O melhor: Perceber que não era só nostalgia, esses jogos são realmente muito bons
O pior: O grind excessivo e pouco recompensador no pós-game
Quem sabe com a compra da Activision: Não resolvam lançar um Tony Hawk's Pro Skater 3+4

Depois de absolutos desastres que incluem jogos com periféricos, um remaster pior do que o original e uma sequência feita com 2 clips, fita crepe e chiclete mastigado, é bom ver um (último?) jogo do Toninho Gavião nesse nível de qualidade, mesmo que seja "apenas" uma recriação dos dois primeiros jogos da série. É uma série pela qual tenho muito carinho, e dá pra perceber que o pessoal da Vicarious Vision (RIP), compartilha do mesmo carinho por jogos da época, assim como mostraram nos remakes da trilogia Crash Bandicoot.

Visualmente é incrível rever aquelas fases de PS1 nesse nível de detalhe. E, mesmo com o avanço gráfico, o espírito arcade dos jogos é mantido, como dá pra ver no jeito que os veículos percorrem as fases. THPS sempre foi um jogo muito ágil, com uma jogabilidade mais próxima à um jogo de luta na execução de combos, por exemplo, e essa versão captura isso com perfeição. Elementos de jogos posteriores, como reverts ou executar várias manobras num mesmo grind, foram adicionados aqui e, apesar de tornarem os objetivos principais de cada fase bem mais fáceis, foi uma decisão muito acertada trazer esse refinamento na jogabilidade para aproveitar melhor, principalmente, os cenários do primeiro jogo.

Esses acréscimos na jogabilidade são melhores explorados nos desafios únicos dessa versão, objetivos específicos para cada personagem, fase ou modo de jogo. Esses desafios fazem parte de um sistema de progressão de level, que permite liberar opções de customização de personagem e novos itens para o modo Create-a-Park. Tendo jogado bastante, terminado ambos os jogos tanto com um personagem criado quanto com um Pro Skater, feito todos os desafios específicos destes, e também desbloqueado os personagens secretos, fiquei com um level pouco além do 50 (de 100). Para quem for complecionista, é uma longa jornada até o nível máximo, o problema é que não há muita recompensa nisso além de mais itens cosméticos. Não é como se o jogo carecesse de conteúdo, mas para exigir um grind tão grande acho que poderiam ter pensado em algo mais recompensador.

Um outro ponto que eu acho que poderia ter mais atenção, é que alguns aspectos não eram explicados muito bem nos jogos originais, e esse remake não faz um trabalho tão melhor nesse sentido. Apesar de ter um tutorial no início demonstrando cada tipo de manobra e demais conceitos, coisas importantes, como os Gaps (manobras utilizando pontos específicos) de cada fase, muitas vezes são bem obtusas. Sei que a ideia é ir descobrindo explorando o cenário, e isso é de fato bem legal, mas poderia ao menos ter uma descrição simples do que algo como "Nasty in the Pasty" significa, sem ter que recorrer à guias na internet.

Mas de todos os aspectos, talvez o mais importante, para mim, é sua trilha sonora. É fantástico que (quase) todas as músicas originais retornem e as novas adições, em sua maior parte, também são muito boas. THPS me apresentou várias músicas e bandas que ouço até hoje, essa parte do jogo representa muito da nostalgia que tenho por ele, então é ótimo ver como mantiveram isso nesse remake.

Um trabalho excelente da Vicarious Vision, e uma recomendação certeira tanto para fãs de longa data quanto para quem nunca jogou a série. É triste pensar que talvez os outros jogos não recebam o mesmo tratamento, mas conhecendo o histórico de altos e baixos de uma série já dada como "morta" por mais de uma vez, sempre dá pra ter um pouco de esperança. Se essa foi a despedida entretanto, foi em altíssimo nível.

Reviewed on Sep 10, 2023


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