Like a Dragon Gaiden: conquista até os mais céticos dos fãs

Pessoalmente, eu não fui um grande adorador dos últimos jogos da RGG, Lost Judgment, apesar de ser um bom jogo, foi muito seguro para uma franquia spin off que deveria ser um verdadeiro ponto fora da curva, que nem o primeiro foi, ao invés disso, ele foi uma versão mais diluída das mecânicas de detetive acompanhado por uma história que parece uma grande missão secundária, logo após essa recepção morna veio a minha grande decepção de 2023, Like a Dragon: Ishin, o jogo que era a obra mais hypada da fã base ocidental desde sempre acabou se resumindo a um port (disfarçado de remake) mal feito de um jogo que já rodava a 60 FPS na Engine antiga para Unreal Engine 5 com mecânicas desnecessárias e mal implementadas de cartas, um jogo feito às pressas que roda de forma precária em várias plataformas, a decepção foi tanta que não consegui terminar o jogo.

Nesse momento, minha fé sobre a RGG estava começando a ser abalada, a RGG sempre teve a “mania” de lançar seus jogos no prazo independente do estado que o jogo se encontra e na maior parte eles lançavam com uma boa performance, a RGG reutiliza bastante assets (o que acho totalmente correto), a desenvolvedora também tem um sistema de trabalho bem eficiente onde um funcionário faz o mesmo trabalho em todo jogo (i.e. se um funcionário fez o port de Virtua Fighters em um jogo, ele fará o mesmo no outro), porém, jogos são difíceis de serem feitos e quando mais tempo passa, mais complexo eles ficam, maiores, mais ousados, nós só precisamos olhar para Yakuza: Like a Dragon para ver isso, portanto mesmo que a RGG seja bastante eficiente, existem várias ocasiões onde mais tempo no forno iria beneficiar imensamente alguns jogos, Yakuza Kiwami 2, Yakuza 6: The Song of Life e Like a Dragon: Ishin são jogos bons que poderiam ter sido ótimos, incríveis até.

A questão é que, ao invés de da RGG dar algum sinal de diminuir um pouco o ritmo para dar o devido tempo aos seus jogos, ela intensifica tudo e anuncia 3 jogos para lançarem num espaço-tempo de 1 ano, e, ao mesmo tempo que eu estava super animado, isso também me deixou preocupado, mais Yakuza é sempre bom, mas isso não devia vir a custo de uma boa otimização e uma boa implementação de features, estou me distraindo bastante, mas o meu ponto é que, ao mesmo tempo que a eficiência da RGG nos proporciona com ótimos jogos, ela também atrapalha quando algo inesperado surge e precisa de mais tempo de desenvolvimento.

Por isso que, antes de começar esse jogo, não dava o braço a torcer para nada que via, mesmo que a história parecesse interessante ou o gameplay me deixasse curioso, nada tirava a ideia de que pareciam estar usando o Kiryu depois de sua história ter terminado e tentando transformar ele numa vaca ordenhadeira, balançando ele como um chaveiro para os fãs, isso misturado com que o jogo inicialmente era uma DLC para o Like a Dragon Infinite Wealth e foi feito em apenas 6 meses não pintou uma boa imagem para muitos fãs, eu incluso, felizmente, o saldo final foi um bem positivo, mesmo que mais curto comparado a outros Yakuza, tanto em história como em conteúdo secundário, Like a Dragon Gaiden foi uma ótima surpresa esse ano que presta homenagem ao Kiryu e nos dá um fã service feito na medida certa, se tornando talvez o adeus definitivo que o Dragão de Dojima merecia.

O jogo serve primariamente para mostrar oque o Kiryu estava fazendo durante o Yakuza Like a Dragon e prepara o terreno para o Like a Dragon Infinite Wealth, é uma premissa simples, mas interessante, Kiryu deve lidar com um patriarca de uma das famílias mais poderosas da Aliança Omi para auxiliar na dissolução da Yakuza, nos já sabemos o resultado de tudo isso, mas a história ainda consegue surpreender e engajar o jogador, e de qualquer forma a história é sobre o Kiryu e uma reflexão sobre o personagem desde Yakuza 6.

O combate continua bem parecido com o de Yakuza Kiwami 2, mas recebe uma boa dose de charme da série Judgment, o estilo agente é ótimo para controlar multidões, brincar com inimigos deixando os drones cuidarem do trabalho ou tentar explodir vários de uma vez com o cigarro-bomba, os sapatos foguetes são ótimos para fugir de encontros aleatórios e para quando se está com preguiça de enfrentar os inimigos além de uma ótima forma de se aproximar rapidamente de um inimigo usando arma de fogo, você sempre tem várias opções para lidar com as várias gangues de rua e é tudo muito divertido de se usar, é tudo tão bom que me faz querer que a RGG fizesse mais um Yakuza com combate em tempo real na Dragon Engine, pois os 2 Judgment realmente fizeram a equipe dominar esse combate mais livre e estiloso.

Mesmo que Like a Dragon Gaiden tenha uma duração bem curta se comparado a qualquer outro jogo da franquia, o jogo ainda rende 20–25 horas de campanha e se você decidir ir atrás dos 100% essa duração chega facilmente na casa das 50 horas, isso somado ao fato do jogo ser vendido num preço menor (50 dólares) me faz crer que o jogo vale muito o dinheiro investido, se colocarmos em comparação com os lançamentos do ano, alguns jogos venderam por mais e tiveram a mesma quantidade de conteúdo, senão menos.

Like a Dragon Gaiden não apenas foi o jogo que mais me impactou esse ano, mas também o jogo que revigorou minhas energias com a franquia, ele me fez rir, me animou e me fez chorar, minha única expectativa com o futuro da franquia é que este realmente seja o último jogo protagonizado pelo Dragão do Dojima e que o próximo jogo realmente seja a sua última aparição.

Reviewed on Dec 07, 2023


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