Talvez o melhor jogo que já joguei na vida.

Parte de uma premissa relativamente simples, a amnésia completa sobre o mundo, sobre as palavras e sobre si mesmo, mas a forma que potencializa isso é incrível.

O sistema de diálogos (ou monólogos?) dos modos de consciência são responsáveis por imbuir um sentimento de estranheza bem específico no jogador, ao mesmo tempo que impõem um mistério grotesco, que, aos poucos, à medida que você explora o mundo e percebe sua ambivalência e complexidade, se mistura com uma ingenuinade bem pueril, tornando-se não só a necessidade de resolver tudo, mas uma curiosidade por tudo. Não existe A moralidade aqui: Elysium é um mundo verossímil, assim como todos os seus personagens (a arte visual e o voice acting colaboram demais!). O próprio Harry é o maior exemplo disso, de um sujeito de Elysium: vil, deprimente, perdido, porém, humano. Você se assusta com ele, se perde com ele, acha ele doentil, acha ele ignóbil e, ainda assim, simpatiza com ele, porque você também se diverte com ele, ajudando pessoas, errando e acertando, enfim, vivendo. A verdade é que você *é* ele, uma criança em corpo de adulto, perdida num mundo desconhecido. Você é o responsável por todas as escolhas em um jogo repleto de nuances emocionais, políticas e ideológicas.

Sob essa perspectiva, outro aspecto imprescindível pro impacto é o sistema de dados. Ele carrega consigo uma crueldade/bondade muito interessante, que reforça o peso que o mundo ainda carrega sobre os seus ombros, a morte e a dor em constante espreita. Mesmo acertando a escolha, não cabe a você. No entanto, Elysium segue como a terra da fé, apesar da Palidez.

Enfim, Disco Elysium é maduro, é denso, é inovador, é arte!

Reviewed on Apr 04, 2024


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