Yet Another Zombies Survivors, o quinto jogo da Awesome Games Studio, um estúdio indie polonês que já tem alguma história no mundo dos jogos. Esta obra é uma releitura/continuação do Yet Another Zombies Defense que é um tower defense da AGS, desta vez o novo jogo veio com a proposta de ser Bullet Hell Roguelike.

A obra propõe antes de mais nada ser um Bullet Hell Roguelike, o estilo mais que consolidado fundado por Vampire Survivors. A ideia é a mesma, uma horda de inimigos atacando o jogador com diversas peculiaridades que tornam cada run mais complexa, chefes aparecendo de tempos em tempos, a evolução do jogador ao longo da missão e a duração máxima de sobrevivência de 20 minutos.

A ideia de um apocalipse zumbi que já foi demasiadamente explorada nos jogos ao longo da história ganha uma nova cara no Yet Another Zombies Survivors, houve a junção do gênero novo que ganhou espaço nos últimos anos com a temática consolidada nas diferentes mídias nas últimas décadas. A combinação é interessante e toda a ideia de zumbi que é sempre associada a hordas é melhor representada nesse gênero do que em qualquer outro modelo de jogo.

A diferença da obra em relação aos seus pares está justamente na forma como essa pensa a progressão e construção da build. Cada personagem jogável na obra tem sua arma principal e 2 skills de começo, ao conseguir certas conquistas e subir para os diferentes tiers são desbloqueadas novas habilidades e progressão das armas para cada personagem, por exemplo: o personagem SWAT, tem como arma inicial a pistola e essa pode evoluir para uma submetralhadora, as suas habilidades iniciais são o lançar granadas e chamar ajuda área de um helicóptero de combate, ao progredir no tier da classe há uma evolução da submetralhadora para 2 opções dentro da run: um rifle de assalto ou uma sniper, e ao progredir ainda mais nos tiers é desbloqueado um nova habilidade que é a torreta estacionária, já o último tier ainda está em desenvolvimento no momento dessa crítica. As classes em si são bem diferentes e interessantes tendo cada uma suas peculiaridades que tornam as possíveis combinações ainda mais interessantes, ainda mais considerando a habilidade de “líder do esquadrão” e as características passivas/ativas que tornam algumas classes voltadas mais ao suporte enquanto outras que focam o dano.

Agora sobre a construção das builds essas se dão pela junção de diferentes personagens, como já explanado as habilidades do Swat, os outros sobreviventes seguem a mesma ideia de quantidade de habilidades, então tem-se 3 habilidades e a arma principal que é possível ser evoluída, essa evolução se dá ao passar de nível, já que nesse momento é possível evoluir 1 das 3 habilidades disponíveis. Então cada personagem conta com uma gama pequena de opções se considerar a duração de um run, logo a ideia proposta pela AGS para a construção de uma build mais complexa se dá pela mecânica de combinação das classes, essa mecânica funciona da seguinte forma, ao adentrar uma run com um líder o jogador avança e em determinado momento terá uma notificação de resgate, ao resgatar o refém o jogador selecionará 2 opções aleatórias das classes disponíveis para adentrar o seu grupo, tendo esse grupo um máximo de 3 personagens. Então ao final tendo 3 personagens no grupo tem-se um total de 9 habilidades e 3 armas principais para serem evoluídas e sofrerem um upgrade, essa quantidade é tão grande que durante os 20 minutos de run é praticamente impossível ter todas as armas evoluídas ao máximo junto com todas as habilidades, é necessário abrir mão de alguma coisa, não há xp suficiente para todas. A combinação das classes traz um novo ar à obra no sentido de fazer algo diferente do que está no mercado, a proposta da AGS torna a obra algo único que desperta o interesse no fanbase do gênero, o trabalho de game design é excelente.

Em relação às mecânicas do jogo ainda tem-se outros fatores que complementam na construção da build e consequentemente no sucesso da runs, há os itens in-game que oferecem diversos bônus passivos, esses são obtidos a partir das caixas de suprimentos e devem ser escolhidos entre 3 opções. Além deles há os boosts temporários que dropam dos inimigos e dependendo do momento são um trunfo contra chefes ou hordas mais complicadas, há o boost de velocidades de movimento, o boost de fúria dando mais frequência e dano de ataque e o boost de defesa que aumenta a armadura do grupo de personagens. A última mecânica é mais comum nesse tipo de obra: os upgrades passivos da tela inicial, que podem ser obtidos com o dinheiro farmado dentro das runs, neles estão presentes as mais diversas passivas com os mais diversos efeitos que geram uma diferença gigantesca a longo prazo.

Esteticamente a obra apresenta um realismo interessante que reforça todo o gore que a temática de zumbi traz, junto a isso há o design do mapa com a cidade destruída que talvez seja o cenário mais clássico de uma epidemia zumbi, assim criando uma atmosfera ideal para a obra. Há outros mapas e outros detalhes para serem desenvolvidos, porém o que está presente já agrada o suficiente para considerar o trabalho de arte espetacular.

Concluindo, Yet Another Zombies Survivors apresenta uma inovação interessante no que se refere a construção de build e progressão nesse gênero. A empresa polonesa consegue extrair mais do gênero e ir além do que está no mercado, mesmo assim ela mantém diferentes elementos que já estão consolidados, como os upgrades na tela inicial e as passivas obtidas in-game. A obra tem muito o que melhorar já que está em early acess, há muitos mapas, personagens e tiers para serem feitos, porém o que está presente neste momento já mostra um excelente trabalho por parte da Awesome Games Studio.