Tunic se inspira bastante em Zelda, mas sem dúvidas tem sua originalidade.

A progressão baseada em coleta de itens e descobrimento de locais é ótima, com sua quantidade de secrets grande dificilmente te cansa, pois a forma que você os pega é bem inteligente, por ter uma câmera fixa, muitos baús estão na sua cara, mas você precisa ter noção da área para abri-los, as localidades se abrem de acordo com os upgrades e armas que você adquire, obrigando o jogador a explorar para progredir, na maioria das vezes, blind, pois o mundo tem uma língua própria, o único jeito de saber onde ir e o que fazer está no manual de instruções, com suas diversas páginas espalhadas pelo mapa, só que até o manual não é claro, se utilizando apenas de ilustrações e poucos textos traduzidos, emulando o sentimento de estar jogando um clássico do NES quando criança, sem saber o idioma. Uma mecânica única. A exploração orgânica é o maior mérito de Tunic.

Falando de seus Puzzles, olhando por fora, parecem bem simplórios, no entanto, a inventividade aqui é absurda, porque muito dos segredos estão escondidos dentro do próprio manual, com um dos Puzzles mais insanamente complicados que eu resolvi nos últimos tempos, veja bem, atualmente na indústria Puzzles são usados como passatempo, exigem pouco do jogador, você pode perder alguns minutos ou até 1 hora naquilo, mas não é feito pra ser desafiador e sim, para te envolver por um curto período de tempo, já em Tunic, desafia todos os seus limites, são detalhes especificos que te entregam a solução e mesmo que aprenda o padrão, o jogo sempre tem uma forma de varia-lo, eu queria muito poder falar do incrível Puzzle da página 49 ou de dois segredos que passam completamente despercebidos, mas quero que você veja por si mesmo, só saiba que o Funji deu um passo além de qualquer outro jogo em anos nesse aspecto.

Claro que o jogo tem seus problemas, a começar pelo combate repetitivo, os desenvolvedores até tentam diversificar com magia e bombas, mas é pouquíssimo, o cansaço é iminente, perto do end game eu só passava reto por mais que os inimigos fossem atrás de mim até os confins do inferno. A dificuldade é muito desbalanceada, boa parte do jogo é fácil, só que as sessões finais elevam o nível de uma forma desproporcial, afetando até mesmo os bosses, onde um específico é muito mais difícil que todos os outros, não existe consistência.

Como dito no começo, o estilo artístico bebe bastante da fonte de Zelda, pelo menos no papel, pois o jogo não deixa de ser original, com cenários lindos, uso de iluminação excelente, uma atmosfera sombria e misteriosa em sua Dungeons, tudo isso acompanhado da lore interessantíssima e uma narrativa bem interpretativa e pessoal. Não sou muito fã da OST, a intenção é ser calma na maioria das vezes, apenas utilizando trilhas pesadas em áreas e momentos que trazem um tom para tal, não é um uso ruim, pelo contrário, o Sound Design é muito bom, só nao faz meu estilo.

Espero que Tunic não fique no esquecimento em 2022, pois merece ser jogado.

Reviewed on Jun 04, 2022


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