quando mais jovem eu acreditava fielmente no conceito do 'jogo de escalada', uma espécie de Shadow of the Colossus sem bicho, onde a graça do jogo taria justamente nessa mecânica. na epoca, jogos onde você escalava (fossem bichos ou espaços) era tão limitados que parecia uma boa ideia, ótima até.

jogando Jusant, eu percebo que talvez a falha desse conceito tava justamente na escalada como a ~única coisa~. porque sim, escalar as centenas de pedrinhas, se pendurar em cordas e resolver puzzles de cenário é um conceito interessante, mas que tambem é difícil de se executar. a prova disso, pelo menos pra mim, é que jusant tem menos de cinco horas de duração, e nessas horas eu posso contar nos dedos as pedrinhas e puzzles de cenário que me afetaram.

olhando pra trás, faz sentido. muito do que era gostoso em Shadow Of The Colossus era o mistério ainda não resolvido de seus cenários. tá aqui também, (de um jeito menos interessante) em mensagens antigas, papiros jogados, e cenários capazes de contar histórias inteiras através de flashbacks sonoros. através da sensação de que naquele mundo, algo falta.

eu queria que Jusant tivesse menos palavra, e queria que durasse ainda menos, e queria que seu foco estivesse puramente em seus cenários. que as cartinhas não existissem. o quão legal seria perceber seus plot twists de forma mais orgânica, enquanto se presta atenção nos gráficos lindos desse lugar imenso? mas um jogo em 2023 é um jogo de 2023, com seus QOL, mas também com os vícios de linguagem do meio. talvez no passado, uma obra dessas não se explicaria tanto.

[um jogo que desorganiza meus pensamentos e que me faz querer mais e menos dele ao mesmo tempo. vai entender.]

Reviewed on Mar 21, 2024


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