Particularmente eu não me considero muito fã de jogos mundo aberto, e a 5 anos eu não consigo parar de pensar no quanto esse jogo é atemporal e totalmente perfeito em tudo que faz!

Acho que deu pra ver que eu gosto desse jogo… Eu espero. Provavelmente essa review - ou qualquer outra que eu vá fazer sobre esse jogo - não vai ser o suficiente pra eu mostrar o quanto Red Dead Redemption é importante pra mim e o quanto eu amo essa aventura de John Marston… Mesmo assim eu vou tentar fazer jus ao que pra mim, é a maior obra de toda a indústria dos games.

Antes de tudo, Red Dead Redemption não é apenas uma aventura de John Marston! Tal qual os demais jogos da Rockstar (principalmente os pré GTA V), esse jogo se utiliza de uma história longa pra criticar diversos assuntos que rodeiam o mundo (principalmente os mais relacionados a sociedade estadunidense). No caso de Redemption o jogo começa indicando de forma sutil sobre o que é, e termina não só concluindo essa abordagem inicial como também conclui todas as abertas de forma maestral e sem esquecer a jornada do protagonista.
O jogo inicia com um vislumbre de como aquela sociedade enxerga pessoas que se diferenciam do modus operandi deles, com comentários de personagens secundários (nesse momento do jogo, desconhecidos) sobre a sociedade em diferentes esferas. Em outras palavras, logo no início o jogo abre uma conversa sobre preconceito para com os ex-criminosos, índios e até negros. Ao longo do jogo, com a inclusão de mais personagens como Bonnie, Seth, Nastas, De Santa e Landon Ricketts, o jogo abre crítica sobre feminismo, homossexualismo, saúde mental, apropriação cultural e territorial e até sobre abuso de poder, tudo isso mesclando muito bem esses assuntos sérios com um humor ácido característico da Rockstar, utilizando até de referências externas (como Senhor dos Anéis) nos momentos cômicos.

Musicalmente esse jogo brilha bastante. Seguindo as histórias dos GTAs (principalmente os da geração PS2), esse jogo é dividido em 3 grandes áreas que compõem o mapa sandbox, e em cada uma das 3 partes, o jogo assume tons diferentes pra música ambiente te identificar que você está naquele ambiente.
O ponto alto nesse quesito vem de duas músicas extremamente específicas. Elas acontecem em momentos chaves da história (não vai ter spoiler, não se preocupa), e são as duas únicas músicas cantadas desse jogo, e pra mim, elas são o que melhor resume os sentimentos que RDR provoca, justamente porque elas acontecem pós os principais acontecimentos e ampliam magistralmente o que ocorre com os personagens envolvidos.

O que realmente me atrai nesse segundo jogo da franquia é justamente o protagonista. De todas as obras que eu já consumi na vida, independente da mídia, John Marston é o meu protagonista favorito já criado… Justamente por ele não ser um personagem simples. Ele é complexo, com uma personalidade que no primeiro vislumbre parece genérica, e conforme ele e seu núcleo se desenvolvem, é mostrado que ele é mais que um brigão bobo de faroeste. E isso tudo graças aos diálogos brilhantes que esse jogo tem. Um simples diálogo aqui abre margem pra um mundo de coisas, e os que servem pra contar e contextualizar a vida do Marston antes dos eventos do jogo estão em outro patamar. Desde as primeiras cenas, o John, ao falar sobre sua família (principalmente a Abigail) utiliza uma ternura tão linda, que quando você os encontra pela primeira vez bem mais a frente no jogo, você se sente parte dos Marston, fator essencial esse pra sentir o impacto do final.
Tanto no meio do open world quanto nas cutscenes, apenas com os diálogos, ao longo das 30 horas de jogo você consegue sentir as dores e angústias do personagem de estar longe de quem ele ama, de estar caçando aqueles que ele chamava de irmãos anteriormente e do fardo que pra ele é tentar buscar redenção em um mundo tão selvagem quanto sua vida passada. Leslie Benzies foi impecável ao escrever as linhas de fala deste jogo. E por mais que as expressões faciais daqui não chegassem perto de um Uncharted 3 (jogo contemporâneo a RDR, por exemplo), ainda assim elas conseguem complementar de forma realista os sentimentos do personagem principal.

Ainda sobre construção, o World Building aqui é impecável igualmente. A Rockstar simplesmente “corrigiu” o problema de navegar em um mundo aberto literalmente vazio de forma simples, mantendo aquele mundo extremamente vazio mas tornando-o um personagem ativo dentro da história. Se você olhar pra todos os personagens que são incluídos na aventura do Marston, todos eles são ativamente afetados por aquele mundo. Seja pela sociedade abordada aqui, seja pela insolação ou seja pela solidão de viver naquele mapa, todos eles são hiper afetados por coisas inerentes ao mundo ao seu redor, criando em alguns casos, verdadeiros sociopatas.
Já que eu entrei na solidão, é uma ótima experiência navegar apenas você e seu cavalo naquele mundo ríspido. Não só porque o ato correr montado no seu cavalo no meio de desertos e planícies secas é muito bem feito, mas também, é algo que te ajuda a entrar de forma imersiva na pele do Marston, já que como nesse jogo acontecem muitas coisas chocantes, o ato de cavalgar pelo mapa sem uma interrupção recorrente (como acontece nos open world de cidade moderna como é um GTA ou Watch Dogs), te faz pensar no que aconteceu anteriormente e esses seus pensamentos acabarem se tornando os do personagem controlado.

Uma das minhas birras com Red Dead Redemption 2 vem da sua gameplay lenta, e isso é o extremo oposto pra esse título aqui. Não é que a movimentação é extremamente rápida como em um Hack N’ Slash ou até fluida como foi com Red Dead Revolver que era quase um jogo totalmente arcade, não é isso. A gameplay perto do próprio GTA e de outros jogos do gênero é bem lenta pra justamente dar o ar de realista, mas mesmo assim, é bem equilibrada pra no final agradar gregos e troianos, ou seja, tanto quem prefere o simulador de cowboy com tuberculose quanto quem prefere um faroeste arcade. Falando em jogabilidade, a Gunplay é surreal de gostosa. O Aim Assist na configuração padrão é bem justo, mas o AutoAim apertando apenas o LT te faz sentir o verdadeiro Gunslinger, principalmente nas missões finais com muitos inimigos, onde a troca de tiro é frenética.

Red Dead Redemption não é pra mim apenas um jogo, é na verdade uma experiência inigualável dentro do entretenimento. Até hoje não teve um jogo que conseguisse chegar no nível de gameplay, construção de personagem, desenvolvimento de mundo, diversão e imersão quanto esse jogo. Eu não sei se já falei isso nesse site, mas pra mim, em um videogame, a história é o elemento menos importante, e a 5 anos eu não paro de pensar no quão bem construída e contada é a desse jogo, e de como os elementos que compõem esse (principalmente a gameplay), fecham tão bem e de forma tão delicada o conjunto dessa obra.
Meu veredito pessoal final é que Red Dead Redemption é o melhor jogo da sétima geração, o melhor jogo de mundo aberto já feito e principalmente que, Red Dead Redemption (2011) é a melhor obra de arte já feita em toda a indústria AAA!

P.S.: Se você já sabe o que acontece no final ou já jogou até a cena no celeiro e depois largou o jogo, saiba que a história termina em um epílogo ao ir pra Blackwater e conversar com um personagem secundário na estação de trem… Fica a dica!

Reviewed on Jan 07, 2024


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