"A luz que deu origem à tentação..."

Não sou um jogador constante da franquia Final Fantasy, ainda mais se tratando dos games numerados da série, considerados os principais os quais joguei pouco ou quase nada. Já me aventurei por muitos spins-offs, mas minha entrada foi no FFXII Remake que os mais puritanos considerariam nem valida.
Então essa minha falta de contato afetou muito minha atenção a qualquer lançamento relacionado a franquia, já que a poucos dias do lançamento do XVI eu sequer procurei uma gameplay ou qualquer que fosse uma informação sobre o game. Dos poucos relances os quais eu me deparei, pareciam se tratar sobre só mais um Action RPG com tema medieval, estilo qual já estava saturado de jogar nos últimos anos.
Até que uma demo foi lançada com o início da história, que de certa forma chamou minha atenção por possuir 2/3 horas de jogatina, então pensei que se fosse para me interessar pelo título, que fosse com esse tempo… e foi aí que comecei a contar as horas para o lançamento.

"O sol nasce, o sol se põe"

Se suas primeiras horas nesse mundo não te impressionarem, provavelmente você tenha jogado sem qualquer ânimo. Tudo ao começo foi feito para te fisgar no mundo que ele contem: tramas políticas, summons gigantes, combate e o prato principal, a incrível trilha sonora. Por se tratar de uma nova entrada da franquia a temas mais adultos, tudo que acontece aqui se trata de momentos pesados e possivelmente até inéditos, é simplesmente espetacular o tiro de canhão que o game te dá para apresentar o que você tenho a esperar dessa jornada.
Com muitos altos e alguns baixos… mas sempre empolgando.

"A guerra se aproxima, precisamos nos preparar"

O que mais foi falado sobre sua trama foi a comparação inevitável com Game of Thones, até mesmo porque o produtor do jogo (Naoki Yoshida) afirmou ter assistido à série com a equipe de desenvolvimento para criar algo similar, mas com a essência de Final Fantasy. Não só sua trama foi bem influenciada, mas também personagens, enredo e guerras territoriais lembram bastante a série.
A todo momento você é atualizado sobre como o mundo e o reinos estão respondendo às situações que o Clive enfrenta, seja uma determinada batalha ou pela destruição de partes importante do mundo. Como dito anteriormente, ao iniciar o game essa questão territorial é incrível, pois traz o sentimento do mundo vivo, dos reinos e casas atentos com o que está acontecendo e tentando se aproveitar ou se protegerem, mas infelizmente isso é muito pouco mostrado visualmente, grande parte do que é apresentado é durante conversas e cutscenes bem simplórias.
Sobre o enredo, há uma variação de situações épicas e coisas cotidianas até demais. Um pequeno exemplo: em um momento você está em uma batalha de extrema importância onde o inimigo é notoriamente maior que você e depois de uma luta absurda, uma sensação de trabalho feito e de ter salvo as pessoas de uma coisa pior… você vai montar um barco. Isso junto a uma pequena extensão desnecessária de acontecimentos na história principal.


"Não era por uma boa morte que deveríamos lutar, mas por uma vida melhor”

Os personagens possuem um desenvolvimento muito interessante, sempre apresentando suas motivações e seu passado que formou seu presente, isso ocorre desde o Clive até personagens mais ativos na trama, há uma constante em seus atos e pensamentos. Porém, o jogo a todo momento também tenta se aprofundar em personagens paralelos em missões secundarias, o que acaba deixando a narrativa, mesma que opcional, muito cansativa.
Sobre as missões secundarias, infelizmente é um ponto fraco. Não que sejam ruins, mesmo que com uma quantidade excessiva de missões e personagens, elas sevem muito bem para apresentar as nuances e questões que o mundo possui. Porém, elas são muito pouco profundas e mal aproveitadas, com a escolha da direção de apresentar uma parte dessas sub-histórias em um momento, horas depois é apresentado uma segunda parte e posteriormente uma conclusão, o que afasta o jogador.

“Eu já me curvei a você, agora é você quem deve se curvar a mim!”

Sua gameplay é visceral, mesmo que demore a engrenar. É um combate simples, mas que com o decorrer do jogo te apresenta muitas possibilidades de combos com suas skills, mas infelizmente só com elas mesmo. Os ataques normais, com espada mesmo, são competentes mas também simples demais, não há combinações ambiciosas de combos quando não está usando magias poderosas, só golpes simples que seriam mais como um "Ataque" em um JRPG quando não se tem mana ou itens para se usar.

“RPG/Action/Hack'n Slash”

Sobre uma polêmica que o jogo também tem enfrentado, é sobre seus elementos de RPG. Assim como não sou muito próximo da franquia, permaneço desta mesma forma com o estilo Rolling Playing, não sou capaz aqui de definir o que é preciso para se considerar um RPG ser realmente um RPG, mas do que pouco que conheço tenho minha opinião.
Realmente senti uma falta de profundidade neste quesito, questões como equipamentos, evolução, itens e até builds de características, são pouco desenvolvidas, mas presentes no jogo. Parece que foi um esforço incluir estas mecânicas rasas para manter a essência Final Fantasy.

"Depois da tempestade..."

Gostaria de escrever muito mais parágrafos sobre o game, pois acho que é um bom assunto a se discutir com amigos e colegas sobre o que foi feito de novo nessa franquia, dando novos ares e trazendo elementos já conhecidos.
Acho que trouxe muito pontos "negativos" nessa review, mas prefiro olhar como algo que poderiam ser melhor explorados em um próximo jogo, em uma sequência como FF XVII ou até mesmo FF XVI-2, por isso que mesmo a minha nota ainda consegue ser tão alta, pois mesmo com muitas melhorias a serem feitas, ele ainda consegue ser EXTRAORDINÁRIO no que apresenta.
Se fosse para seguir meu coração, que foi pego pelos personagens e seus relacionamentos, com lindo mundo que vi e com essa trilha sonora que me fez chorar de emoção e empolgação algumas vezes, ele seria perfeitamente 5/5, mas preciso ser honesto.

Final Fantasy XVI pode não ser perfeito, mas consegue ser deslumbrante no que ele apresenta.

Reviewed on Aug 11, 2023


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