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Vickmonx reviewed Senua's Saga: Hellblade II
Review: Hellblade 2 é um poema cinematográfico em formato de jogo.

Ninja Theory desenvolvedora de jogos como Heavenly Sword, Enslaved, DMC: Devil May Cry e Bleeding Edge resolveu em 2017 lançar um jogo cuja experiência fugia de diversos padrões da indústria, e até mesmo dos jogos que eles vinham lançando até a data, nascia ali Hellblade: Senua Sacrifice um jogo com foco narrativo acima da média, onde a jogabilidade simples casou-se com uma experiência sensorial única, é um jogo onde praticamente você é obrigado jogá-lo com fones de ouvido devido ao seu excelente tratamento sonoro e imersão. Além de trazer visuais impressionantes e captura de expressões faciais incríveis.

Sendo um jogo que trata de um tema altamente sensível, saúde mental, inclusive acabou sendo referência neste assunto, sendo uma experiência altamente precisa e talvez um dos melhores conteúdos interativos já produzidos que trata deste assunto.

Passado-se sete anos e temos então a sua continuação, intitulada de Senua’s Saga: Hellblade 2, uma nova experiência narrativa em formato de jogo, onde o público que adorou o primeiro tem a obrigação de jogar o segundo, mas aquele que não gostou do primeiro é melhor passar longe, digo isso pois é fato de que não é um jogo para todos, não é a melhor forma de levar alguém a gostar de videogames muito menos uma experiência tão divertida assim, o que pode soar ruim, mas o desconforto que esse jogo às vezes traz faz parte de uma experiência altamente imersiva.

O que é Hellblade 2:

Existem diversas formas de se contar uma história, seja em livros, quadrinhos, filmes, obras de artes, músicas e por que não, jogos. Hellblade tanto um como essa continuação, não querem que você passe horas e horas matutando um puzzle ou enfrentando hordas de inimigos, eles querem que você aprecie essa história. Então o que define ele como jogo, não é exatamente a melhor coisa dele, que seria seu loop entre combate e puzzles, mas sim seus corredores lineares, onde a todo momento às vozes da cabeça de Senua lhe conta algo, cutscenes, seu belíssimo visual, paisagens e os coletáveis, tudo está interligado a história e o conjunto disso formam o que realmente Hellblade é, um poema cinematográfico em formato de jogo.

A história de Hellblade 2 ocorre um pouco depois do primeiro, Senua está em barco de escravos indo para a Islândia, atrás dos escravagistas que castigaram o seu povo no primeiro jogo. Esse barco naufraga e Senua deve lidar explorar essas terras desconhecidas descobrindo a existência de gigantes e o horror que eles trazem.

A grande surpresa é que a personagem não está sozinha, dessa vez existem pessoas que vão acompanhá-la e isso traz um ritmo melhor ao jogo e torna a jornada ainda mais interessante.

Seu texto aborda diversos temas como solidão, vingança, medos, propósitos na vida entre outros aspectos, ele não é tão direto como o do primeiro jogo onde retratou luto de forma bastante clara, muitas coisas estão nas entre linhas e cabe a interpretação, mas em sua camada mais fina você encontra uma jornada até mesmo de heroísmo, com diversas nuances e aquela já conhecida abordagem de saúde mental vinda do primeiro jogo segue presente. Dando ao jogador uma imersão entre realismo e alucinação.

A escrita mostra uma maturidade muito maior do que a que foi vista no primeiro jogo, o tratamento dos diálogos, ritmo de jogo e a forma como a Ninja Theory lida com a psicose mostra um trabalho de evolução nesses aspectos o tornam Hellblade 2 muito melhor que seu antecessor.


O combate está melhor, mas não é perfeito:

Hellblade 2 melhora muito aspectos do seu antecessor, puzzles continuam chatos, mas são mais escassos e o combate está muito mais brutal, divertido e dessa vez às mecânicas casam perfeitamente pois você sempre irá enfrentar um inimigo por vez, ou seja, o maior problema do combate do primeiro jogo foi corrigido. Mas apesar disso o combate segue com um fator de estranheza, pois a impressão de que se dá é que em momentos onde possui diversos inimigos na cena, eles formam uma fila e você enfrenta eles um a um, o que soa engraçado na prática.

Outro fator ruim é a repetição de inimigos, algo bastante comum em diversos jogos, mas penso que se os combates desse jogo são tão pontuais caberia um esforço em tornar isso em menor escala, com mais inimigos únicos e formas individuais de derrotá-los e tornam assim ele talvez um pouco mais desafiador, pois de modo geral o jogo é fácil.

Ainda falando dos combates, eles são como cutscenes interativas, estão ligados diretamente a história na maioria das vezes, e possui jogos de câmeras muitos cinematográficos, além de atuações e movimentação bastante realistas, a brutalidade segue presente em um teor ainda maior que o antecessor, e Senua aqui interpretada novamente por Melina Juergens dá um show de atuação durante o combate. A coreografia torna o impacto dos combates muito maior e mais prazeroso do que foi no primeiro jogo.

De forma geral, é um combate competente, dentro do escopo, mas o jogo está longe de ser resumido a isso, pois definitivamente, Hellblade não é sobre isso.

