A primeira questão: sobre o quê é esse jogo? O início de Mountain é a coisa mais interessante dessa experiência: ele te pedirá para desenhar uma série de coisas. Deus, amor, infância, beleza, e por aí vai. Você recebe a sua montanha, ou melhor, você se une à montanha. Você é a montanha. Isso é evidente, claro, visto que ela foi gerada de maneira procedural com base no que você desenhou — desenhos sobre temas tão íntimos que necessitam de um certo grau de reflexão, diversos artistas ao longo da história representaram Deus, ou a beleza, ou o amor, ou a infância em infinitas formas diferentes —, e sendo essa montanha feita com base no que você fez, ela é você, e você é ela. E vocês são um. E vocês existem. E essa montanha — que, deixando bem claro, é você — pensa, sofre, reflete, sente, nasce, morre. Portanto, isso é um jogo sobre tudo, e ao mesmo tempo, sobre nada.

E agora a questão primordial: Mountain é um jogo? Bem, o que é um jogo? O que define um jogo ser um jogo? É o entretenimento? A interatividade? Você andar por aí? Um objetivo, uma história? Por último: um jogo pode ser uma obra de arte? Eu não tenho a resposta para nada disso, mas, na minha frente, eu tenho uma montanha. Eu sou uma montanha. E essa montanha propõe tudo isso, e muito mais.

Reviewed on Oct 20, 2023


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