Kamurocho é como um organismo vivo, em constante metamorfose e mutação. Seus estranhos ângulos fixos de câmera transmitem apenas o que a cidade quer que você veja, e não mais que isso. Dinheiro, sonhos, luxúria, sucesso, tudo isso oculta as verdadeiras raízes que espreitam em cada beco - criminosos presentes em cada canto da cidade - perfeitamente capturados pelo sistema super orgânico de encontro com inimigos. A experiência toda é assim, desconstruindo a percepção do jogador sobre tudo o que ele (acha) entender. Haruka, o Purgatório, Yumi, cada instância da narrativa perfeitamente sintetiza o que se esconde detrás de toda essa energia sedutora que permeia pelas ruas.

O combate perfeitamente captura Kiryu como um personagem e o momento que ele se encontra na narrativa. Após um hiato de 10 anos, seus movimentos são duros e imprecisos, como se ele estivesse lutando contra seu próprio instinto de violência. As heat actions são uma forma incrível de difundir ambos arcade/cinematic design de uma forma que incentive o player a interagir com cada hazard presente no cenário, que faz o combate muito único dentro da própria franquia. É eletrizante.

Yakuza é um conto sobre corrupção, marginalidade, conspirações na mesma medida que é sobre amor, compaixão e viver. Os sussurros melodramáticos das ruas com suas mundanas substories demonstram isso. Por trás de toda essa sujeira, existe algo lindo, a força de vontade das pessoas de lutar pelo que importa.

To Live Is Not To Run Away

Reviewed on Jun 30, 2024


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