O famoso "Jogo que me fez sair da pirataria"... só que não. P4 é um jogo que eu sempre começava mas nunca terminava no PCSX2 por que ficava uma pulga atrás da orelha sobre o P4G, que era um exclusivo da porra do Vita, e o Vita3k nunca andava até que... BAM! PERSONA 4 ANUNCIADO?! Pra Steam ainda, E COM PREÇO JUSTO??? Que sonho lúcido foi aquele?

Até hoje não acredito.

Mas no fim de tudo, valeu realmente a antecipação, desejo, hype seja lá o que for? Acho que sim.

Esteticamente não é um jogo que se destaca, os modelos são ok, as texturas são bem feinhas e as animações são OK só. Raras são as vezes que o jogo tem sacadas de direção visual criativa, o "sakuga" do jogo é reservado pra seletas cutscenes in-game e atos narrativos. O jogo só fica com um tom REALMENTE interessante mais pro late game com as mudanças de clima e tom da história, de resto, é um jogo bem cinza e bege se você excluir a HUD e as dungeons, que são de longe os ambientes mais interessantes e coloridos do jogo. Mas você já deve estar imaginando onde eu quero chegar... é, na interface. A HUD do jogo é uma das interfaces mais estilosas e tematicamente inteligentes que tem por aí. Tudo gira em torno da temática de TV, tudo remete a experiência de uma TV analógica ou Digital. E esse menu ancap do krl não é só show-off, a GUI é simplesmente uma delícia de utilizar, graças a Deus né, pra um jogo que 90% do tempo você vai estar mexendo no menu, diria que isso é o mínimo, mas fico muito feliz que o jogo não faz somente o mínimo, mas vai além.

A OST dispensa apresentações, mesmo se você nunca ouviu falar sobre o que pirocas é um Persona você ESCUTOU alguma OST por aí, se eu fosse escolher entre a trilha sonora do P5, do P4 e o pouco que eu ouvi do P1/P2 e P3, eu digo que o P4 tem o album mais consistente deles. Entre a Yumi Kawamura, Shihoko Hirata e a Lyn Inaizumi, eu vou de Hirata. A voz dela é bem volátil tanto para musicas épicas e tensas quanto para às alegrinhas ou calmas, e também sobra espaço pras tracks arthouses goofy... tem umas TRILHAS BEM GOOFY, mas 90% do album é 🔥.

Chega dessa vertente artística broxa. É JOGO, então GAMEPLAY.

É bom, francamente só isso. É o que você esperaria de um Megaten da época do PS2, sou daqueles que prefere muito mais press-turn ao invés do 1-more, mas não se pode ter tudo. Faz o básico, e o faz muito bem. Realmente não tem muito o que falar, conceitualmente Persona já é sinônimo de um RPG de turno de altíssima qualidade e os krl mas no geral o jogo é bem engessado. O único personagem versátil de verdade do jogo é o Yu, e isso só por que ele o ÚNICO que possui a wild card. De resto, os membros da party são bem direto ao ponto, oferecendo o mínimo do mínimo pra customização de build. Os golpes follow-up são daoras e tals mas é 1 vez em 100 que o jogo tira do cu a oportunidade de você usar, mas quando acontece, é bem divertido. Sobre a dificuldade, achei ele bem de boa, tem seus momentos de tensão mas no fim acho que é o RPG mais fácil que já joguei até agora (excluindo pokemon, óbvio), acho que eu nunca vi a tela de Game Over, P4 e P5 são bem facinhos comparados à SMT, já o P3 em comparação...

E agora de resto, é o Life simulator. Social stat, Social Links, saber racionar o tempo dos dias, NÃO TER O CARALHO DE UM GATO CEARENSE PRA TE BOTAR PRA DORMIR e os outros lenga-lengas característicos de um Persona. E é ótimo, é Adolescente Simulator at it's finest 👌. E uma puta evolução do P3 é que ao fazer o SLink dos membros da party você ganha skills que auxiliam no meio do combate, uma sacada de gênio pra época, incentiva PRA KRL você a fazer o SLink inteiro da Scooby Gang e se aprofundar mais na lore e psique de cada um deles.

