Reviews from

in the past


Uma maneira boa de resumir o Film Twitter é a seguinte: imagina um grupo de pessoas trocando umas mensagens, na realidade uns vereditos apriorísticos, sobre a última capa dos Cahiers, ou da Sight & Sound, ou da Cinema Scope (ou do Mubi, DocLisboa, Cinéma du Réel etc. etc.); ou do último filme de franquia bombadão de estúdio realizado por "autor", ou do último filme independente bombadão de pronta-entrega para festival internacional realizado por "autor", coisa que basicamente toda a cinefilia - sua paródia ou o seu simulacro, tanto faz - faz hoje.

Só que imagina que essa troca de mensagens se dá entre a Nina Lemos, o Chico Barney e o Casimiro.

Pronto: isso é o Film Twitter. E apesar da minha ojeriza absoluta pela sua figura, pelas suas opiniões e pelas suas realizações, eu lamento muito que a compra do Twitter pelo Elon Musk não vai realmente resultar em um fim do Film Twitter, assim como lamento que os macacos de auditório do Twitter que repudiam tão veementemente essa compra nem se darão conta de que ela foi simplesmente a coisa mais lógica que já aconteceu na história do mundo, de que o Twitter foi feito para o Elon Musk e vice-versa, e que a distância entre esses macacos de auditório - o que fazem e como fazem, o que pensam e como pensam, o que dizem e como dizem, o que acham e como acham -, o Elon Musk e gente que venera o Elon Musk (Monark, MBL, Joe Rogan, todo e qualquer cultor descabeçado do ultraneoliberalismo) é muito menor do que imaginam.