Em menor escala, os puzzles estão no jogo apenas para quebrar o ritmo:

Um dos problemas do primeiro jogo sem dúvida alguma é a quantidade de puzzles e como eles são feitos, onde praticamente todos eles se resumem a encontrar símbolos no cenário para abrir uma passagem. Aqui isso se repete, felizmente em uma escala muito, mas muito menor.

Infelizmente os puzzles são os momentos mais fracos de Hellblade 2, todos eles são simples e como o jogo é curto fico me perguntando porque que não deram mais atenção a esse ponto, colocando desafios melhor elaborados, certamente Hellblade 2 ganharia mais valor nesses aspectos.

A impressão de que se dá é que os puzzles estão ali para tentar atrasar o jogador, quebrando o ritmo do jogo.


A experiência fora ao combate está mais densa e flerta com o medo:

O que torna Hellblade 2 um jogo charmoso é sem dúvida o conjunto da obra e não aspectos isolados, estamos diante de um jogo que quer te contar algo nem que isso sacrifique uma jogabilidade mais empolgante.

Outro ponto a ser ressaltado é a sua abordagem quanto ao jogo como todo, Hellblade 2 é um flerte com o terror, desespero, solidão e trevas, tudo isso é trazido ao longo dos corredores, trilhas e campos em que Senua caminha, acompanhado pelas vozes em sua cabeça resta ao jogador adentrar a um caminho que muitas vezes vai soar perturbador, fazendo parte de uma experiência, para alguns pode soar como um “walk simulator” onde tudo que você é caminhar, mas se você parar e perceber tudo que está ao seu redor é um formato de narrativa bastante interessante onde tudo que lhe cerca quer te contar algo, de forma indireta e direta.

Existem trechos densos e carregados de sentimentos negativos, você sente o peso disso observando o cenário, na atuação dos personagens e nos diálogos. Tudo no jogo é carregado de uma tristeza e nessa jornada Senua deve passar por um fardo muito maior que isso e o jogo como todo transmite isso muito que bem.

Visuais de cair o queixo e eis aqui o tal jogo de “nova geração”:

Visualmente ouso dizer que nenhum jogo traz tamanho visual, até mesmo Alan Wake 2 que pra mim é um dos jogos mais bonitos que presenciei não alcança esse. Joguei em um PC equipado com uma RTX 3060 e com isso consegui jogar na qualidade “alto”, não posso dizer que tive uma taxa de quadros estável, mas foi o suficiente para conseguir zera-lo. É impressionante o trabalho aqui feito, seja de texturas do cenário, poças de água, efeitos de iluminação, fogo, neblina, céu e a grande cereja do bolo, expressões visuais. O trabalho de detalhes nos personagens é um dos aspectos mais impressionantes

O jogo é feito na Unreal Engine 5 e talvez seja o melhor trabalho feito com esse motor até então, tudo bem que estamos falando de um jogo linear, com cenários fechados, sem muitos elementos na tela como outros NPC, então logo entendo que talvez seria mais fácil dar essa densidade de detalhes absurda que esse jogo traz, mas fica aqui o exemplo de que se quiser mostrar alguém os tais gráficos de nova geração, Hellblade 2 é o melhor até agora.

Os visuais desse jogo estão a um nível tão acima que parei um pouco para brincar com o modo foto deles e as capturas presentes aqui são tiradas diretamente dele.

Trabalho sonoro continua sendo um espetáculo:

Assim como seu antecessor, Hellblade 2 possui diversos aviso da obrigação de jogar com fones de ouvido, e ela faz total sentido, Senua é uma personagem que escuta vozes em sua cabeça, e são sussurros que dão uma experiência imersiva sem tamanho ao jogador, e é impossível que outra saída de áudio faça igual, mas não é o único motivo, todo trabalho de áudio seja foley (captura de som por objetos), diálogos, explosões e nos combates estão a um patamar muito acima do primeiro, estão melhor mixados e tratados de forma artesanal para que toda essa obrigação com fones de ouvido faça total sentido.


Conclusão:

Hellblade 2: Senua’s Saga até essa data, é um marco do audiovisual quando o assunto é jogos.

É um jogo que está acima de tudo em termos visuais, sua jogabilidade quanto ao combate não é a melhor, mas está longe de ser um desastre e possui melhorias quanto ao primeiro, é uma experiência linear com cerca de 7 horas de duração, dependendo do que você fizer, possui uma platina rápida e se você gostou do primeiro, jogue sem medo algum.

Como experiência narrativa ele brilha e muito, possui momentos sufocantes, com impressionantes atuações, combinados com um deslumbrante visual, mostrando que o jogo é tem mais poder sobre esses aspectos do que com outros. Sua conclusão é bastante incômoda, sem dar spoilers, aqui a experiência foi bem mais interpretativa do que foi visto no primeiro, deixa um gosto de quero mais e sinceramente torço para existir um terceiro jogo dessa franquia.

É um jogo que me prendeu do início ao fim, possui um ritmo muito melhor que o primeiro jogo, sendo uma experiência melhor refinada com uma abordagem muito mais densa e melhor apreciada. Sendo uma evolução do primeiro jogo honesta e necessária.

Nota: 8 (Bom)



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