A forma que Pagan usa jogos virtuais para enaltecer sua temática é muito competente.
Afinal, o que é melhor para falar sobre arte morta do que video games? A mídia que nasceu e cresceu junto a tecnologia, esta que a parasitou e a privou expressão e sensibilidade, deixando apenas um vazio industrial.

Pagan emula esse ocaso e busca no exotérico uma fuga para a arte nos jogos. Essa caminho naturalmente leva para uma postura pós moderna que quebra em camadas a influencia de arte em tecnologia com mecânicas simples, mesmo que caótica em forma.


Dizem que a escultura já está na pedra antes dela ser esculpida. O artista está apenas revelando-a. Esse jogo nos coloca nessa posição de revelar a obra com uma mecânica de colecionáveis que resultam em uma revelação escultural.

Me pergunto se não somos sempre assim em jogos, quebrando lentamente a tecnologia da obra. Temos que passar por gráficos, framerate, otimização, resolução e controle para então acessarmos o núcleo da obra. Quando finalmente nso livramos da análise tecnológica é que podemos encontrar a arte. Foi uma grata surpresa (e completamente simbólico) encontrar a Vênus de Milo sendo revelada ao fim desse jogo. A estética deficiente está em tudo, mesmo que indiretamente.

Pagan usa um pós-modernismo para libertar a arte da tecnologia dos jogos eletrônicos. Quero muito ver onde isso vai dar.

Reviewed on Oct 18, 2023


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