This review contains spoilers

Esse jogo mescla bem o terror slasher com o sobrenatural.

AVISO: Outlast II trata de assuntos sensíveis que podem dar gatilho. Se você tem problemas com temas de agressão/violência sexual, suicídio e pedofilia, não jogue esse game!

Outlast II conta a história sobre ponto de vista de Blake Langermann, um câmera-man que viaja de helicóptero com sua esposa Lynn Langermann em busca de desvendar um caso de uma garota grávida que foi encontrada morta no interior do Arizona. Durante a viagem, um forte clarão vem em direção do helicóptero, o que causa um pane no sistema e o mesmo cai. Ao acordar, Blake está sozinho no meio de uma área rochosa e ele deve seguir caminhos estreitos e perigosos para encontrar sua amada esposa.

Ao jogar pela primeira vez, você é pressionado pelo sentimento de estar sendo observado, sentimento esse que vai se aliviando conforme você vai passando pelas áreas do game.

O jogo tem duas passagens: o mundo real e as ilusões da escola.
A ambientação do mundo real é bem bonito e passa a vibe clássica de "culto bizarro afastado do mundo moderno". Os casas, as igrejas, as plantações e lagos são bem bonitos e te deixam imersos no game.
Agora a parte da escola MEUS AMIGOS, aqui o terror puro rola, e como rola! A escola em si é como qualquer uma escola americana, porém ver esse local vazio, com certas luzes apagadas e um eco do caralho, ai sim você sente o peso do horror. O sentimento desse grande espaço liminal é de agonia e que em qualquer momento alguma coisa vai te pegar, e você não tem para onde fugir.

O protagonista Blake reage como qualquer pessoa reagiria com as loucuras grotescas que acontecem nesse culto. Blake é muito realista (apesar de umas mentiras aqui, outras ali) e jogar com ele tem um peso maior conforme você vai prestando atenção na história.
Seu passado também é abordado e eu falarei na sessão spoiler.

Existem diversos personagens que se destacam na história.
Jéssica é a que mais aparece para Blake, sendo um fragmento de trauma que aparece na escola, como se quisesse "punir" o nosso protagonista.
Além de Jéssica, Temos o maior antagonista do jogo, Sullivan Knoth. Esse cara é o criador do culto assassino e a maior pedra no sapato do jogador durante a progressão da história. Todos os personagens possuem uma profundidade, e são contadas através de cartas espalhadas pelas áreas da vila.

O game trata de diversos assuntos durante a trama que tem diversas interpretações. Algumas mais claras e outras que abrem margem para teorias (o final, por exemplo). Cabe ao jogador ter sua interpretação das coisas "sobrenaturais" que rolam nessa área abandonada.

A gameplay em si é baseado nos "walking simulators" de horror que existem aos montes.
Sua mecânica principal é utilizar sua câmera de filmagem para enxergar no escuro (através de visão noturna), ouvir em maior distância e obviamente filmar os horrores que você está vivenciando.
Ao meu ver, a jogabilidade é a parte mais fraca do jogo. Aqui não temos como atacar, o que pode aumentar a tensão do game mas, o fato de que os desafios do jogo se mantem numa espécie de "padrão", faz com que nos acostumemos com o terror e do meio pro final do game, realmente é perdido o medo de se jogar (com exceção das partes da escola), fazendo com que você fique com vontade de sair na porrada com os bixos. A previsibilidade do jogo acaba enjoando um pouco o jogo, tendo partes de perseguição que, depois de acontecer 3x na porra do jogo, acaba enjoando e perdendo a parada do "estou enrascado". Eu mesmo só fiquei até o final pela história, por que a gameplay é de fato "fria".
O jogo também tem puzzles, mas eles são muito simples, nível: qualquer macaco passa com maestria.

A exploração em si lhe recompensa com papéis que contam fragmentos de história que servem para ampliar o universo que você está, além de você também achar pilhas para sua câmera e curativos que, são encontrados em montes e talvez você nem consiga pegar tudo.

Os inimigos do game são separados em dois grupos: Os cultistas e os Hereges.
Os cultistas são o que você espera de pessoas do campo. Só que eles estão insanos pela fé distorcida de Knoth.
Já os Hereges são totalmente o contrário dos cultistas. São pessoas bestiais, algumas nem da pra reconhecer como "humano". Eles são liderados pela(o) Val, que também é bizarra.
Ambos os grupos são bem feitos em seu design.

SESSÃO SPOILEEEER!!!!

Pesquisando um pouco por fora, podemos entender que Outlast II tem certas ligações com o primeiro jogo (que eu não joguei kkkkk). A fé das pessoas nesse jogo são fruto de um experimento com ondas de rádio, que deturpam a mente das pessoas e que Sullivan Knoth se aproveitou para cultuar Deus, mas escrevendo seu próprio testamento, que é doentio. Ao longo do jogo, Blake tenta vencer seus traumas com Jéssica, sua amiga de infância que foi violentada sexualmente por um padre filho da puta e o mesmo fez ela "se suicidar" (é debatível). Enquanto Blake flutua entre a realidade e a dissociação, ele reencontra sua esposa que também foi possivelmente violentada por Knoth e está grávida do "anticristo", ser que o culto não quer deixar nascer. Percebemos que todos no jogo estão sendo afetados pelas ondas de rádio e ficando loucos, sendo que até a gravidez de Lynn é debatível. O fim do jogo, assim como qualquer evento paranormal do mesmo, cabe a interpretação se é ou não realidade...

No geral, recomendo a quem quer um jogo de terror só para tomar um sustinhos ou para quem quer uma história pesada e sufocante e não liga para a gameplay.

5/52

Reviewed on May 06, 2024


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