Inicialmente, eu acho que Metal Gear funciona muito mais sendo linear, agrega mais para o storytelling, e o estilo de narrativa do Kojima para Metal Gear é mais eficiente sendo mais direto.
Esse jogo tem disparado a melhor gameplay de Metal Gear, o level design é muito bom, é bizarro como apenas das posições dos inimigos serem diferentes, ou a existência de uma limitação ou outra, faz mudar COMPLETAMENTE a execução do jogador, ele se renova muito bem na variedade. Suas mecânicas adicionadas são muito boas, o modo reflexo balanceia bem com a quantidade de inimigos e complexidade das bases, e o sistema da Mother Base e Fulton é bem mais divertido do que no Peace Walker. E as próprias mecânicas clássicas da franquia tem uma execução sem igual aqui, todas as maneiras criativas de realizar a missão, separando os inimigos, usando barulhos, decoys, ameaçando/tirando informações, ou apenas ignorando a todos, cada maneira se difere o suficiente para tornar uma experiência única. Em narrativa, de fato eu acho que Metal Gear funciona melhor na linearidade, mas na gameplay, isso aqui foi o ápice do stealth, uma junção perfeita com o mundo aberto.
Sua temática principal é sobre idiomas e a importância das palavras, o medo de perder sua língua nativa, e toda a importância cultural disso. É muito bem expressado com o Skull, com seus traumas e objetivos, e a Quiet, com uma linda exploração do silêncio e impacto das palavras.
A direção do Kojima nesse jogo oscila entre momentos excepcionais e momentos falhos, o prólogo (que é linear) tem uma execução perfeita, daria para eu fazer um paragrafo unicamente comentando das qualidades de direção, o impacto com o coma, o foreshadow, a ótima mescla do realismo e irrealismo (que em direção lembra a introdução do psycho mantis no primeiro jogo), e seu fim, abrindo o maior hype existente ao ver o Ocelot junto ao Snake como aliados.
Apesar de eu detestar a existência do Emmerich, a exploração dele aqui foi MUITO melhor do que no Peace Walker, acompanhar todas suas hipocrisias e mentiras, como ele critica a base mas comete os mesmos erros. O Ocelot se carrega no carisma e estilo, infelizmente me decepcionou nas interações com o Snake, mas gera um bom contraste com o Kaz, quase como "um anjinho e demônio", de lados opostos para a mesma decisão na Mother Base. E o Venom Snake... bom, o Kojima tem um propósito, eu não sei avaliar os problemas disso.
Um destaque especifico para a missão 43, a mensagem de violência sempre foi tratada na franquia, mas sua execução aqui foi marcante, além do paralelo com o começo do jogo, é impactante demais...
O final verdadeiro desse jogo é genial, o Kojima é provavelmente o diretor mais audacioso que já vi na indústria de jogos, eu fiquei desacreditado com tamanha decisão, além dela ser extremamente pensada nos detalhes. Não só a direção para a cena é incrível, como é muito inteligente a forma que ela se liga a "The Man Who Sold the World" do David Bowie, até nos detalhes de cover. Essa conclusão abre uma profundidade tão grande para o Big Boss, seus propósitos e sua hipocrisia.
O jogo de fato tem MUITOS problemas, certos plots não concluídos, missões repetidas no segundo capítulo, falta de exploração para certas ligações com o primeiro jogo (sim, há algumas, mas poderiam ir além), carisma do Venom Snake, mas ainda sim ele se sustenta muito, tendo a melhor gameplay stealth que já vi, coesa perfeitamente com seu mundo aberto, e com ótimas idéias narrativas, audaciosas e profundas, principalmente em sua temática e seu desenvolvimento para o Big Boss.

Reviewed on Jul 22, 2023


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