Não tem muito que se esperar de um "jogo feito por uma pessoa só que mexia com RPG Maker", mas esse jogo quebra todas as expectativas que são impostas sobre ele ao não fazer apenas um "copicola" dos jogos que referencia mas sim elaborar mecânicas e história originais apenas lembrando a "vibe" de jogos como Xenogears, Terranigma e Final Fantasy VI.
O combate é dinâmico e permite até 8 personagens na luta, ao mesmo tempo que você tem que controlar uma barra que avança ou retrocede conforme suas ações e os personagens que usa, acaba sendo uma camada extra de desafio a se atentar, e como o jogo não tem sistema de level e ao final das lutas seu HP/MP regenera, cada luta é sempre um desafio, diferentemente de outros JRPGs que te cansam pelo tamanho das dungeons e escassez dos itens, aqui cada combate pode ser fatal desde o início.
A progressão, por não ter níveis, consiste em desbloquear novas skills e dar upgrade em seus itens através da coleta de materiais que são achados em abundância conforme você anda, raramente você necessitará fazer um desvio e dedicar seu tempo apenas a coleta de materiais. Como bônus, tem também um sistema parecido com o License Board de Final Fantasy XII, mas onde cada slot é desbloqueado terminando desafios específicos, como explorar um mapa, matar um inimigo forte ou finalizar uma sidequest, desbloqueando slots adjacentes e aumentando suas recompensas, que são stats e itens.
A exploração é fluida e você pode acessar cada canto do mapa quase a qualquer hora do jogo graças aos pontos de teleporte espalhados ao mapa e que você só não pode fazer uso em momentos chave da história. Os mapas abertos e de dungeons são compactos o suficiente pra não serem enjoativos e abertos o suficiente para que não sejam corredores e estejam com diversas bifurcações que oferecem recompensas adicionais à você.
Mas o ponto altíssimo do jogo são seus personagens e sua história, tendo um ensemble cast onde todos do elenco principal tem seu momento de holofote, seu passado e sua personalidade bem desenvolvidos, embora tenhamos claros "protagonistas" no decorrer da história, quem os acompanha raramente passa como personagem secundário. Não apenas isso, mas o desenvolvimento da história apresenta diversas reviravoltas e surpresas, momentos dramáticos e engraçados, dilemas morais e diálogos excepcionalmente tocantes, tudo isso desenvolvido em cima de intrigas políticas complexas e inesperadas, envolvendo mais tarde até mesmo "Deuses" e inimigos de toda a humanidade, mas sem nunca descaracterizar a narrativa inicial do jogo. Uma grata surpresa e recomendadíssimo a todos os fãs de JRPGs e histórias de qualidade.

Reviewed on Dec 14, 2023


3 Comments


5 months ago

Tô com muita vontade de jogar, mas ainda não sei se jogo esse primeiro ou Sea Of Stars, por ser mais acessível e eu não ter costume de jogar JRPGs

5 months ago

@olegasthegoat o Sea Of Stars eu não terminei ainda, mas eu achei o ritmo desse aqui bem mais interessante e conseguiu me manter bem forte nele

5 months ago

@Paggi boa! Vou priorizar, uma galera do grupo do Nautilus (canal que eu sigo) também citou Chained Echoes como preferência