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Motheus reviewed Top Gear 2
O primeiro Top Gear entrou no imaginário popular no começo da década de 90, se tornando referência quando se tratava de jogos de corrida. Por outro lado, sua sequência, Top Gear 2, bom, basicamente ela só existe.

Top Gear 2 é um jogo bom por si só, que corrige falhas do anterior, preenche algumas lacunas, mas abriu vazios novos que deixa o jogo em um nível de qualidade muito próximo do primeiro. No entanto, TG 2 não consegue produzir no jogador um impacto igual ou ao menos semelhante que o primeiro.

As melhorias que ele apresentou são inegáveis, mas paradoxalmente são relativas. Por exemplo, os gráficos são tecnicamente melhores, com carros e pistas mais detalhados, mas os carros não são tão marcantes quanto no primeiro, e ainda que as pistas em si estejam mais bem feitas, os cenários não me agradaram tanto quanto no jogo que inaugura a série. Dá pra se dizer que, com exceção da trilha sonora (que é um capítulo a parte) a direção de arte de Top Gear 2 é inferior ao do seu antecessor.

Outra diferença entre os dois jogos é que não é mais possível escolher entre várias opções de carros, mas agora há opções de customização, comprando melhorias através das premiações ganhas nas corridas, adicionando não só um elemento de estratégia bem interessante como também uma camada de importância às provas, pois quanto maior a colocação, maior a premiação e maiores as possibilidades de melhorias, que por sua vez são sentidas imediatamente pelo jogador em círculo virtuoso entre desempenho-recompensa-melhorias. Isso implica que o começo do jogo entrega uma sensação de velocidade menos intensa, só apresentando uma velocidade similar ao do antecessor quando o carro receber os upgrades.

Agora do que foi removido, dá pra começar com algo positivo: o fim da tela dividida obrigatória, que era uma das peculiaridades do primeiro jogo da série, mas que inegavelmente causava certo estranhamento, além de diminuir o campo de visão. Agora com a tela cheia é possível ver com mais precisão os carros e o trajeto. Por outro lado, nas exclusões que não ajudam o jogo, a que mais senti falta foi a remoção de pit stops, o que tirou um dos elementos estratégicos mais interessantes que haviam em seu antecessor, em que era necessário planejar quando parar e o quanto abastecer, necessidades condicionadas pelo carro escolhido e das características da pista.

Em relação às pistas, elas possuem características que as deixam mais parecidas com autódromos, sendo que no primeiro jogo eram mais semelhantes a circuitos de rua. As pistas em TG 2 possuem menos elementos nos cenários, além de não terem tanta variedade na largura das vias, pois em TG um mesmo circuito possuía larguras variadas entre suas retas e curvas. Uma adição interessante na sequência é a variabilidade climática, com certas corridas ocorrendo sob chuva ou neve, e isso impacta na jogabilidade, pois o carro reage conforme o terreno.

Um ponto que é obrigatório abordar é a trilha sonora fenomenal, que artisticamente conversa com cenas alternativas na Europa e tecnicamente aproveita todos os benefícios que o Super Nintendo e o Stereo podem proporcionar. Joguei a versão de Snes, mas conferi a de Mega Drive, e o contraste entre a qualidade sonora das duas é impressionante, evidenciando que o console da Nintendo possuía mais recursos sonoros. Pesa o fato de que assim como o primeiro, TG 2 possui poucas músicas, 6 ao todo, muito boas, faço questão de frisar, mas apenas 6. Todavia, a trilha sonora de Top Gear 2 possui uma vibe diferente da presente no jogo original, conversando bem mais com o Eurobeat e o Eurodance que o primeiro jogo. Inclusive, Top Gear 2 como um todo me passa uma impressão de conversar mais com a série que antecedeu a sua própria, no caso a Lotus Challenge.

Os jogos da era 16 bit da série Top Gear foram publicados pela japonesa Kemco, mas todos foram desenvolvidos pela inglesa Gremlin Interactive. Isso faz com que essa série seja uma das poucas com características de game design europeu que ficaram famosas (pelo menos no Brasil) em uma era que as obras vindas do Japão e dos EUA dominavam a cena. Os jogos europeus eram desenvolvidos tendo em mente os computadores, que eram aparelhos mais voltados para adultos na época, por isso os jogos tinham um espírito um pouco diferente. Eu mesmo tive contato com os jogos Lotus em um computador de um parente já adulto, isso antes mesmo de experimentar o primeiro Top Gear.

Acho que tudo isso contribuiu para esse estranhamento que Top Gear 2 gerou em relação ao seu mais lembrado (cultuado, até) antecessor. Além disso, por não ter representado uma melhora significativa, aliás, não dá pra dizer sequer é melhor que o primeiro, também não contribui a favor do jogo. Ainda assim, Top Gear 2 é um jogo bom por si só, com uma jogabilidade arcade bem satisfatória e uma trilha sonora ímpar, entregando entretenimento a quem quer que o experimente.

2 days ago


Motheus completed Top Gear 2

2 days ago






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