Dark Souls é meu jogo favorito. A minha relação com os outros “Souls” da FromSoft não cabe aqui, mas o que importa é: eu nunca fui fã de Dark Souls II, e resolvi dar outra chance nesse fim de ano.

Não é segredo que a discussão online sobre Souls foi tomada pelo pior tipo de gamer. Vai desde os retrogamers gatekeepers, passa pelos devotos ao suposto “level design”, até a galera obcecada pela suposta “profundidade” dos action games. Dark Souls II vai sempre carregar o fardo de ser a sequência de um dos jogos mais relevantes de todos os tempos, sempre foi e sempre será impossível atender e/ou superar expectativas do legado de uma obra seminal.

“Dark Souls II é um bom jogo, só não é um bom Dark Souls” é um take repetido a rodo por aí, e eu acho fascinante como isso realmente se aplica. Não por ser verdade, mas sobretudo por evidenciar como as pessoas tem dificuldade de se moldar pra assimilar sensibilidades novas. Dark Souls é um jogo que mudou a indústria pra sempre, e parte do motivo é que mostrou outra forma de aproveitar videogames ou, pra pessoas como os retrogamers que eu citei ali, ressuscitou uma forma de aproveitar e pensar videogames.

A gente vê um monte de gente dizendo que pra jogar Dark Souls você precisa “se acostumar” ou “mudar o mindset”, tem que “entender o jogo”. Eu não necessariamente discordo disso, mas acho que é uma regra que deveria ser aplicada pra qualquer tipo de videogame, quiçá pra qualquer obra midiática em geral. Não tem como aproveitar todos os jogos do mundo com a mesma mentalidade. Arte não é só subjetiva porque pro amigo A Dark Souls é bom e pro amigo B Dark Souls é ruim, arte é subjetiva porque você não joga Dark Souls e avalia ele com a mesma mentalidade que você joga e avalia The Last of Us.

O que eu quero dizer é: Dark Souls 2 não é Dark Souls 1. De forma similar a como a trilogia prequel de Star Wars -apesar de serem três filmes da franquia Star Wars- não é a trilogia original. Iterações do mesmo conceito para experimentarem com sensibilidades diferentes. Eu sempre ouvi do “combate ruim”, das “áreas não fazerem sentido geograficamente”, de ter “bosses demais”, mas ninguém nunca me disse que era um jogo sobre as raízes do dungeon crawler (especificamente Kings’s Field), e que o combate “Souls” é só a roupagem pra construir uma puta jornada épica de dezenas de áreas diferentes, com segredos a cada esquina, que aposta em builds diversas mais do que qualquer outro jogo da From, que recompensa exploração com bosses secretos e sabores gostosos pro combate… por aí vai.

Dark Souls II é lindo, é um jogo que sacrifica a coesão geométrica pra te entregar momentos fantásticos. É ficção, sobre acreditar na fantasia e permitir que ela te proporcione as melhores horas da sua vida num mundinho virtual. É indescritível a alegria que eu sinto por depois de anos negligenciando esse jogo, descobrir que ele sempre esteve ali pra mim. A sequência do meu jogo favorito é grande, desengonçada, irritante; mas também é sensível, satisfatória, e bonita.

Vida longa a Dark Souls II e todos os videogames camp. Que 2024 seja ano de esquecer o que “podia ter sido”, libertação pra se apaixonar pelo que é. Feliz ano novo.

Reviewed on Jan 01, 2024


8 Comments


4 months ago

o cara entende mt de vídeo games

4 months ago

entendeu tudo

4 months ago

receba caralho meu deus feliz ano novo alviner tamo junto

4 months ago

Feliz ano novo gente!!

4 months ago

Falou oq sabe Godzera, temos nossas diferenças mas n consigo negar que fico feliz por ver você curtindo meu souls favorito dps de tanto tempo, feliz ano novo!

4 months ago

mto bom esse game pqp pensei que meu 10 vinha primeiro q o seu

4 months ago

@maisdioitomil amei o jogo, um amor que me lembra a primeira vez que eu usei o atalho de undead parish pra firelink. Feliz ano novo

@totolecc Foi o 10 adiantado pq sei que vou rejogar pra caralho esse jogo. Feliz ano novo amigo!

4 months ago

já toma