Visitar um MMO morto potencializou o contato com uma obra viva e irreverente.

Por um lado, Pagan Autogeny representa uma aproximação da franquia aos costumes formais dos RPGs, mas também desafia essas formas.

O conceito de um MMO RPG morto fundamenta o seu oposto, que era a vida. E, de fato, eu diria que Pagan Autogeny é um jogo vivo.

Além de brincar com conceitos simples do formato, como progressão, abertura e fechamento do jogo, bem como o combate, a obra traz cenários que evoluem e se moldam de acordo com a figura que temos do Mártir (presente nos outros jogos). Esse Mártir, representado pela estátua de Vênus de Milo, ilustra novamente a substância artística de um jogo.

Se no primeiro jogo a revelamos num processo escultural e o segundo já mostrava sua decadência, aqui temos sua obsolescência e esquecimento. Em um MMO que, talvez pela tecnologia, também se torna obsoleto e eventualmente morre, precisamos buscar a essência substancial dessa obra para liberar a expressão artística, em um desfecho catártico.

Liberar a arte do jogo, aqui, é também romper com as formas e convenções. Uma pena que este não seja tão ousado e desafiador quanto o primeiro, entregando-se aos formatos com um tema que o permitia quebrá-los ainda mais.

Reviewed on Oct 21, 2023


Comments