Você é um cientista e compra um ratinho indefeso para testes.
Independente de suas intenções, você preza por duas coisas: a sua pesquisa e a saúde daquele animal (talvez para o próprio bem da sua pesquisa)


Então, durante seus testes, o rato começa a APRENDER.
Isso é um bom sinal, o seu teste está funcionando, o rato vai aprender o que você ensinar e vai agir como você instruir, afinal, ele apenas segue o impulso como um sentido, ele quer o sabor da serotonina ao comer um delicioso pedaço de queijo ao final do experimento. Ele se quer sabe de si mesmo, sem uma auto-consciencia, ele segue estímulos apenas.
Então você percebe um comportamento anormal no rato, ele não segue o caminho como previsto, pequenos desvio te chamam a atenção.
Em pouco tempo, você não controla mais o rato e com tudo que ele aprendeu agora é capaz de tomar sua posição de poder.
Você tenta evitar isso, criando o MEDO. Fazendo-o acreditar que lá fora existe um mal muito pior, que não existe uam realidade sem você e que você é a única coisa que garante a segurança do Rato.
Mas o Rato não te ouve e sabendo que nenhum lado iria ceder, em pouco tempo o cientista está morto.
Essa trope não é rara, na verdade ela é bem conhecida.
As regras são montadas sempre por quem tem a posição de poder e para quebrar isso, a educação é nossa melhor arma, afinal, como dizia Paulo Freire, A educação muda pessoas e pessoas mudam o mundo.
Portal é Sobre como a Educação pode mudar o mundo.
Nele, O player é o rato e a GladOS, que nada mais é do que uma persona de Game Designer, representa a cientista.
Durante todo o jogo aprendemos a jogar, mesmo tendo liberdade para errar e para solucionar da forma que achamos convenientes, seguimos o protocolo e as ordens ali dadas. Isso nos fortalece e eventualmente nos rebelamos com a própria arma que nos deram e nos ensinaram a usar.
É bonito ver como o Player pode gradualmente quebrar o Game Design(ainda que contido) e ao final (quando saímos da simulação) nos vemos mais livres, porém mais confusos, e isso é natural já que é quando o jogo começa de verdade.
Como game Desigenr é dificil não ser sensível a isso, já que game design e educação compartilham muitos caminhos, mas também é impossível não sentir essa trope em uma visão socio-cultural.
E se houvesse uma educação, de fato, empoderadora?
Não apenas dar lições, mas ensinar o individuo a construir, criar e criticar com aquele conhecimento... Assim seríamos livres?
Escrevo isso em 02 de Outubro de 2022 e uma disputa entre Bolsonaro e Lula para presidência da república acaba de ir para o segundo turno no Brasil.
Depois de um dos piores Governos que vivi para ver, ainda não estamos livres. Mas e se houvesse a educação tal qual em Portal?
Será que saberíamos diferenciar prisão de liberdade? será que entederíamos o que somos? Será que superaríamos todo o medo? Nos momentos finais, quando aqueles que tão no poder temem o que somos capazes de fazer, seríamos imunes as mentiras e ao terrorismo que cuspiriram moribundos em nossa direção?
Paulo Freire entendia a educação como liberdade, mas ele também disse: " O que me surpreende na aplicação de uma educação realmente libertadora é o medo da liberdade."
Eu infelizmente termino portal com medo.
Infelizmente, o medo ganhou e mais uma vez, não temos liberdade, pelo menos por enquanto. Mas se aprendêssemos de verdade saíriamos dessa, é por isso mesmo que querem nos ensinar cada vez menos.
Alguns diriam que ensinar bem foi o que "matou" GLadOS, mas não existiria sucesso nesse jogo se GladOS não fosse derrotada. Aprender de verdade e rebelar é a maior conquista desse jogo.

Reviewed on Oct 03, 2022


5 Comments


1 year ago

carai, brabo

1 year ago

Muito maneiro a sua review. Eu acabei de terminar esse jogo depois de anos no meu backlog. Liguei o meu PS3 e fui tirar esse atraso e curti muito. Eu achei melhor que o 2, heim...

1 year ago

Que bom que gostou, Leo! Adorei também, um jogo bem coração! Eu Espero jogar o 2 em breve

1 year ago

Que leitura fascinante do jogo, muito boa review
Uau o.o