É o que os gringos chamam de Airport Novel, um thriller estúpido e focado em plot, uma coisa que um cineasta como o David Fincher eleva de patamar, e o David Cage...entrega o esperado.

Ao ver a resposta predominantemente negativa acerca do plot desse jogo, eu só consigo pensar nos indivíduos que acham que um plot hole condena uma história inteira, indivíduos que consomem trabalho de gênero, mas que não gostam realmente, não tanto quanto eles acham.

A identidade do assassino faz 100% de sentido com o resto do jogo? Não!

Temos “cenas” que não fazem qualquer sentido? Sim!

Isso impactou os meus sentimentos pelo jogo? Não, até porque o jogo claramente não se leva tão a sério. Exemplo: Não existe um “game over” nesse jogo, então caso você falhe algum trecho, o jogo simplesmente continua com cenas totalmente ridículas.

Os primeiros capítulos, em que nos é apresentado os personagens, em que temos a famosa cena do Jason, são horríveis, simples assim. Diálogos tenebrosos, situações mundanas sem qualquer naturalidade, é coisa de meia estrela.

Após isso, o jogo vira um thriller, 45 capítulos, sem filler, uma caça a um serial killer, repleto de decisões impactantes, uma pipocada nos QTEs e seu personagem morre. A destinação tem seus problemas, mas a jornada é estimulante.

Conforme escrevi antes, não temos um game over aqui, então existem reais consequências, seus personagens podem morrer, podem ser presos, todos os personagens podem nunca nem descobrir a identidade do serial killer. Mas claro, o jogo tem alguns plot holes então nada disso tem valor...

Sobre os aspectos técnicos:

- Mixagem de som é ruim do começo ao fim, especialmente a relação trilha sonora x dublagem.

- Dublagem varia entre aceitável e horrível (Jason! Jason!).

- A trilha sonora é muito boa, e a trilha principal é de alto padrão para a indústria dos jogos.

- Os QTEs são em sua maioria de alto nível, até para os dias atuais, fluidos, rápidos, tensos. Muito provavelmente os melhores QTEs que já encontrei em um jogo (excluindo os momentos abaixo).

- Ainda sobre os QTEs, alguns deles envolvem mover o controle para cima e para baixo, ou para a esquerda e direita, e esses sim são horríveis, coisa de você ficar minutos travado até conseguir, totalmente irresponsivo, e se o controle tiver fio, boa sorte! Felizmente eles são raros, e nos momentos realmente importantes eles não aparecem.

- O uso da personagem feminina é, no mínimo, discutível.

- O jogo é mais cinemático do que muito AAA atual que se vende como tal, ao contrário de um Santa Monica Studio ou Naughty Dog, o David Cage tem um olho para a câmera e proporciona shots interessantes e que contam algo.

- Direção de arte é confusa, porém, ao menos, consegue montar algumas composições interessantes e clássicas do gênero.

- O agente do FBI utiliza um aparelho ridículo de sci-fi para realizar suas investigações, algo totalmente desnecessário, e que abaixa a qualidade do jogo, até porque todos sabemos que existem poucas coisas mais entusiasmantes do que um detetive investigando documentos antigos de um caso a procura de pistas.

Em resumo, se você procura algo intelectualmente estimulante, esse não é o jogo. Agora, se você quer um thriller totalmente focado no plot, sempre se movendo em frente, e com reais consequências, esse é o jogo para você.

Reviewed on Sep 08, 2023


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