Quando joguei DE pela primeira vez, ele foi quase que terapêutico para mim. Foi uma das obras que eu consumi naquela época que ajudou a construir os blocos da minha nova relação com o mundo, dada uma vida de ruminação e erros. Naquela época, funcionou.

Já hoje eu tive essa fase da minha vida colapsando e implodindo como uma supernova. Todas as estratégias e controles foram ofuscadas em uma visão pálida que mandava colocar meu dedo no botão de ejetar. Foi um dia de beber muito, de andar sem rumo, e de esperar o tempo passar para alguma resposta santa chegar dizendo que algo estava prestes a acontecer. Não aconteceu, a única mensagem que veio foi justamente de um amigo preocupado com o meu estado mental.

Esse amigo é e foi meu apoio, nos conversamos por algumas horas até o cansaço da madrugada vencer e adiarmos k diálogo para outro dia. Durante essa conversa, eu fiz aqui e ali uma referência a disco elysium, não de um jeito caricato e reddit (de vez em quando nem tinha essa intenção), mas sim porque é um jogo tão honesto sobre essas questões de saúde mental. "Compressor volumétrico de merda", "Limpar as Salas", "Dedo no botão de ejetar", "Policial Penitente", "Policial Apocalíptico", "A Menor Igreja de Saint-Sècs", todos esses conceitos passaram voando pela minha cabeça, junto de frases, vagas ou não, que espalharam a minha aventura inicial por revachol, que agora fazem tanto mais sentido.

Em um momento de tanta dúvida e tantos problemas querendo competir entre si, fez bem colocar "Instrument of Surrender" pra tocar e caminhar um pouco sem rumo por uma cidade decadente como a minha. jogos não são necessariamente escapismo, como qualquer arte, são uma reflexão de nós mesmos, mas espelhos funcionam em via dupla.

Espero que passe

Reviewed on Dec 30, 2023


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