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28h 35m

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10 days

Last played

April 14, 2024

First played

February 8, 2024

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Por muitos anos em que me ecoou constantemente através do boca a boca sobre a sua influência e como foi um quase um evento histórico que horrorizou a sociedade e definiu um gênero, depois de finalmente jogar, só é possível afirmar:

DOOM precede todas suas reputações.

Doom não só mudou a forma como se desenvolvia jogos, ele mostrou como se DEVE fazer jogos.

A sua arquitetura de programação compacta, simples e básica foram capazes de criar um dos mais originais cenários de jogabilidade e um dos softwares mais funcionais da história da computação. Doom roda em tudo, de uma batata á um teste de gravidez eletrônico, e isso tendo sido intencional ou não pela Id Software, eles deram um dos maiores saltos adiante da democratização dos videogames da sua época.

A sua jogabilidade é a coisa mais visceral possível dentro de qualquer realidade virtual, cometer uma carnificina é uma das coisas mais satisfatórias que o jogo tem a oferecer.
E com um bom set de armas, um mapa e sede de sangue. Você não precisa de mais nada pra aproveitar Doom e contemplar a beleza da sua arte, com suas animações em sprites muito bem feitas e até satisfatórias de se contemplar (não tanto quanto DOOM 64) e os seus gráficos que são extremamente convidativos até mesmo pros dias de hoje em razão de uma arquitetura e uma direção de arte assertiva que são homogêneas a concepção do que entendemos como "video game" até os tempos atuais.

Não é exagero dizer que John Romero, Sandy Petersen, Dave Taylor, e Adrian e John Carmack criaram quase uma obra prima...

E sim...

Eu disse "quase"...

Por que quem criou mesmo foi Bobby Prince com sua trilha sonora.
Que tirou leite de pedra de um chip sonoro de um DOS e transformou num disco de platina.

A música de Doom, como em todo bom jogo, determina o seu tom e cria a sua atmosfera. E é sem dúvida que Doom não seria metade do que foi sem a sua trilha sonora, e os ports de Atari Jaguar e SEGA Saturn estão aí pra comprovar isso, com ela sendo tudo que o jogo precisa que ela seja: pesada, agressiva, as vezes meio ambivertida mas sempre estimulante e brutal.

Não é por acaso At Doom's Gate é reconhecida por qualquer um, até mesmo por quem nunca encostou num teclado pra jogar Doom antes, e se tornou o tema oficial do jogo o não oficial do rage na internet.

The Ultimate Doom é a versão definitiva do jogo e é divida em 4 episódios, todos eles tem a sua excepcionalidade e suas características únicas, como se cada um tivesse sido feito de uma forma diferente do outro, ou dirigido e programado por pessoas diferentes. E esse é o caso.

"Knee-Deep In The Dead" é o shareware original de Doom, estimado ter sido jogado por mais de 15 milhões de pessoas, é fortemente caracterizado pelo seu level design compacto e confortável, com um combate rápido e ágil e uma continuidade bem fluida. Todas as grandes qualidades de DOOM estão aqui e é a porta de entrada definitiva para esse inferno.

"The Shores of Hell" é talvez o episódio onde eu senti que o jogo mais pecou, não por ser ruim, mas pela complexidade das fases e de algumas mecânicas, que até são interesses e trazem algo á mesa, mas que são excessivas quase chegando a ser pedante. Mas o episódio se redime no E2M6 Halls of the Damned que brilha e entrega a melhor fase do jogo inteiro, num lapso quase momentâneo de genialidade de Sandy Petersen na programação.

"Inferno" é definitivamente o melhor episódio de Doom. Vai na contra mão de tudo do seu antecessor, com uma grande ampliação no combate, intensificando e o tornando muito mais visceral e variado, assim como trazendo de volta o level design mais compacto do primeiro episódio.

"Thy Flesh Consumed", é o episódio exclusivo de The Ultimate Doom sendo a síntese de todos os episódios anteriores em todos os seus melhores aspectos: level design compacto e confortável, mecânicas e dinâmicas bem dosadas e um combate visceral cada vez mais intenso! Seu único crime ? Reciclar a trilha sonora de Bobby Prince, uma blasfêmia, eu sei, e por isso perde meia estrela. Sem dó.
Mas é de longe o mais completo dos episódios da expansão por juntar o que tem de melhor nos três segmentos originais, e encerra bem o jogo.


Doom é pra mim o maior jogo de vanguarda da história da indústria e a sua importância é imensurável.
O que foi um shareware distribuído de mão em mão pelas universidades da época alterou permanentemente a forma de como se faz videogames, e ainda hoje o peso da mão de DOOM é sentida em cada influência de cada shooter, fps e shoot em' up concebido.

E a sua transgressão que horrorizou a sociedade da época, causando a histeria dos fundamentalistas cristãos televangelistas e a fúria dos conservadores da política contra o "Mass Murder Simulator" como ele era conhecido, é o tipo de violação de preceitos e paradigmas morais que os jogos antigamente tinham o CULHÃO de fazer, e que cada vez mais se faz necessário resgatar diante desses jogos cada vez mais castrados e domesticados pela indústria de hoje.


Essa review é parte da minha review de DOOM Classic Complete para Playstation 3.