Ah é, Scooby Gang, hora de falar sobre um dos aspectos mais pobres do jogo, a história.

Conceitualmente é "bacana", digo "bacana" por que o pitch da história é tão tosco a olho nu, que sinceramente é difícil de ser levado a sério, e acredite, isso persiste ao longo do jogo. É quase impossível de entrar no clima da "Trama de assassinatos em série" quando o tom do jogo emana justamente o sentimento contrário. Cria um meio termo muito estranho de Sessão da Tarde e Tela Quente onde você pensa: "Ok esse jogo tá se levando muito à sério". É goofy. E isso fica ainda mais GOOFY vendo como os personagens são escritos. Pra uma narrativa de mistério acho que nunca vi personagens tão BURROS e LERDOS quanto aqui. Chega a ser extremamente engraçado que dos 20 personagens vitais pro plot, >4< tem o mínimo de insight do caso. É estranho dizer que as unicas pessoas com um mínimo de intelecto e dissernimento nesse jogo são o Bafo de linguiça, que é o ÚNICO MEMBRO no início com o mínimo de insight, O JOGADOR, QUE DEPENDE DO SEU DISSERNIMENTO (óbviamente maior do que qualquer um desses macacos), e a porra da personagem cujo arquétipo é literalmente "Detetive astuta". DOS MEMBROS DO TIME DE INVESTIGAÇÃO, 3 TEM CÉREBRO. Até "daria" pra passar um pano e falar que o assassino é inteligente. Digo "daria" por que ele comete erros vitais por completo retardo e idiotice. Mas é estranho por que eles as vezes dão uma de clueless e idiotas quando o plot convém, e o mesmo ocorre ao contrário, as vezes a Rise tem uns insights aleatórios e as vezes a CHIE TEM UNS INSIGHTS ALEATÓRIOS, mas esse eu passo pano por que é um gag engraçadinho. Mas é, chega ser um nível de estupidez SCOOBY GANG, mas whatever, toda essa besteira passa desapercebida pois o tom do jogo é Sessão da Tarde pra krl.

Num olhar mais geral, o jogo gosta de explorar temas bem complexos e sensíveis, sexualização, machismo, homossexualidade e por incrível que pareça, identidade de gênero. O jogo não lida com esses temas com muita delicadeza, as vezes até soa preconceituoso nos olhos de gente muito SJW, mas isso são só deslizes no roteiro, e pra um jogo JRPG de 2008 acho que foi uma tentativa nobre, porém falha. Se eu fosse escolher uma palavra, acho que o jogo não é "Adulto" o suficiente pra ter a maturidade de abusar desses assuntos. Mas palmas pra aquela parte do late game que não vou entrar em detalhes por ser spoiler do brother com a mascara de gás, lembrou muito a nossa situação pandêmica do COVID19. O jogo no geral não é muito inteligente, mas tem umas sacadas que provocam pensamento as vezes. E esse jogo é basicamente isso, grande parte das vezes você se sente um idiota jogando mas do nada recebe um tapa de momentos onde o roteiro dá umas mitadas violentas. Acho que o melhor momento que fica na minha cabeça é o dialogo que você tem com o assassino sozinho, é o único momento onde o jogo tem um jogo de cena ingame criativo, E TAMBÉM, no dialogo que a Scooby Gang tem antes da luta, que vou deixar como >SPOILER<. Outras palmas vão pros "bad-endings" que o jogo tem no meio se você não fizer as escolhas certas, podem me crucificar mas eu acho eles tematicamente mais lógicos. Ações tem consequências, e o soco na barriga que são aqueles finais até que é bem feito e TE FAZ SENTIR MAL >SPOILER<

