This review contains spoilers

Depois de mais de 70 horas de jogo e enrolando bastante, finalmente terminei Tales of Xillia. Eu lembro de lá pra 2013/14 (eu acho) eu joguei as primeiras 3h disso na casa do meu grande amigo e namorado Uiberon e eu me amarrei no jogo. Finalmente em 2022, na minha jornada pseudo-retrogamer atual eu comecei a ativamente tentar pegar uma cópia pra mim, e consegui no Natal. Storytime is over, vamos à review.

Os visuais do jogo são simplesmente belíssimos, e tanto os monstros quanto os personagens e cenários me pareceram bem acabados e charmosos. Os NPCs de cidade são pouco inspirados, mas hey, quem vai ligar pra figurante num JRPG? Algumas animações são meio duras e limitadas, mas não chegou a me ofender.

A jogabilidade eu sou suspeito pra falar. Pra MIM foi um Hack'n'slash com level up e personalização gostosíssimo. Eventualmente eu achei repetitivo, mas também só aprendi a jogar com um boneco, provavelmente se você alterna os personagens durante a jogatina pra fazer combo o jogo fica bem melhor. Vou criticar entretanto o sistema de level-up, pois no fundo no fundo as escolhas pouco importam. Se você juntar xp o suficiente, vai ter ponto pra tudo e dá pra upar todos os status.

Sobre a dificuldade, eu botei o jogo no Hard e acho que só apanhei pra alguns chefes no começo do jogo e na reta final eu perdi pra o chefe final na primeira forma uma vez. Como eu joguei sem aprender a dar side-step e mal apertando defesa o jogo inteiro, minha aposta é que ele é fácil mesmo. Tem também a chance de eu sempre estar bem equipado pois eu farmo bem (finalizei com as melhores armas do jogo e com armaduras da loja nível 70+ e no nível 70+), então no fim das contas não sou muito confiável para analisar isso. Nos chefes que dropam arma mágica o jogo fica difícil pra porra, eu tive que fazer muito malabarismo com item pra dar certo, MAS só morri um monte de vezes pra o primeiro deles, o segundo e o terceiro caíram de primeira (são 6, achei 3).

Sobre a história... ela é ao mesmo tempo muito boa e muito genérica. Basicamente, garoto encontra deus, garoto e deus encontram reis, garoto e deus enfrentam um rei, rei é morto por militar invasor, garoto e deus matam o militar invasor, deus morre, garoto entra em depressão, o deus morto na verdade era falso, garoto em depressão decide encontrar o verdadeiro deus, deus falso volta, garoto e deus falso enfrentam deus, outro rei aparece e dá uma pisa em deus, garoto e deus falso enfrentam o rei que deu uma pisa em deus, deus falso vira deus verdadeiro e todo mundo fica feliz pra sempre. Tem uns twists, um monte de side-story e na real isso foi tudo uma grande piada, MAS a história do jogo ainda é mais ou menos isso aí. Meio que muito do que ocorre é lugar comum de quem costuma ver anime, então não parece ser suuuper original, mas é executada de maneira decente. Meu problema está só no ritmo e tom da narrativa, que vai meio devagar e leve pra super épico e frenético e vice-versa de tempos em tempos.

Sobre os personagens, o Jude é meio genérico mas ainda é legal, Milla é meio chata mas ainda é legal, Elize tem uns momentos em que a personalidade vai de 8 a 80 mas a gente perdoa por que é criança. O Alvin é o charme encarnado, mas depois que ele começa o entra e sai no grupo vira um porre (e olha que eu jurava que ia ser meu personagem favorito). Leia é uma personagem com algum potencial mas que fica irrelevante quando você se liga que ela é só um estepe pra o Jude quase que o tempo todo. Rowan por outro lado tem zero defeitos e é o melhor personagem do sexteto. Talvez eu prefira o Rowan por sentir falta de uma boa figura paterna na minha vida, mas a gente finge que isso não influencia em nada.

Sobre os vilões... é aqui onde o jogo dá uma decaída. Gaius é um antagonista fenomenal, mas ninguém mais que anda com ele importa. A Chimeriad (grupo do Gaius) deveria ter personagens que rivalizassem com os protagonistas e interagissem num âmbito pessoal, mas na real eles todos parecem encaixados de última hora e pouco desenvolvidos. Muita história sendo contada em conversas de terceiros e pouca informação sendo colocada na narrativa de maneira orgânica. Especialmente a piveta que é a alerquina miniatura de cabelo branco chega a ser irritante como fica solta na narrativa.

Ah, ter cutscenes animadas e eventuais skits no mapa só com quadrinho e voice-over dá um CHARME pra esse joguinho e pra os personagens que é digno de nota. Os skits me fizeram gostar bem mais dos personagens do que só as cutscenes fariam, especialmente por poder trabalhar sidestories de maneira mais leve e curta. Uma pena que ainda com elas, ainda faltou mais substância para algumas backstories.

Acho que já deixei claro o problema maior do jogo, mas caso você não tenha pego ainda, vou resumir: inconsistência narrativa. Personagens demais e pouco tempo pra desenvolver todos. História boa, mas que não se desenvolve num ritmo ideal. Informações caindo de paraquedas de tempos em tempos e alguns plots que não se desenvolvem muito. Parece um anime tentando adaptar um mangá muito maior talvez?

Agora, essa narrativa estraga o jogo? Nada, só impede que ele seja grandioso, mas Tales of Xillia ainda é bem agradável e gostoso de jogar, e inegavelmente memorável.

PS: PUTA MERDA COMO EU ODEIO O IVAR!!!!

Reviewed on Mar 12, 2023


Comments