Uma sequência ideal, que mantém a qualidade de seu antecessor, Judgment, mas que também melhora em diversos aspectos se comparado ao já excelente primeiro jogo.

Lançado em 2021, Lost Judgment é o jogo mais novo da RGG (se não contarmos o Like a Dragon Isshin Kiwami e o Super Monkey Ball Banana Mania, que são remakes) e ele se passa nas cidades de Kamurocho, a queridinha da franquia que apareceu em todos os jogos até hoje, sejam eles Yakuza ou Judgment, mas também temos o retorno de Ijincho, que estreou no Yakuza Like a Dragon.

Jogamos novamente a história de Takayuki Yagami, um ex advogado, agora detetive, que dessa vez se envolveu em uma situação peculiar: a onda de bullying que a escola Seiryo High está passando. Acompanhado de seu sidekick Kaito e também de Sugiura e Tsukumo, eles precisam parar com essas ações dos estudantes e investigar o que está acontecendo naquele colégio, que guarda histórias e casos muito mais sombrios do que esperados anteriormente.

A história é, na minha opinião, a mais complexa que a RGG já fez até hoje, com todos os acontecimentos tendo diversas camadas, múltiplos motivos para eles terem ocorrido e um envolvimento tanto com algo que aconteceu no passado quanto com algo que poderá vir a acontecer no futuro. Portanto, a escrita desse jogo é extremamente sagaz, mostrando coisas que podem não fazer sentido no momento, mas que depois de vermos cena x, conhecermos personagem y ou vermos o passado de personagem z, começam a se interligar na grande teia que é a história de Lost Judgment.

Os personagens desse jogo são fenomenais, com ele tendo possivelmente o melhor cast de um jogo só até hoje da franquia, pra mim tendo como competidores apenas Yakuza 0, Yakuza 6 e o seu antecessor, Judgment. Além disso, os plot twists envolvendo esses personagens são todos muito perspicazes, fazendo você chegar na metade do jogo sem qualquer ideia de quem é bom, quem é mau e sequer de quem você realmente está enfrentando. Gostaria de dar destaque para alguns, sem dar qualquer tipo de spoiler, com eles sendo Soma, Sawa e, principalmente, Kuwana. Para mim, todos eles são no mínimo top 25 da RGG. Entretanto, não só de personagens novos vive esse jogo, já que uma parte relevante dos personagens que aparecem com destaque no primeiro jogo voltam a ser importantes aqui, com alguns deles tendo inclusive uma relevância ainda maior (o maior exemplo obviamente é o Tsukumo, indo apenas de um amigo e ajudante do Yagami no primeiro jogo para um dos personagens mais importantes no LJ). E não se preocupem, o Yagami continua sendo um protagonista fantástico, tendo ganhado ainda mais meu apreço depois de jogar esse jogo.

O combate é algo bizarro, fácil o melhor que eu já experimentei em um videogame. Portanto, é de se imaginar a quantidade de detalhes e nuances que a gameplay desse jogo tem, com ele conseguindo arrumar um dos problemas de seu antecessor, que era o do estilo Tiger ser muito mais forte que o Crane. Enquanto isso, no Lost Judgment, todos os 4 estilos (Crane, Tiger, Snake e o de DLC, Boxer) são totalmente viáveis e devem ser usados a todo momento, pois o jogo incentiva o jogador a ficar o tempo todo alternando entre eles, dando juggle nos oponentes e tornando possíveis combos enormes. As Secret Arts de cada estilo ajudam demais também, com cada uma dela dando um benefício que, no último nível do upgrade, funcionam em qualquer tipo de combate que você esteja. A do Crane aumenta a velocidade de ataque, a do Tiger aumenta o dano causado, a do Snake te dá superarmor, deixando o Yagami praticamente colado no chão, sem cair por nada, e a do Boxer aumenta a EX Gauge depois de você fazer um counter. Todas essas skills devem ser aproveitadas e abusadas. Porém, eu tenho algo a reclamar do combate, que são os quick time events. Não só eles foram extremamente reduzidos, tendo apenas uns 4 ou 5 no decorrer da campanha inteira, mas a mudança de um botão para múltiplos, ao meu ver, não foi um acerto. A tensão de apertar um botão rapidamente para evitar uma catástrofe é bem maior do que a de ver a ação desacelerar e ter que apertar 2 ou mais botões em sequência para ver o resto do combate. Só que isso acaba sendo balanceado por mais Dynamic Intros excelentes e Action Sequences cada vez melhores, que não superam as do primeiro jogo para mim mas se aproximam demais disso.

A quest secundária nesse jogo são as School Stories, que se passam dentro da Seiryo High, escola que tem uma importância grande na lore. Nela, o Yagami vira o conselheiro do clube de Pesquisa de Mistérios (MRC é a sigla usada no jogo), onde a líder do clube, Amasawa, está a procura do Professor, uma figura que, pelo seu site obscuro, ajuda diversos alunos a fazerem coisas que eles não deveriam, como machucarem colegas, roubarem dinheiro ou até mesmo conseguirem empregos como sugar babies. Logo, a Amasawa pede para o Yagami usar os seus talentos de detetive para se infiltrar em 9 outros clubes da escola, a procura de qualquer pista possível que os leve a esse tal Professor. Então, ao entrar nesses clubes, temos uma gama enorme de minigames para explorar, como por exemplo danças, batalhas de robôs, corridas de moto e até mesmo partidas de Virtua Fighter. Devo dizer que o plot final dessa história me deixou bem boquiaberto, quanto mais eu ia eliminando as possibilidades e me aproximando de quem realmente poderia ser a Mastermind por trás de tudo, mais eu percebia como a escrita desse jogo é fenomenal.

O jogo tem um começo mais devagar, sou obrigado a admitir, mas ele mais que compensa por isso com os capítulos seguintes, que a partir de um em específico, o jogo só acelera e não para mais, crescendo, crescendo, crescendo e crescendo, com o seu plot tenso e que causa nervosismo no player ao aguardar o que pode acontecer nos próximos minutos.

Eu joguei Lost Judgment esperando um jogo fantástico, considerando que eu só ouvia elogios sobre esse título, mas ainda assim eu consegui sair surpreendido, parabéns Ryu Ga Gotoku studios, vocês conseguiram de novo.

Reviewed on Oct 06, 2023


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