Se na minha review do primeiro Gears of War, eu o chamei de “um dos jogos já feitos”, pra essa sequência eu sinto necessidade de alterar isso e chamar Gears of War 2 de uma das sequências já feitas… E é isso 👍.

Eu acho que de todos os jogos-sequência que eu já joguei na minha vida, esse jogo é de longe a evolução mais tímida que eu já experimentei dentro de qualquer franquia (isso inclui Pokémon que mal muda de fórmula de um jogo pra outro). Não é que não existam evoluções aqui presentes, mas essas são tão específicas que no bolo geral se tornam pequenos detalhes, o que, se não fosse pela história diferente do primeiro, tornaria esse o famoso “o mesmo jogo só que 2”. Vamos por partes.

Começando pelos pontos positivos, no Series X (plataforma em que joguei), a evolução gráfica é absurda em relação ao primeiro jogo. As texturas aqui estão muito mais definidas e apresentam uma profundidade que brilha aos olhos, o que melhora em muito a sensação das armaduras (tanto dos gears quanto dos locust) e de elementos do cenário serem gastos e/ou estarem ali a muito tempo.
Outro ponto técnico excelente daqui vem da parte de áudio. Não das músicas, essas entram em outro ponto, mas sim da engenharia de som traga aqui. Tanto o primeiro jogo quanto esse eu optei a jogar com fone e fica evidente uma evolução absurda neste quesito. O som das armas aqui não só parecem mais reais do que já eram, mas aqui são mais encorpados e detalhados. O som dos passos e das vozes a distância também trazem mais efeitos que aumentam a imersão do jogador.
A IA, até certo ponto, foi melhorada neste jogo. Durante toda a primeira metade do game, tanto os inimigos quanto os bots da equipe conseguem muito bem flanquear e pegar e cover em momentos mais coesos e não de forma praticamente aleatória como soava no primeiro game.
De todos os pontos positivos desse jogo, o melhor e mais lembrado é sua história. Eu gosto muito como eles tornaram o Dom o real protagonista aqui enquanto usaram o personagem principal (Marcus Fenix) como o olhar do jogador. Por mais que no final haja um leve plot twist referente ao Marcus, a história aqui é sobre o Dom e Maria, com desenvolvimento secundário do Delta Squad (Marcus e Cole e as vezes o Baird) e seu elenco de apoio (Tai, Anya e o General). Não só isso mas a contextualização sobre como ocorreu a invasão e guerra locust por meio dos coletáveis é muito boa, que não só trazem isso mas mostram o que aconteceu antes do Delta Squad chegar ali, coisa que era extremamente vaga no primeiro jogo. Não só isso, mas eu adoro como os filtros de imagem alteram de acordo com o sentimento que a cena quer passar. Cenas tristes têm um filtro cinza tal qual o usado na maior parte do primeiro jogo. Cenas alegres trazem imagens mais amareladas e vermelhas. Enquanto cenas de ação trazem um filtro esverdeado. Esses detalhes tornam a história do jogo mais efetiva, e é uma forma genial usada pela Epic Games para manipular as emoções do jogador.

Se antes essa franquia era um gigantesco pupurri de elementos de brucutus dos anos 80 com Resident Evil 4, agora ele é um jogo próprio inspirado em Resident Evil (a franquia). Em outras palavras, pra mim Gears conseguiu ao final do primeiro ter uma identidade própria, porém, com essa sequência ele mescla essa identidade criada com elementos de outros Resident Evil fora o 4, com pinceladas de elementos originários de Godzilla e Predator, seja pelos locust agora replicar certas palavras chaves de forma assustadora no meio do combate (tal qual o Nemesis de RE3 original), seja pelo jogo abandonar a ação frenética para uma ambientação de survivor horror no literal meio do mesmo, ou por simplesmente ter um ponto em que presenciamos uma literal batalha de kaijus… Se isso é bom ou ruim, eu não sei, mas é legal pontuar.
Outro ponto que entra numa linha cinza pra mim vem da trilha sonora do game. Durante todo o primeiro jogo eu sentia uma trilha próxima a Star Wars, ou seja, mais aventuresca. Porém nesse jogo eles optaram por substituir esta por uma trilha mais épica e frenética, o que funciona bem para ambientar as cenas aqui, que em comparação com o primeiro jogo (coisa que eu to fazendo demais nessa review), tenta ser mais épica e frenética nos momentos gerais.
Outra mudança foi nas arenas. Enquanto no Gears of War 1 tínhamos arenas maiores e mais waves de inimigos, nesse temos arenas muito menores (algumas incômodas devido a gameplay tradicional da franquia) e ondas menores, coisa que se reverte para o que era no primeiro ao longo do último ato do jogo.
O último ponto dessa “categoria” vem da “dificuldade” do game. Durante todo o primeiro jogo eu sentia que estava jogando errado, muito por muitas fases gritarem de serem jogadas em co-op para passar da “forma certa”. Nesse jogo não é tanto, muito pelo upgrade na inteligência artificial, durante 70% do game jogar solo era só um pouco mais difícil e não irritante como no primeiro (principalmente nas partes motorizadas).

Entrando na única parte realmente negativa do game, temos os bugs. Mesmo 15 anos depois de seu lançamento, no Series X (que dá um upgrade por IA no jogo), ocorrem muitos bugs principalmente relacionados às texturas do jogo. Na primeira metade dele era comum as texturas demorarem para carregar ou simplesmente flickarem do nada. O real problema vem na segunda metade do jogo, onde os bugs deixam de ser visuais para afetarem a gameplay. Foi comum na minha run eu ficar preso em quinas do jogo ou da direção da minha granada sumir ou até mesmo do Marcus simplesmente parar de correr no meio da ação. E como a gameplay de Gears é por si só frenética, tiveram batalhas em que eu morri por simplesmente o jogo bugar.

Acho que pras considerações finais não tem muito pra onde correr. A história aqui é realmente boa e dá de 10 a 0 no primeiro, mas o resto meio que se mantém igual, já que muitas vezes você precisa ser extremamente detalhista pra encontrar as diferenças desta sequência. Se você curtiu o primeiro Gears of War, certeza que você vai adorar esse segundo título e se sentir em casa, já que ele é claramente um jogo que tenta evoluir sem esquecer a sua base. Se você odiou o jogo de 2006, esse jogo provavelmente continua com os defeitos que você encontrou ao jogar o primeiro título. Se você que nem eu está experimentando Gears pela primeira vez e não achou nada gritante no Gears of War que o fizesse amar a franquia e entrar de cabeça na mesma, talvez o próximo título dela nos agrade… Quem sabe?

Reviewed on Nov 02, 2023


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