Parece que foi em outra vida que eu joguei The World Ends with You no meu Nintendo DS.
Eu me lembro das noites sem sono em que passava deitado jogando com fones de ouvido; de pegar o dicionário e às vezes correr no Google pra entender alguma sentença que não fez sentido pra mim (valeu, Minamimoto); de ficar ouvindo a trilha de novo e de novo. Especialmente, eu me lembro de ficar encantado pelos personagens, cores, arte desse jogo incrível. Mas eu não me lembrava da sensação, do motivo pelo qual esse jogo foi tão importante e marcante para mim.

Quando NEO: The World Ends with You foi anunciado, minha reação foi um "WTF? Por que agora? Sequer vale a pena reviver essa série depois de tanto tempo?". Eu não era mais o adolescente que se identificava tanto com aqueles personagens e seus dilemas. Então, a verdade é que eu não dei muita bola para esse anúncio. Até mesmo quando se aproximou do lançamento, eu ainda estava meio apático. Apesar de não estar tão empolgado, resolvi baixar a demo, joguei por uma meia hora, vi potencial. Acordar em Scramble Crossing de novo foi um pequeno baque nostálgico, mas apesar de tudo ser tão familiar, era também muito novo. Novas músicas, novos personagens, uma nova perspectiva. Eu não me senti tão confortável de cara. Talvez fosse o medo da mudança. Eu ainda estava com a grande dúvida: "Eu quero mesmo isso? Eu realmente preciso de um sequel pra este jogo?".

Acabei deixando a demo encostada por algumas semanas. Mas o jogo não saiu da minha cabeça mais. As possibilidades que ele representava... eu cheguei até mesmo a baixar a versão SOLO REMIX do primeiro jogo no meu tablet para rejogar um pouco e ver se algo mudava. E de fato foi mudando. Rejogar os primeiros capítulos de TWEWY me lembrou rapidamente do que tornava aquele jogo especial. Eu nem precisei ir tão longe, as lembranças foram voltando e as coisas foram fazendo mais sentido. Então chegando perto do lançamento do novo jogo, eu retomei a demo e joguei ela até o fim. E finalmente clicou. Decidi comprar.

NEO: TWEWY é um jogo incrível. Com um combate divertido, diverso e complexo, raramente me sinto cansado de só parar e lutar com um bando de inimigos pra passar um pouco o tempo. Você tem total liberdade para escolher as habilidades que seus personagens vão utilizar. Essas habilidades, que estão atreladas à pins que você pode dropar de inimigos ou comprar em lojas, variam de golpes corpo-a-corpo até atirar projéteis, arremessar veículos, arrastar inimigos, criar incêndios e muitas outras coisas malucas. A luta é intensa, você controla todos os seus personagens ao mesmo tempo e precisa se esquivar de ataques e projéteis enquanto cada botão do seu controle ativa uma habilidade. Inimigos variam de pequenos sapos que atacam lentamente até monstruosidades do tamanho da tela que fazem o jogo parecer um bullet hell.

O sistema de equipamentos do jogo também é super estranho e divertido. Seus personagens possuem alguns atributos básicos: HP, Atk, Def e Style. Seus pontos de Style servem para ativar habilidades das roupas que você equipa. E as roupas são... roupas. Uma camiseta, uma calça, um vestido, uma saia, um relógio, unhas postiças. Você entra numa loja e compra umas roupas maneiras e elas te dão atributos e habilidades. É isso. E qualquer personagem pode equipar qualquer roupa! Você pode até mesmo combinar roupas da mesma marca para ativar alguns efeitos extras.

A maneira que você evolui seus personagens também é muito curiosa. Você ganha experiência e passa de nível como em qualquer RPG, mas você só recebe HP quando passa de nível. Para melhorar seus atributos, você precisa se alimentar! Existem dezenas de estabelecimentos em Shibuya oferecendo diversos tipos de comida. Tudo que você pode imaginar. Hambúrgueres, cafés, smoothies, sucos, refrigerantes, lamens, curry, churrasco (churrasco brasileiro com direito a molho "vinaigrette"!), até mesmo jacaré grelhado eu encontrei! Cada alimento fornece um bônus diferente para os 4 atributos básicos e também uma quantidade de calorias. Você escolhe o alimento que cada integrante do seu grupo vai comer e então uma pequena barra de "cheio" é preenchida de acordo com as calorias consumidas. Para comer novamente, você precisa lutar contra inimigos para diminuir essa barra.

O jogo é recheado de coisas para se fazer: sidequests para completar, pins para colecionar e evoluir, comidas para experimentar, CDs de música para comprar e ouvir. Você pode optar por quatro dificuldades diferentes (sendo que a última só fica disponível após completar a main quest) e além de mudar o dano e HP dos inimigos, a dificuldade também afeta os itens que eles podem dropar. E para facilitar a nossa vida, o jogo permite que você salte para capítulos anteriores a qualquer momento, assim você pode ir atrás de algum pin que não pegou ou completar aquela sidequest que deixou passar batida!

Apesar de tantas maravilhas, minha impressão é que na reta final o jogo se arrasta um pouco, tanto no ritmo da história quanto no combate. Alguns inimigos ficam com muita vida e às vezes dá aquela sensação de "esponja". Alguns dos capítulos finais também te fazem andar muito de um lado pro outro sem uma justificativa muito boa. Mas nada disso diminui o brilho do jogo.

Foi bem antes do final que a ficha finalmente caiu pra mim. Eu QUERIA esse jogo. Eu queria MUITO MESMO. A sensação de andar novamente por essas ruas, com um novo grupo de amigos (e que grupo maravilhoso) é incomparável. Até agora, este foi um ano muito incrível para videogames para mim. E eu saio de NEO: The World Ends with You com ele no meu posto de GOTY. Ainda estamos no começo de setembro e tem muita coisa pra acontecer nos próximos meses, mas a menos que a Nintendo decida lançar BotW 2 de surpresa, eu acho impossível algum jogo me acertar tanto quanto esse joguinho aqui.

Reviewed on Sep 06, 2021


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