Aproveitando que o mote principal de RE7 é retorno, acho importante voltar para o contexto em que esse jogo é concebido. Antes de 2017, a Capcom estava em uma maré de más decisões e jogos ruins ou medíocres que fizeram que ela perdesse a credibilidade que ela teve até aquele momento, o lançamento desastroso de SFv em 2015, a catástrofe de critica que foi RE6 e os problemas de com a comunidade de Devil May Cry antes, durante e após a produção de DMC Devil May Cry, e com esse desgaste a desconfiança do que poderia ser um Resident Evil 7 dentro da (até então) nova geração era evidente. Ai tem o trailer de anuncio em 2016, é a putaria legalizada, estado de sitio, xandão preso, o mundo desabou, muitos felizes com um novo titulo e muitos céticos (principalmente por ser em primeira pessoa)

E é engraçado pensar nisso hoje (e agora que terminei o jogo) porque o 7 tinha uma enorme carga nas costas de não ser apenas um bom jogo, mas de ser um ponto de virada pra Capcom. Mas como fazer isso, como revitalizar, chamar a atenção? Bem, na época era comum jogos de terror/survivor horror em primeira pessoa e eles faziam bastante sucesso, Outlast e Amnesia são exemplos, e Resident Evil pega pra si a perspectiva em primeira pessoa como ato transgressivo a serie e aos fãs (não que RE7 e esses jogos sejam comparáveis inclusive acho idiota, mas esses jogos são expoentes de uma febre que teve dentro do desenvolvimento de jogs desse gênero).

No caso, RE7 usa a primeira pessoa tanto pra contar uma historia diferente, pra se distanciar dos erros do passado, mas, e ai vem o pulo do gato, ele busca trazer uma nova perspectiva para a formula antiga da serie. Esse jogo tem muitos elementos remanescentes da trilogia original e que particularmente me fizeram me apaixonar por esse jogo (nunca terminei um original) mas perceber o que eles estavam fazendo aqui e com a historia que eles queriam contar, foi muito foda, de verdade.

Fora que é um jogo super bem humorado visto que ele trabalha com as ideias de filmes slasher tanto em conceito e execução, com referencias mais diretas com a Evil Dead por exemplo, até as mais discretas com o setting do mapa semelhante a Massacre da Serra Elétrica, a primeira parte desse jogo é um primor, é terror e horror, medo e desespero, humor e piadas. Mas como estamos falando de um Resident Evil, é esperado que seja um jogo inconsistente em algum momento, e no caso do 7, a segunda metade se apoia em seu combate principalmente e isso é um erro pra mim, já que por ser um jogo mais cadenciado e pesado, o gunplay não ser a coisa mais agradável do mundo tornam essa segunda metade o seu martírio.

Mas hey, é um puta jogo apesar do final ser um grande estande de tiro, e é lindo ver como ele é um marco pra capcom que após dele tem se mostrado uma desenvolvedora muito daora de se acompanhar e assim como RE4 é um momento de virada pra historia dela. E admito que eu era um dos céticos a esse jogo, fui o cara que jogou e dropou no lançamento, fiz questão de odiar, e é aquela coisa, as pessoas mudam, amadurecem e hoje eu percebo que eu só era idiota em não aceitar mudanças.

RE7 é um puta jogo e merece a sua atenção e seu carinho.

Reviewed on Aug 20, 2023


1 Comment


10 months ago

"Ai tem o trailer de anuncio em 2016, é a putaria legalizada, estado de sitio, xandão preso, o mundo desabou, muitos felizes com um novo titulo e muitos céticos (principalmente por ser em primeira pessoa)" esse trecho me pegou muito. Lembro de mandar o link da transmissão da E3, ainda rolando, pra um amigo meu que não falava tem um tempo por causa disso. A gente felizão como aquele áudio mesmo do "FOI CONFIRMADA A FRAUDE" ou "o Brasil entrou em estado de sítio....LEVANTEMO A BUNDA DA CADEIRA" , ele falando que tava morrendo de medo assistindo o negócio sem saber o que era e caiu a ficha que ele tava sentindo medo com algo de resident evil em MUITOS anos. Foi um momento mágico mesmo.