Os melhores casos desse game são tão legais quanto o caso 5/6 do primeiro jogo assim como seus melhores personagens são superiores aos melhores personagens do título anterior. No entanto, seus piores casos/capítulos não são ruins, são HORRIPILANTES.

Sério, foi o primeiro game/obra de ficção a me dar dor física.

Logo de cara não gostei do novo ambiente, atmosfera e setup, muito menos imersivos, claustrofóbicos e ameaçadores quando comparados aos do primeiro game. Também não gosto de como os personagens tem LITERALMENTE um arsenal de ferramentas e artifícios a sua disposição para cometerem os assassinatos/solucionarem os casos, mas admito que isso permitiu a criação de mistérios bem criativos mesmo que eu preferisse vê-los tendo que se virar com recursos limitados de um ambiente específico. (Caso 4 faz isso muito bem).

Algumas das novas mecânicas de gameplay são interessantes mas mal executadas. Logic Dive muitas vezes é utilizado em questões simples que poderiam ser facilmente resolvidas com uma simples seleção de opções, o que acaba tomando muito tempo de gameplay de forma desnecessária. O mesmo vale para o Rebuttal Showdown, onde o jogador está tão focado em sincronizar seus ataques aos textos aparecendo na tela que mal tem tempo de sequer ler os parágrafos em questão, o que torna o minigame desinteressante, longo e sem sentido. O jogador ficará fatiando e fatiando palavras e prestará atenção somente na frase destaque que precisa ser refutada. O Hangman's Gambit ficou ainda PIOR.

O gameplay chega a atrapalhar o raciocínio do jogador em alguns momentos oferendo opções ambíguas ou exigindo que um salto lógico absurdo seja feito (alô caso 2).

O cast é bem mais caótico e cartunesco dessa vez, tanto em suas personalidades quanto em suas relações e dinâmicas. Isso me afastou bastante dos personagens, me fez levâ-los bem menos a sério e alguns deles me irritaram profundamente com o quão unidimensionais e simplistas eram.

Ok, mesmo com todos esses problemas, o importante é os casos serem bons, certo? Sim, pena que não é o que ocorre. Casos 1, 4 e 5 são bacanas pra ser sincero, se sustentam bem, mas os casos 2 e 3 são aberrações. Se prepare para contar com a burrice extrema dos personagens de modo a criar um twist e shock value artificial e extremamente previsível, enquanto em outro momento o cast fará saltos lógicos absurdos de modo a alcançar conclusões de maneira extremamente precipitada mas certeira apenas para levar a discussão em frente de forma artificial quando a escrita precisa disso. Se prepare para passar boa parte dos trials discutindo coisas fúteis que não agregam em NADA à solução do mistério apenas para estender o tempo de jogo. Leis da física? Coerência? Haha, ESQUEÇA-AS caso você queira solucionar esses casos. Abuso de coincidências para mascarar a inabilidade de criar um mistério compacto? Aqui tem de monte. Motivações estúpidas e sem lógica alguma? Opa, tem de sobra.

No caso 3 existem até mesmo pistas que NÃO são utilizadas. Qual o sentido disso? O jogador coleta pistas durante toda a investigação, monta teorias com base nelas pra no fim elas não serem sequer CITADAS durante o trial.

Ok, mesmo com tudo isso, ainda são três casos decentes contra apenas dois casos ruins, o saldo é positivo, certo? É.......não, pois o capítulo 6 estraga tudo.

A reta final é composta de revelações e twists estúpidos e ridículos que tentam justificar alguns problemas que citei mas no fim só exacerbam a falta de qualidade narrativa do game. Soma-se isso a Deus-Ex Machinas, ao abandono de discussões e temas levantadas pelo jogo anteriormente, a um final sem consequências e até mesmo à descaracterização e banalização do vilão e de sua crença. Não vou entrar em detalhes pois não há como falar de todo o segmento final do game sem dar spoilers.

Infelizmente, os defeitos de Danganronoa 2 são muito mais abundantes e significativos do que seus acertos, o que torna o saldo total da experiência bastante negativo.



Reviewed on Feb 06, 2023


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