível) dos dual stick shooters modernos, simplificando e reforçando cada classe de armas.

E eu preciso destacar o ponto mais de toda a logística do game: a habilidade de transferir atributos e de melhorar o equipamento diretamente no seu inventário. Essa é outra maneira que Relic Hunters se isola dos demais, trazendo aspectos de RPG simples e bem aplicados. Ambas essas ações são feitos diretamente pelo menu, sem necessidade de ir a locais/pontos do mapa, nem de inundar de informações do inventário. A praticidade age em prol da quality of life do jogo.

Por fim, em termos de performance, ele roda super bem em um PC de entrada~intermediário (no meu caso, uma 1050ti + 16GB de RAM + Ryzen 5), ficando entre 60 e 90 FPS. Queda previsível a cada carregamento e/ou nova seção em cada missão, de praxe. O único engasgo constante do jogo é no imediato início das missões. A tela congela após a contagem regressiva, antes de os jogadores deixarem a nave/lobby -- não importa se você for o único da party, ou se estiver jogando com aleatórios, ou no matchmaking com amigos. Fora isso, não houve crash inesperado, nem glitches que impeçam o progresso.

Em suma, diria que o Relic Hunters não apenas se destaca em termos de mecânica de jogo e abordagem multiplayer, mas também entrega uma experiência que celebra a diversão pura e a camaradagem entre os jogadores. Ele contorna os problemas típicos de jogos always-online, combinada com mecânicas inteligentes e uma atmosfera alegre, virando uma opção notável para quem busca uma experiência cooperativa envolvente. Relic Hunters brilha como um exemplo de como os jogos multiplayer podem ser envolventes e acessíveis, mantendo a diversão no centro de sua proposta.