Dawn of Sorrow foi o último Castlevania que me faltava para finalizar todos os jogos principais da saga.

Não é um jogo ruim, mas é um jogo um pouco estranho.

Eu gosto bastante de Aria of Sorrow, o jogo que veio antes desse, e por isso fui esperando algo no mesmo nível, ou melhor que o jogo do GBA. De fato, o DNA do que fez Aria tão especial está aqui, no entanto, é muito difícil ver esse jogo como sua versão superior mesmo com todas as melhorias possíveis por estar rodando em um sistema mais poderoso que o GBA.

Acho interessante começar pela história do jogo. Eu adoro a história do Aria por que, não só existe um mérito da equipe criativa ter se arriscado para fazer uma história em um período de tempo diferente do acostumado, mas também reinventar a trama de Castlevania. Aria revoluciona por criar essa ideia super interessante da guerra final contra Drácula em 1999, e não dar todas as informações de mãos beijadas para o jogador, guardando ainda vários segredos sobre esse emblemático evento. Eu pensei que mais sobre isso seria revelado aqui em Dawn of Sorrow, só que a equipe criativa foi por um caminho diferente que eu não gostei. Ao contrário de Aria que veio para expandir o universo, a história de Dawn é bem fechada e inconsequente, com seus vilões que parecem bonecos de desenho animado matutino. Nada aqui brilha ou parece ter importância, além de que essa nova arte animê é uma coisa que eu não consigo apreciar até hoje. Eu acho que essa mistura de narrativa + nova arte mexe na identidade Castlevania de uma forma que as coisas simplesmente não encaixam aqui. Portrait of Ruin é um jogo que ainda segue nesse mesmo estilo de arte, mas mesmo dessa forma ele acerta na identidade de uma forma que Dawn não consegue.

De jogabilidade, eu acho que eles aprimoram algumas coisas e fazem várias melhorias de qualidade de vida, mas não necessariamente tornam o jogo melhor que Aria com isso. O sistema de Souls, em que você ganha habilidades coletando as almas dos inimigos é legal, mas também problemático já que o drop rate dos monstros são baixos demais, e acho que isso impede o jogador de aproveitar ao máximo o potencial dessa mecânica. Algumas dessas almas são essenciais para se chegar ao final verdadeiro do jogo, o que eu não concordo. Para complementar esse sistema de almas tem o sistema de forja de armas utilizando essas mesmas almas, e com isso eu repito novamente o mesmo problema acima: o drop rate é baixo demais e você não consegue aproveitar esse sistema ao máximo. Dessa forma, ficar forte nesse jogo é bem chato.

O design do castelo também não me agrada muito, principalmente no começo do jogo em que todo lugar que você vai tem um caminho bloqueado, e isso se torna frustrante muito rápido. Também acho que em algumas áreas eles lotaram de inimigos a troco de nada, e somado ao fato de que alguns deles demoram bastante para morrer, torna algumas seções do mapa muito chatas de se atravessar. Uma coisa que tenho que elogiar é que os save point e pontos de teleport são até que generosos, estando bem perto dos chefes, e quanto a isso, não tenho problemas.

Sobre os chefes, acho que eles são desafiantes o suficiente, mas que acredito que tive sorte em pegar algumas almas que me ajudaram bastante em momentos chave. O chato dos chefes no entanto é essa mecânica de que você tem que desenhar um circulo mágico no DS da forma como o jogo te pede para conseguir derrotar eles; caso erre, o chefe volta com um restinho de vida para que você o derrote até a hora que acertar essa combinação. Isso distrai muito, é é quase como se o jogo fosse projetado para jogadores que possuem três mãos, tá ligado? Muito bobo e não acrescenta em nada, fora que em uns momentos de loucura e doideira, com aquela adrenalina correndo, você pode errar essa merda com facilidade, ainda mais nos chefes mais difíceis em que esses círculos vão ficando mais complicados de se fazer.

Para um primeiro título de DS eu acho bom o suficiente, ele criou a base para os jogos que vieram a seguir, mas quando comparado com esses mesmos jogos, Dawn é um jogo bem fraco, e sem muitas coisas que o destaque do resto.

Até o momento, esse é o último jogo na cronologia da série clássica de Castlevania, e como eu sou um nerdola que ama as historinhas dos jogos, me sinto um pouco desapontado com esse que tinha muitos pontos a explorar de Aria, mas que simplesmente não faz, deixando esse gosto um pouco amargo na boca.

Reviewed on Oct 31, 2022


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