Misturar um jogo de plataforma com um espetáculo teatral me pareceu incompatível a princípio, como se o jogo oferecesse pouco de ambos os temas. E de fato, Puppeteer não tem um início tão atraente, são fases longas e pobres em mecânicas. Mas assim que as coisas se tornam interessantes, o jogo brilha até o fim.

A ideia de simular uma obra teatral foi levada muito a sério aqui, não se trata apenas da estética, toda a jornada é comentada por um narrador e os personagens agem como se houvesse uma platéia os assistindo. Puppeteer é um jogo muito rico em diálogos, e aqui entra uma de suas maiores qualidades e defeitos: absolutamente tudo é comentado, todas suas ações são narradas, isso deixa a aventura muito mais viva, algumas cenas até arrepiam de tão empolgantes (principalmente com a excelente dublagem brasileira). Mas por outro lado, você é forçado a jogar no tempo das falas, se quiser ouvir tudo que os personagens dizem. Infelizmente é comum que uma frase seja cortada por outro diálogo que você acabou de acionar, isso acontece diversas vezes durante o jogo e acaba estragando um pouco o ritmo das coisas.

Apesar das fases serem longas, é muito interessante como todas elas são introduzidas, são 3 fases para cada ato, mas são únicas o suficiente pra terem seu próprio desfecho, sempre apresentando um início, meio e fim. Todos os personagens são extremamente carismáticos, desde o narrador até aqueles que fazem uma breve participação. O esquema de coletar cabeças e usá-las para descobrir segredos é bem divertido, o mesmo pode-se dizer sobre o gameplay e seus elementos de plataforma.

A mecânica com a Calibrus, sua tesoura, é criativa e prazerosa, as lutas contra chefões são de deixar os olhos brilhando, assim como boa parte dos cenários, acompanhados de uma excelente trilha sonora, e narrados de forma épica. Puppeteer é realmente, no sentido literal da palavra, um espetáculo.

9/10

Reviewed on Dec 10, 2021


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