A Short Hike é quase uma definição de literal de sweet & short game. É um jogo propositalmente curto, o que pode ser um ponto negativo pra quem busca longas jornadas, mas eu particularmente gosto de experiências curtas, porém marcantes, e isso é A Short Hike.

Logo ao iniciar o jogo, o que mais se destaca é como é incrivelmente maravilhoso o visual desse jogo. Esse jogo é muito lindo, os cenários são uma obra de arte e essa estética de 3D pixelado me encanta demais, me lembra de jogos 3D do Nintendo DS, por exemplo, um pouco do Nintendo 64 e isso resgata um pouco de nostalgia. O jogo tem várias paisagens lindas, o mapa inteiro.

Eu comecei esse jogo acreditando que seria um joguinho linear curtinho, e foi uma surpresa quando eu descobri que o jogo era mundo aberto e tinha tanto conteúdo assim, é muito mais complexo do que eu esperava, tem inclusive minigame de pesca. O jogo se passa em uma ilha, você, uma ave chamada Claire viajou com sua tia May e você precisa de sinal, pois está esperando uma ligação. Você, enquanto jogador, não sabe ainda de quem é a ligação ou sobre o que trata, mas é um ponto importante no final do jogo. Para conseguir o sinal, sua tia te indica subir a Trilha do Gavião, para chegar ao ponto mais alto da ilha, e esse é seu objetivo. Quando iniciou o jogo, eu, enquanto explorador nato, decidi me esforçar pra quebrar o jogo, então eu tentei logo no começo dar a volta na ilha nadando, mas depois de um tempo nadando, encontrando alguns baús, eu percebi que a ilha era grande demais e decidi voltar e fazer o caminho certo.

A muito poucos metros de distância do início do jogo, você encontra um NPC que te ensina como plana, e uma coisa que eu gosto muito em jogos com diálogos é que se você continua interagindo com um NPC, a fala dele vai mudando, e isso acontece em A Short Hike. Os NPCs são muito vívidos, porque todos têm uma personalidade, uma missão, um objetivo, todos estão fazendo alguma coisa de verdade, não só tapando buraco no mapa. Um dos primeiros NPCs que você encontra te dá a missão de coletar 15 conchas, e se você pega as 15 conchas ele te dá um colar pra você entregar para sua tia. Ainda perto do começo, você encontra dois NPCs escalando, se interagir com eles, eles falam que são do clube de escalada, conforme você avança no jogo você encontra eles de novo escalando, seguindo a Trilha do Gavião, assim como você. Além disso, eles te explicam que você precisa de Penas Douradas para conseguir escalar, e isso é uma mecânica muito boa utilizada no resto do jogo inteiro. Na ilha também se encontra o Centro dos Visitantes, onde você pode comprar itens (um chapéu e duas penas douradas), e você descobre que passou um garoto por lá e comprou todas as outras penas douradas, que lá custavam 40 moedas. Mais tarde no jogo você encontra esse garoto vendendo as penas por 100 moedas, e se você conversar com ele, você descobre que ele está juntando dinheiro para pagar o próximo semestre de seus estudos. Tem um NPC que também está seguindo a Trilha do Gavião que você convida a tirar uma foto no topo da montanha caso vocês cheguem ao mesmo tempo; mais tarde você encontra ele um pouco preso em uma parte da escalada, e se você tiver 12 ou mais penas douradas, você pode emprestar 6 para ele, subir junto dele e tirar a foto. Esses fatores deixam a ilha muito mais viva e interessante, dá uma real personalidade aos NPCs, além de que muitos têm lições interessantes, tem um NPC, por exemplo, que faz pinturas, e durante o jogo todo ele está ansioso sobre o que pintar, porque quer agradar um artista específico em sua próxima exposição, mas você conversa com ele e convence-o de que, se o chamaram, é porque gostaram de seu trabalho, então ele deve pintar o que gosta.

O mapa do jogo é aberto, você tem um objetivo principal, chegar no topo da montanha, mas você consegue chegar por vários caminhos diferentes e o mapa do jogo é muitas vezes maior do que eu imaginava. Apesar de ter muito conteúdo pelo mapa, me perdi algumas vezes, tem um NPC que te dá uma bússola, mas confesso que não foi de grande ajuda, acho que não tenho o melhor dos sensos de direção, uma mapinha da ilha fez falta. Muitas vezes eu fazia um caminho, voltava, então fazia outro, para garantir que eu não estava perdendo nenhuma pena dourada escondida, nenhum baú, nenhuma concha (o que com certeza deixei passar em alguma área da ilha).

O jogo é muito gostosinho de jogar, planar por esse mapa lindo é muito satisfatório e a mecânica das penas douradas que te permitem, além de escalar, dar pulos extras, é muito bem implementada. Tem uma NPC chamada Avery que te propõe corridas de parkour pelo mapa, isso além de te ensinar a se mover mais rápido e se virar com poucas penas, te ajuda a conhecer melhor o mapa e os caminhos nele.

A trilha sonora do jogo é parte excepcional, é muito espetacular e dá pra ver que quem fez sabia o que tava fazendo. Eu não tenho o melhor dos ouvidos pra reconhecer quando uma música é boa, não tenho tanto critério, mas essa eu consigo reconhecer.

Em certa parte do jogo, em que o chão está coberto de neve, o ambiente está gelado, e isso afetam diretamente sua gameplay, porque você não recupera mais as penas douradas automaticamente, só quando você se aquece em uma fogueira ou entra em uma fonte termal, e isso te faz ter que pensar antes de agir, antes de escalar de qualquer forma ou de gastar todos os pulos extras. Quando você chega no topo da montanha, você tem um tempo para admirar a aurora boreal, que como tudo nesse jogo, é linda demais, quando você recebe a ligação que você estava esperando: era sua mãe, que acabara de sair de uma cirurgia, e por isso você, enquanto Claire, estava tão ansiosa sobre essa ligação. Você conversa de forma um pouco emotiva com sua mãe sobre o quão você estava preocupada, então agora, sabendo que sua mãe está bem, você pode enfim descer da montanha planando e aproveitando a vista da ilha que você acabou de conhecer. Você volta para sua casinha e pode dormir.

Zerei a parte principal do jogo em pouco mais de 2 horas, mas voltei pra concluir algumas missões e fiz 7/12 conquistas em 3h18. Tenho algum interesse em fazer 100% desse jogo, mas as conquistas que faltam são "encontre todas as penas douradas", "regue todas as plantas", o que parece meio difícil de encontrar, e eu não acho que seja tão divertido se eu pesquisar a localização dessas coisas. De qualquer forma, A Short Hike é lindo em todos os aspectos, os gráficos, a direção de arte, a trilha sonora, a jogabilidade, a história, tudo. Jogo indie incrível, além de ser curtinho, o que pra mim é um bônus.

Reviewed on Jan 04, 2024


Comments