3 reviews liked by bebela


Do ponto de vista técnico, é o melhor jogo da história, muito à frente de seu tempo. Do ponto de vista narrativo, não fica pra trás... Uma obra-prima, Rockstar Games no seu auge.

Um tributo aos meus cavalos
Pé de Pano I (esqueci de comprar o remédio)
Pé de Pano II (afogado)
Pé de Pano III (me abandonou contra um urso)


✝ R.I.P.

“O tempo não espera ninguém. Somos todos iguais em seu fluxo, cada vida rumo a um fim.”


Tenho sentimentos mistos com Persona 3: Reload. Ele não tem metade do charme, dinamismo, conteúdo e variedade de P5R. Comparação talvez injusta visto se tratar de um remake onde o original foi lançado há quase 20 anos, mas difícil não fazer quando compartilham uma proposta idêntica na mecânica de gameplay. Senti jogar a mesma coisa, só que uma versão lite.

Os personagens são apresentados de forma bem mais carismática no título de 2019, cada um com seu próprio arco de apresentação para depois ser inserido no grupo, aqui tudo parece apressado. Me conectar com o S.E.E.S. não foi tão fácil como os Phantom Thieves.

Cotidiano Escolar e os Social Links são pouco interessantes no começo, a maioria dos personagens que interagimos até metade do jogo são secundários e não participam do enredo principal. Muitas vezes parece aquele episódio filler de um anime que você gosta, mas pula sem medo de ser feliz. O mapa tem uma fração do tamanho, obviamente leva bem menos tempo visitar e conhecer tudo disponível, o calendário não é denso.

O Tártaro também não fica isento, tem boa variedade de inimigos, mas não tem jeito, conteúdo procedural sempre fica repetitivo e enjoativo. A opção de analisar fraqueza dos inimigos piora tudo, achei muito OP. Maioria das minhas idas eu passava uns 12, 15 andares de uma só vez e estava bem pra continuar, mas retornava pro entediante cotidiano porque não aguentava mais. Sei que poderia aumentar a dificuldade, mas não sou nenhum veterano da franquia, este é meu segundo, não achei que seria necessário.

Acho que faltou algo semelhante aos Palácios do 5. Eles dão aquele frescor pra dinâmica do joguinho sempre se manter fluída, divertida e empolgante. São neles o maior desenvolvimento de enredo e dos personagens, tanto heróis quanto os vilões... dando contexto pro Cotidiano Escolar se manter interessante e principalmente os Social Links, que são na maioria dos protagonistas. Sem eles, tudo aqui parece meio repetitivo e desconexo, a história se desenvolve muito pouco durante uns 2/3 do game. Você só pega algumas informações jogadas aqui e ali, como “faltam 8 boss pra você derrotar”.

Felizmente ele dá um estalo que melhora consideravelmente depois disso. A história passa a ser melhor explorada, os personagens ganham mais destaque, seu tom mais sério vem à tona e tudo fica mais emocionante. Seu final é lindo e daqueles que pausa nosso estado de espírito por um momento... A gente sempre pensa na Morte como algo distante, mas vez ou outra somos lembrados de forma cruel (ou não) que ela sempre nos rodeia. A vida, ela é única, finita e nosso futuro incerto. Senso de propósito nos molda para acreditar que fazemos valer tal dádiva. Alguns mais perdidos que outros, mas todos destinados ao mesmo fim imutável e irrefreável. Eu só levo conselhos de quem entende mais para saber aproveitá-la, pois é curta e daqui 100 anos todo mundo hoje vivo terá dado espaço pra outra geração ter sua oportunidade.

O destino de P3R é excelente, mas toda a viagem em si não se nivela. Um bom jogo, mas uma fraca continuação do 5, superior em praticamente todos os aspectos. Não me surpreende, o parâmetro era bem alto... consumo pouquíssimo produto asiático (Death Note conta?), e mesmo assim Persona 5: Royal é o game mais carismático que já joguei. Um 10/10 único e redondinho.

Eu dei boa nota para Hellblade II , você não... Não, nós não somos iguais.


Eu considero o primeiro um 10/10. Jogos indies têm liberdade pra arriscar algo fora do ordinário e às vezes dá muito certo. O gameplay é simples, o restante não. Senua é uma das personagens mais complexas e interessantes aí fora. Se aprofundar nos traumas e seu passado enquanto lidamos com a esquizofrenia é melancólico, perturbador e artisticamente impecável. Mas o que me fez apaixonar foi a imersão na mitologia nórdica. As pedras da Sabedoria, o trabalho audiovisual e as boss fights... NENHUM jogo faz melhor que ele nesse aspecto, só vi algo semelhante na série Vikings, aulas.

Falando da continuação, é o game mais bonito que já joguei. A qualidade técnica subiu e mantiveram muito do que o tornam único (nem tudo). Ainda assim vai desagradar muita gente. Brincadeiras à parte no começo do review, eu entendo e vou explicar:

A decisão criativa de deixar tudo cinematográfico combina perfeitamente com a franquia e é bem executado. Algo que me incomoda em games com a mesma proposta é aquele engessamento na transição gameplay-cinemática. Aqui tudo flui de forma muito natural e imperceptível, inclusive no combate. Fizeram algo bem absurdo, cada recorte é lindo e realmente lembra um filme de alto orçamento (não estou falando de Marvel, e sim algo com identidade: Denis Villeneuve, Christopher Nolan... CINEMA senhores).

Isso tem um preço. É mais linear, mais curto, tem menos combate, inimigos, momentos frenéticos... 80% você caminha, conversa ou simplesmente assiste o que o enredo propõe. A sensação é de estar no banco passageiro, não no volante. Isso incomoda? Me incomodou um pouco, mas por outras razões, particularmente não tenho problema com walking simulator se bem trabalhado, e a Ninja Theory sempre foi honesta pra onde iria com Senua’s Saga, achei ingenuidade da galera esperar coisa diferente.

Comparando, a trama de ambos funciona muito bem, mas prefiro do primeiro pois vemos o crescimento da protagonista enquanto trava batalhas mais intensas e pessoais contra seus próprios demônios e grandes deuses nórdicos (Surtr, Fenrir, Hela). E tem as Lorestones que traz grandes contos de Loki, Odin, Ragnarok... enquanto aqui temos basicamente a história de Grettir, o desinteressante fora-da-lei.

Os “puzzles” (podemos chamá-los disso?) se tornaram meio patéticos. Apesar de simples, eram criativos e tinham contexto antes, você resolvia enxergando o mundo por uma perspectiva diferente, resolvia como Senua enxergava o mundo. Além de ser uma sacada genial, era desafiador e satisfatório. Até voltaram com essa mecânica, mas te pegam pelas mãos e guiam direcionando sua câmera e deixando os pontos brilhantes. Você não precisa mais ver por outro ângulo, você pode até ser uma criança de 8 anos que consegue resolver kk.

Apesar de perder um pouco do charme, Hellblade 2 mantém a identidade da franquia e tem alma própria. Ideias criativas que funcionam e, apesar de curto, é uma grande experiência pra quem gostou do título de 2017. Fecha a developer não, tio Phil.