A franquia Danganronpa não é a mais bem vista no mundo dos videogames, muito pelo contrário, ela tem uma fama terrível que pode ser justificada por fatores como os seus personagens “curiosos”, para dizer o mínimo, e algumas storylines de qualidade questionável ou inferior. No entanto, é inegável que os jogos dirigidos por Kazutaka Kodaka foram um marco para os Murder Mysteries e que acabaram sendo um ponto importante no desenvolvimento da indústria como um todo.

O jogo lançado em 2010 é, sem sombra de dúvidas, uma obra bastante polêmica e que divide muito as opiniões do público, mas enquanto muitos o consideram um produto de qualidade bem baixa e alguns guerreiros ainda lutam para mostrar que o jogo é sim muito bom, eu acabo me encontrando no meio-termo. Sim, ele possui qualidades que devem ser ressaltadas, porém são tantos problemas impossíveis de ignorar que acaba sendo difícil comentar algo positivo do jogo sem ter que citar algo ruim logo em seguida.

Para começar citando suas qualidades temos que falar do óbvio: sua temática é muito interessante. 16 “Ultimates” se envolvendo em um killing game dentro de um colégio é algo que dificilmente não será atrativo para um jovem, ainda mais levando em conta os visuais interessantes que os personagens possuem. Além disso, os class trials são outra ideia certeira, sendo feitos inteiramente com voice acting e com um desenvolvimento narrativo que geralmente permite ao player ir descobrindo naturalmente o que ocorreu de fato no crime. Dificilmente um jogador entrará no trial sabendo perfeitamente o que ocorreu e dificilmente ele sairá do trial perdido, tudo acaba acontecendo de forma bem intuitiva e tranquila de se acompanhar e se interessar.

Entretanto, é de se apontar que a maioria das qualidades dessa obra acaba ficando na questão do que ela poderia ser e não no que ela é de fato. Sim, os personagens são interessantes e com visuais atrativos, mas a maioria deles acaba tendo pouco ou nenhum desenvolvimento, tornando difícil sentir alguma coisa quando eles vão inevitavelmente morrendo. Adicionando, os class trials são sim uma ideia genial, mas que só seria feita de uma forma digna mesmo nos jogos seguintes, pois os daqui acabam infelizmente se resumindo em “2 personagens já sabem tudo que aconteceu, mas não estão interessados em contribuir com o debate, o resto inteiro do cast não tem capacidade cognitiva o suficiente para unir X com Y e o player acaba resolvendo tudo sozinho”.

Então sim, apesar das ideias muito inovadoras e intrigantes, uma trilha sonora estupenda e um potencial enorme, Danganronpa: Trigger Happy Havoc falha em alcançar o seu verdadeiro potencial e acaba se encontrando no fundo do poço da mediocridade, junto de diversas outras obras que prometiam muito, mas que acabam vivendo apenas de ideias.

Reviewed on Jun 27, 2024


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