"Brilha, brilha, estrelinha"

Eu não tive muito contato com o original, joguei ele, o segundo e um de celular quando era criança, então nem lembro de muita coisa. Por conta disso, o remake acabou me surpreendendo bastante, a ambientação é o ponto mais maneiro, o sentimento de desolação de estar preso em um lugar à deriva no espaço é muito foda, e o design de som impressionante contribui pra uma atmosfera bem tensa. O jogo em si não é dos mais assustadores, pra ser sincero, ele não dá "medo" exatamente, mas consegue te deixar apreensivo em vários momentos, e o sistema de gerar sustos aleatoriamente adiciona uma certa imprevisibilidade à gameplay, ainda que fique bem manjado com o passar do tempo.

A gameplay é uma delícia, bem mais próxima ao 2 do que ao 1 e é extremamente fluída, só de poder correr enquanto mira diferente de outros survival horror já é uma puta evolução. Os únicos momentos em que ela realmente fica devendo são em trechos scriptados, onde o Isaac é puxado por um tentáculo e os controles são horríveis. Fora isso, até nos momentos de gravidade zero, é fácil de controlar, e nesses momentos, a experiência sonora de estar no espaço é imersiva pra cacete. Algo que falta muito nos jogos atuais é o uso da física, e esse jogo usa isso muito bem, basicamente tudo tem física e interação, você até consegue prender os inimigos na parede arremessando objetos pontudos.

A história não traz nenhum elemento realmente novo, mas reinventa bem os que já existem. O culto dos unitologistas, a inserção dos alienígenas, a forma de contaminação dos necromorfos e até o plot twist do final são um baita refresco pras genéricas histórias de invasão alienígena no espaço, a adição de uma voz e personalidade ao Isaac também fazem com que você se importe bem mais com ele. A ausência de cutscenes é outro elemento maneiro já que você acompanha tudo pela perspectiva dele em tempo real e diferente de outros personagens por aí, ele não é só um mero espectador, ele conversa, faz perguntas, dá ordens e realmente demonstra sentimentos durante o gameplay.

Os gráficos desse jogo são absurdos. Quando anunciaram o remake, eu não achava que tinha necessidade, mas comparando os dois, realmente já tava na hora. O sistema de iluminação e sombreamento é impecável, a modelagem dos rostos, o detalhamento de cenário e até o peeling system, com cada camada do corpo do necromorfo sendo bem feita, é do caralho. Um dos efeitos mais fodas é usar a force gun e ver o inimigo inteiro tendo a pele arrancada do corpo. O HUD continua brilhante como sempre, totalmente limpo e implementado na gameplay. O jogo também tem uma parada bem maneira onde ele usa o SSD para carregar o último save assim que você abre, então só de dar play no menu, ele já continua de onde você parou.

Infelizmente, o jogo não está isento de problemas. Acredito que ele se estenda demais, principalmente na reta final, onde o terror acaba totalmente e você só fica matando uma chuva de inimigos pra daí enfrentar uma parede de carne como último chefe. Outro defeito é que, apesar de eu não ter tido muitos problemas de performance além do stuttering insuportável da Unreal Engine, o último capítulo tem framedrop direto, e o jogo até crashou na última cutscene, me obrigando a reenfrentar todos os inimigos de novo.

Outra falha, pessoalmente falando, é o sistema de missões. Tanto as principais quanto as secundárias têm uma estrutura bem sétima geração: interagir com tal coisa, mover tal coisa, conversar com tal pessoa, pegar tal cartão, isso não envelheceu bem e não melhorou muito. Algo que não entendi também é o drop de munição dos inimigos, o jogo simplesmente não me dava munição das primeiras armas, só das últimas, facilitando pra caralho, já que eu tinha munição de arma roubada o tempo todo.

Apesar dos problemas, é um ótimo remake e um ótimo survival horror, eu paguei baratinho também então nem tenho muito a criticar.

Reviewed on Jun 24, 2024


1 Comment


3 days ago

to quereno mt jogar este