Um dos meus amigos é um grande fã da Arkane e tem praticamente todos os jogos que fizeram (tirando o Redfall, mas mais porque é um 'exclusivo' da Xbox), de certa forma ele foi a minha introdução ao mundo dos ImSims. Eu já tinha jogado parte do Dishonored contudo o que me puxou a realmente considerar a sua potencialidade foi ele, depois também joguei parte do Prey que infelizmente não clicou para mim, não lhe faltava nada para além da minha vontade de tirar tempo para o compreender. Quando comecei o Deathloop senti aquele mesmo aborrecimento a aproximar-se, fui jogando cada vez menos ao longo do tempo e comecei a usá-lo como uma espécie de pausa entre outras coisas que estivesse a fazer, um 'palate cleanser', como os ingleses dizem. Não foi até eu decidir mudar toda a minha forma de jogar ao ir matar o Ramblin' Frank que eu me apercebi que eu sou muito, muito estúpido.

O Deathloop não é tão expansivo nas suas opções de abordar um nível como qualquer outro ImSim, ou até qualquer outro jogo da Arkane mas continua obviamente a ser 'alimentado' por esses conceitos. Eu guiei-me demasiado pelo o que jogo sugeria que eu fizesse que de certa forma me esqueci que isto é um JOGO e não um LIVRO. Eu comecei a experimentar novas rotas, novas formas de os matar, eu tinha tudo demasiado explícito e streamlined que me faltou aperceber que eu posso simplesmente divertir-me um pouco em vez de tentar correr ao encontro do final. Eu só usava o Shift e o Blink, e até esses usava de uma forma relativamente limitada, lenta e.... demasiado calculada. Não havia grande espontaneidade naquilo que fazia. O que mais recomendo ao jogar Deathloop é simplesmente não ter nenhum objetivo tracked: explorar os mapas ao teu passo e descobrir como queres fazer o que queres fazer é inteiramente melhor do que realmente seguir todas as dicas e ter a papinha feita no final, embora que o jogo realmente não é nada de outro mundo em questão de opções de chegar ao teu destino, apenas tens muitas espécies de sidequests para explorar em quase todos os cantos do mapa.

No fundo o Deathloop foi um jogo feito para quem tirava clips no Dishonored, ele foi desenhado quase com intenção de aperfeiçoares a forma como usas os poderes e não o tempo que demoras a chegar ao teu objetivo, os caminhos no Deathloop são infinitamente mais limitados do que no Dishonored ou até no Prey, o jogo subconscientemente força-te a aprender as posições dos inimigos, reações e a melhor forma de estrategizar o teu uso das Power Slabs (embora seja quase impossível não ter o Shift equipado). No fundo o Deathloop é um jogo onde o 'Boss' é o mapa inteiro, ou se quisermos ser poéticos, onde o maior inimigo é a rotina.

Sobre a história, é extremamente interessante, o twist é engraçado e a última cena tem um foreboding muito intenso, ele estabelece um ambiente pesado e inseguro e quase que capitaliza nisso até aparecer a maldita cutscene onde todos viram amigos e na verdade nem era assim tão mau. Se tirassem essa única cutscene, o final seria o melhor de sempre, não fui um grande fã do final ao estilo 'se calhar o loop foram os amigos que fizemos ao longo do caminho'. De resto é incrível, a lore é incrível e também gosto como apesar de tudo, as circunstâncias exatas do que se está a passar ainda são ligeiramente vagas, tu percebes o que se passou com o Colt, o que tudo isto implica, mas nunca te é dito, isso é muito bom.

Reviewed on May 12, 2024


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