Pera, uva, maça, salada mista de elementos nesse joguete

Remnant foi meu primeiro jogo com temática souls, isso porque muita gente diz que ele é um, então como eu nunca joguei nada do gênero eu vou assumir que estão falando algo de fato real. Apesar de eu nunca ter jogado nada do estilo, sei sobre a curva de dificuldade que muitas vezes beira você querer se descabelar de raiva, mas aqui eu posso dizer que em momento nenhum eu tive esse sentimento. Passei sim por um ou outro chefe complicado e tive que repetir algumas vezes, mas não foi nada tão absurdo assim, na real, era prazeroso.

O jogo estimula muito o multiplayer, mas eu fui sozinho mesmo simplesmente porque não tinha ninguém pra jogar comigo. De início, isso pode parecer um impeditivo de você pensar “vai ficar difícil e vou precisar de uma pessoa”, mas não é isso que acontece, pois dá para zerar só tu mesmo de forma bem tranquila até.

Falando sobre a história, eu terminei com um gosto MUITO agridoce na boca pq ela começa com um ar de ter rolado algo antes e de fato isso acontece. Pesquisando sobre o game depois que terminei descobri que existe um jogo chamado Chronos: Before the Ashes e que Remnant se passa após ele, mas no caso, Remnant foi lançado primeiro, então…

No decorrer de Remnant alguns diálogos vão ficar bem soltos pq de fato o contexto está atrelado ao jogo anterior. Então, basicamente você primeiro precisa zerar Chronos: Before the Ashes e depois vir para Remnant para ter uma experiência mais compreensível? Não sei, estou teorizando pq não joguei esse outro ainda.

Mas falando apenas de Remnant, a história não é NADA memorável ou espetacular, pelo contrário. Grande parte do game você passa procurando por um personagem e quando o encontra, a cena e o momento é TÃO anti climático e zero emocionante/dramático que era preferível assistir uma partida de futebol do campeonato do Camboja no lugar. Além disso, o plot é todo uma grande salada de muitas outras obras famosas que você encontra por aí, sendo o chefe final e a história por trás extremamente parecido com o plot de Stranger Things, então a sensação é puramente clichê e não do tipo “nossa, estou jogando algo super original”.

Já ia esquecendo de comentar, mas inclusive o desenvolvimento de tudo é esquisito e cansativo, pois grande parte da história tu vai descobrir através de files, mas não são no estilo de Resident Evil ou jogos parecidos que apesar de apresentarem vários, eles são curtinhos e bem encaixados na evolução e andamento do game. Aqui, do nada, tu acha um file com 10 páginas corridas e do nada outro com 8. Então teve momentos que após uma sequência frenética de gameplay veio do nada um corte seco para quase 10 minutos de leitura e com MUITA informação para guardar. Definitivamente isso não foi legal, pq é a forma que o jogo te conta a lore, já que cutscenes quase não existem e os poucos diálogos ingame são fracos também.

Agora, se eu to falando tão mal da história, pq eu joguei até o final? Bom, felizmente a gameplay no sentido do combate é beeeem delicinha e desenvolver e evoluir o personagem é beeem satisfatório também, pois você vai liberando de forma muito orgânica cada melhoria de acordo com a barra de experiência e os bosses derrotados, inclusive a progressão do personagem te motiva a se desafiar em enfrentar novos perigos para saber o quão bom ou upado você está. No meu caso, quanto mais eu upava minha shotgun, mais eu queria ver o quanto de dano eu tirava dos inimigos. Mas vamos lá, tem um quesito ruizinho que é o fato de vc não conseguir dar lock de mira em ninguém, algo que é tão usual hoje em RPGs. A falta dessa funcionalidade provavelmente vai trazer alguma dificuldade para o seu gameplay, principalmente nos bosses que spawnam inimigos juntos e o caos se instaura na tela, pq eles vêm de todos os lugares e, jogando pelo controle, a sensibilidade não era tão boa às vezes para mudar de mira e evitar investidas inimigas, pois acredito muito que isso seria facilmente corrigido com o lock de mira.

Sobre os cenários, você passará por 4 grandes locais que são distintos demais uns dos outros e isso se deve ao fato de que são mundos diferentes (isso faz parte da lore) e nisso o jogo acerta e erra muito. Acerta pois são áreas completamente diferentes como cidade, deserto, floresta e um pantano, que são muito bem pensadas e criativas, com alguns detalhes bem bonitos inclusive, sendo o pantano a minha preferida que me lembrou Resident Evil 5 em alguns momentos ali no capítulo 3 quando você chega em Marshlands.

Agora, cada uma dessas big áreas, possuem seções menores que no caso são procedurais e aqui que a parte de cenários fica ruim pq essas áreas, pela natureza do estilo procedural, tem o objetivo de serem geradas aleatoriamente e criar sempre algo novo, mas isso não acontece em Remnant pq o procedural é uma bosta. Por algumas boas vezes na minha gameplay as áreas procedurais repetiam mais de 80% dos elementos e estética, tendo um caso em especial que elas se repetiram em sequência, ficando somente “mirrowed” ou seja, de trás pra frente e isso foi broxante pra cacete.

Uma coisa é você zerar um game e repetir, você morrer por falha sua ou culpa do jogo e ter que repetir uma parte, pois essas são coisas que você entende o sentido da repetitividade e aceita de coração muitas vezes aberto. Agora, você joga e acha que está evoluindo e simplesmente o jogo fica repetindo vários elementos, isso quebra muito a fluidez. Eu totalmente entenderia se o looping fizesse parte da lore, mas não é o caso, o procedural só é uma merda msm.

Outro ponto positivo e negativo são os inimigos. São MUITOS, muito variados, com ataques diversos e essa variedade vai mudar de acordo com os cenários que você passa. Acontece que, alguns deles são meros “copia, mas não faz igual” de alguns outros jogos e você vê nitidamente que não existiu um motivo plausível para eles existirem além de gerar o gatilho por reconhecimento na mente das pessoas. São váaaarios inimigos e até bosses maneiros e distintos que não possuem a mínima profundidade de lore ou que tinham até potencial para serem explorados de outra forma, mas que simplesmente não tem nada. Exemplo, tem um boss na área do deserto que são gêmeos e voadores. Você os enfrenta em uma ponte e sem dúvida foi o boss mais difícil que eu enfrentei e tinha TANTO potencial neles para um aprofundamento ou simplesmente para saber mais sobre lore da importância deles para aquele mundo….

Para minhas considerações finais e meio que um resumo, Remnant foi isso que representa minhas notas 2,5 que é o meio termo, que não fede, nem cheira. O pq disso é muito simples, é um jogo ok, tem coisas boas que poderiam fazer o game cheirar bem como flores no campo, mas logo passamos pelas poças fétidas de chorume que estragam o passeio. Definitivamente é uma experiência válida para conhecer se vc não tiver absolutamente nada mais para jogar e eu digo isso com a expectativa de que tanto o jogo anterior como Remnant 2, sejam melhores para dar a franquia uma robustez que faça com que esse game aqui seja o início promissor de algo melhor.

Reviewed on Jan 15, 2024


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