[Review baseada na versão de PSP]

Final Fantasy, um clássico, um marco.
Também um jogo que mesmo após eu jogar em 4 plataformas diferentes, portanto, versões diferentes, não consegue me convencer de que Final Fantasy I é um jogo mais do que apenas OK.

Narrativamente o jogo funciona... de certa forma.
Não vou mentir, há algo que me soa bem enfadonho na combinação entre heróis sem personalidade e vilões malignamente caricatos, com nada entre eles além de uma longa jornada e um mundo semiaberto.

Embora seja um jogo linear, após o primeiro grande evento de jogo, somos dados a chance de escolher se iremos prosseguir com a história sem interrupção ou se iremos dar conta de sidequests que naturalmente nos ajudarão a estar mais preparados para o desafio final.
Dependendo da forma como o jogador decide lidar com os muitos encontros aleatórios e da maneira como sua equipe é construída, a escolha de sair dos trilhos da história para fortalecer os guerreiros é no mínimo uma boa ideia e no máximo, uma urgência.

Se desconsiderarmos os bugs e glitches, a dificuldade do jogo se baseia principalmente na nossa escolha de classes ao iniciar o jogo, bem como a nossa dedicação aos equipamentos e níveis. A equipe pré-definida pelo jogo é talvez a conformação mais "equilibrada", porém, não a mais forte. Escolher entre poder bruto e magia põe o jogador na posição de estrategista e, acredito, não é possível ter uma jornada tranquila sem investir algum tempo experimentando diferentes times.
Adicionalmente, o fato da magia ser, por design, inclinada a escassez (seja por limitados usos diários, seja por um pool de MP pequeno), torna o início do jogo um tanto mais ameaçador e dado ao grinding (e backtracking). Eventualmente, dada a maneira um tanto descontrolada na qual ocorrem os encontros aleatórios, o jogo faz com que o jogador se encontre sempre perto desse gargalo, cada combate aumentando o risco associado a permanecer lutando sem se retirar da dungeon.

Outro fator que, na minha opinião, contribui para gradativamente cansar o jogador é que, por mais linear que o jogo seja, os direcionamentos dados não me pareceram suficientes para me manter seguindo a história sem que, em algum momento, eu me encontrasse perdido ou vagando pelo mapa. Uns 100 encontros aleatórios depois, eu encontro o próximo objetivo, recebo um item ou leio algum diálogo e, após gastar cerca de 5 minutos ou menos, caio de volta no loop de caminhar por longos e entediantes minutos até chegar na próxima dungeon e descobrir que meu estoque de itens foi exaurido enquanto eu tentava evitar retornar à cidade mais próxima.

Inevitavelmente o meio da jornada se arrasta e, pela maneira como pontos da história se tornam espaçados, tudo que inclui a conquista do primeiro cristal até a conquista do último se resume ao jogo testar a paciência do jogador com esse looping insatisfatório.
Quando chegamos ao final da jornada, a última dungeon não passa de mais do mesmo sendo arrastado, com o bônus de um pequeno boss rush para nos lembrar que existia alguma coisa nos impedindo de simplesmente alcançar cada cristal. No fim, o final boss apenas surge, o derrotamos e, parabéns, os guerreiros da luz trouxeram a paz de volta!

Particular a versão de PSP encontro a minha versão preferida dos gráficos de FF1, herdados e melhorados da versão de Game Boy Advance. Juntamente dos graficos está a composição do excelente Nobuo Uematsu que, quase sozinha, foi capaz de me fazer tolerar a música de combate que tão incansavelmente ouvi.

Em suma, Final Fantasy 1 é um jogo pelo qual eu tenho um grande respeito por seu legado, mesmo que pessoalmente ache o mais incômodo de rejogar.
Se você tem algum interesse em conhecer o jogo onde tudo começou, escolha a versão que mais lhe agradar, conjure seu/sua estrategista interior e enfrente o mal, com toda a sua paciência e coragem.

Reviewed on Feb 15, 2023


4 Comments


1 year ago

Você zerou em quantas horas? O que me dá preguiça de jogar ele é justamente o grind, pois eu não tenho o menor interesse nas side-quests dele e tentaria rushar o mais rapido possível.
Contando com o conteúdo das sidequests, foi cerca de 12 horas.
Ter acesso a alguns dos mapas ajuda bastante a cortar esse tempo (algo que a versão pixel remaster ajuda bastante, inclusive).

1 year ago

Não creio que ATÉ A VERSÃO DE PSP é cheia de bugs. =/
Calma, @CDX, dá pra jogar até o fim sem muito problema.