O brilho desse jogo está em sua inconsciência que dá palco para uma abordagem completamente coração.
Nunca estive em um jogo que flerta tanto com o militarismo e temas como apartheid de forma tão inocente e fofo.
O que, claro, poderia ser um problema para mim. Se ele fosse apenas um ode à guerra pintado de criaturas fofas, eu acabaria me desconectando completamente de sua substancia e personagens, visto que são temas que me repelem.
Então, enquanto caçava gatinhos vândalos com um cão pilotando um semi-tanque de guerra, me sentia na posição de poder pela ordem e controle.Pórem, quando percebia como Waffle se encaminhava para um personagem com dilema moral e buscava se construir pela conexão entre cães e gatos que, aqui vivem separados sendo Cães o controle do império e gatos marginalizados, não pude deixar de ver um paralelo forte.
Mas ainda que esse paralelo existisse, não sei se pelas criaturas fofas ou pelo desenvolvimento de personagem, não senti maldade nenhuma da obra. Parecia apenas replicar o tropo do policial bom contra os bandidos incompreendidos.
Enquanto é verdade que essa tropo se aplica aqui, a obra, na simplicidade, consegue escalar e nos dar um motivo ideal para os vilões e, com muito carisma, construir um desenvolvimento que fez com que essa obra quebrasse completamente uma analogia banal e rompesse a linha tênue entre o militarismo e o anti militarismo para ser algo livre desse diálogo.
Mesmo que seja algo que permeia seus temas, a simplicidade e honestidade de seu desenvolvimento faz com que o militarismo seja uma consequência contextual, mas ainda assim, é tratado com sensibilidade e como algo a ser lidado.
Esse jogo é o "bandido bom NÃO é bandido morto" para alguém que não quer pensar muito nisso, e vejo um valor gigantesco em sua essência.

Reviewed on Feb 06, 2023


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