De todos os jogos que a minha bolha consumiu e que sempre tentaram me empurrar - já que até então, eu nunca tinha jogado -, A Wonderful Life sempre foi o mais elogiado. Dito isso, depois de ter jogado e, sabendo que esse é um remake quase 1:1 da versão original de Gamecube e sua Special Edition de PS2 - baseado unicamente em reviews de terceiros -, eu posso dizer facilmente que esse jogo é incrivelmente superestimado e que, em boa parte do jogo, é mediano.

Tecnicamente os jogos 3D de Bokujō Monogatari (nome original da franquia) nunca foram um primor técnico. Graficamente também nunca foram os gráficos mais bonitos já feitos, e pra compensar isso a franquia sempre investiu em mecânicas de jogo e uma direção de arte, muitas vezes, lindíssima. E tudo isso é válido pra maior parte desse jogo. Os gráficos não são simples, porém a estilização é simplesmente ótima, o que acaba não te tirando do jogo ou prejudicando a parte gráfica. É extremamente comum ocorrerem Pop-In de elementos gráficos do ambiente (tal qual os jogos de Pokémon no Nintendo Switch), mas, particularmente, eu me acostumei, o que não se tornou um grande problema. Por outro lado se a XSeed conseguiu compensar os gráficos, a jogabilidade está longe de ser a melhor da franquia. Por mais que, jogos do gênero tendem a ser repetitivos, A Wonderful Life ultrapassa o bom senso com folga. Durante os 6 anos (in game) em que eu joguei, foi comum eu simplesmente cuidar da fazenda e então pular o dia por simplesmente não ter mais nada o que fazer, principalmente após o terceiro ano. Se você não busca fazer o 100% e só está jogando pra relaxar ou pra jogar os 6 capítulos da história principal (como eu), não tem muito o que fazer após comprar todos os upgrades e se casar. Em teoria esses 3 anos com o personagem mais velho seriam para fazer amizade máxima com o resto dos moradores de Forgotten Valley e plantar todas as plantações híbridas da enciclopédia interna, particularmente, isso foi nem um pouco atrativo, o que tornou mais fácil só pular o dia com os minigames, indo pra cidade grande ou simplesmente dormindo até dar o horário de cuidar dos animais de novo. De longe, esse é o jogo menos divertido em gameplay de Story of Seasons/Harvest Moon. Outro ponto relativamente negativo vem da trilha sonora, não por ser ruim, mas por ser repetitiva. A música do mundo é selecionável pelo jogador desde o começo, o que quebra (um pouco) esse argumento, porém, as músicas das cutscenes, por serem apenas 3 ou 4, e quase que comum durante uma única cena ter 20 segundos que sejam de cada uma dessas 4, ao ponto que depois de ver os mesmos eventos várias vezes, foi comum achar essas músicas, mesmo que boas, insuportáveis.

Quando eu zerei os 6 anos da main story, eu entendi que o foco desse jogo nunca foi sobre ter a melhor gameplay da saga, mas sim, a melhor história. Tanto a história vivida pelo personagem principal, quanto a dos demais personagens do vale são simplesmente ótimas. Acontecimentos muitas vezes que simples se tornam emocionantes. Muito por que quase todos os personagens do jogo são bem desenvolvidos, mesmo que com poucas falas/cenas. Não só isso, mas todos eles conseguem tocar em assuntos pertinentes e de forma um tanto quanto delicadas. Foi comum em momentos considerados bestas eu me ver chorando (seja por tristeza ou alegria) por que a cena foi simplesmente ótima.

Particularmente eu me considero um grande fã de jogos de Fazenda no geral. A franquia Harvest Moon moldou muito o meu gosto por jogos e consequentemente, quando a chave virou para Story of Seasons e também começaram a surgir jogos inspirados nesta (como Stardew Valley e The Graveyard Keeper), meu interesse conseguiu crescer exponencialmente. E por mais que A Wonderful Life seja - talvez - o jogo da franquia mais elogiado, tanto pelos jogadores de longa data, quanto pelo próprio criador da série, pra mim ele é só Ok. Sim, eu amei as histórias. Personagens como a Nami, a Nina, o Garren/Gary, a Ruby/Lou e o Tim/Tei conseguiram me conquistar desde o começo até a ultima cena do jogo. A filha(o) do(a) protagonista é simplesmente apaixonante, desde a primeira fala dela(e), ao ponto que em vários momentos eu me senti na pele de um pai de verdade. Mas meio que fica por isso mesmo, já que, o maior calcanhar de Aquíles desse jogo está na sua gameplay, que é facilmente superada por jogos fracos da própria franquia (como The Tale of Two Towns, que está longe de ser um dos favoritos da fanbase e mesmo assim tem uma gameplay divertidíssima até hoje). No final o sentimento que tenho referente a Wonderful Life Remake é: Uma excelente história, com personagens incríveis, presos em um jogo medíocre que dura o dobro de tempo do que deveria...

Reviewed on Aug 31, 2023


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