E sobre os personagens num olhar geral, Eles são ok. Muitos poucos são REALMENTE BONS. Praticamente 2, a Naoto que parece que veio de outro jogo e o Adachi que é um dos únicos personagens que realmente parece humano. O bafo de linguiça, Rise e a família Dojima impressionaram. O Bafo de linguiça ganhou pontos por ser um dos únicos personagens sensatos, a Rise por que é uma das únicas meninas bem escritas, a Família dojima pois assim como o Adachi parecem humanos de verdade, e o Kanji é o Kanji, o SLink enriquece muito o personagem. Vou só falar de um caso que são essas duas porrinhas: A Quico e a Chile. Me dói dizer que os únicos traços de personalidade da Yukiko é a Amagi Inn e o da Chile é querer proteger a Yukiko. Sério. O SLink da Yukiko é mais elaborado, mas o da Chie é só PROTEGER A YUKIKO. E essa reclamação se aplica à muitos do cast, eles tem um potencial legal, mas grande parte deles é muito bidimensional, alguns até unilaterais, chega a ser nível tirinha de charge. Me recuso a falar do Teddie. E também a Marie me faz pensar que o Persona 4 (PS2) era melhor. Tem MUITA coisa no Persona 4 GOLDEN que dá pra perceber que só foi ENFIADO na agressividade nessa nova versão. Isso é um problema desses re-releases da Atlus, cria uma shift de tom e narrativa DISCREPANTE com o jogo original, isso é a Marie, que parece alienada do plot.

Do jeito que eu tô falando parece que eu odiei o jogo né? Nah, eu gostei bastante, apesar desses nitpicks, o jogo não deixa de ser rico em conteúdo. E no fim, Persona é Persona, tem uma OST 🔥, é mecanicamente e estéticamente único.

Só não é um dos meus favorítos.

Reviewed on Dec 12, 2022


7 Comments


1 year ago

Tu devia fazer textos elaborados mais vezes, cara. Teus textos grandes (tipo este e o do ECC) costumam ser os seus melhores.

1 year ago

Caramba, vlw msm, comecei a adquirir um gosto por escrever essas pseudo-analises mescladas com artigo de opinião cakckska. Mas, ECC?

1 year ago

Falei errado, hahahaha, era HGG. XD Essas siglas também não colaboram! =P

https://www.backloggd.com/u/Mitocondria/review/297241/

1 year ago

Ah sim ckakckks, esse jogo aí foi uma das melhores experiências que tive com vídeogames, tinha pego um ps4 emprestado com um amigo pra jogar judgment, daí aproveitei pra jogar o jogo da rgg que provavelmente vai ser exclusivo pra sempre, então tive que zerar aquele jogo diabólicamente difícil em menos de 24 horas

1 year ago

"Exclusividade was a mistake."

~ Hayao Miyazaki

1 year ago

po mano falar que poucos personagens são bons e acho foda tendo o Kanji, Daisuke ou o Kou, a Nanako entre outros q eu to com preguiça de citar, também possuem ótimas histórias com vários temas poucos explorados na mídia, mas é como você disse tem alguns personagens que são realmente muitos unidimensional e por isso eu entendo sua visão mas ainda acho que você tá sendo injusto com os personagens que tem tiveram um bom desenvolvimento no jogo, tirando isso ótima review!

1 year ago

Vlw pelo comentário véi! Esses personagens que você citou justamente são os que eu acho muito foda. A família Dojima como eu disse é uma das minhas plotlines favoritas do jogo, a família Dojima e a história do Kou tem um dos arcos sobre família mais tocantes e sutis que já vi, o foda é que eu só fiz a parte do Kou (que foi boa), não cheguei a jogar de novo optando pelo Daisuke. e o Kanji também, como eu disse na review é um personagem com um SLink que enriquece muito o personagem, eu só acho meio porre esses pontos positivos não serem refletidos na narrativa principal, que acaba retratando ele de uma forma bem bobona.