Maid of Sker tinha tudo para ser um ótimo jogo, mas por falta de cuidado nos pequenos detalhes acabou não se destacando da forma que deveria.

Pelo que consta em descrições, o enredo tem inspiração na trilogia literária de mesmo nome e de fato as concepções principais não chegam a ser decepcionantes, elas só são apressadas de uma forma que o jogador não consegue digerir da forma que deveria. O método utilizado para passar todo o contexto foi por diálogos (conversas e gravações) e mensagens espalhadas em formato de cartas, sendo esse um sistema bem comum e que não chegou a ser produzido de maneira errada.

A única personagem realmente importante é Elisabeth Williams, amante do homem que “encarnamos”, Thomas Evans. De fato, Thomas é o clássico personagem folha de papel, ou seja, somos obrigados a nos misturarmos com ele para fazer algum sentido e na minha opinião é justamente aqui que começam os pequenos erros. Entendo que tentaram dar um contraponto para a outra personagem, porém achei o personagem tão sem emoção nas escolhas de diálogos que não fez sentido.

Falando em diálogo, fiquei bem curiosa com a ideia de comunicação entre os personagens, pois diferente de outros que encontramos frente a frente aqui a maior parte é feita por telefones espalhados pelo hotel, o que também pode ser ignorado caso o jogador decida ser um louco. Inclusive, ficou bem engraçado o telefone tocando e os inimigos sem se importar com o barulho, mas faz parte.

Em relação aos desafios achei todos extremamente fáceis, o que definitivamente não é algo negativo, porém me pergunto se eles não teriam mais interesse em espalhar tais puzzles de forma orgânica, tornando o Hotel algo mais dinâmico e importante.

A ambientação como já era de se esperar não decepciona, na realidade é o ponto de maior destaque junto com a Williams. Os desenvolvedores utilizaram muito bem a ideia de um local abandonado, esquecido e antigo, o que misturando com as colorações escolhidas (verde, roxo, vermelho e cinza) se tornou especial. As cores escolhidas também possuem uma relação bem interessante, sendo roxo para um ambiente principal, vermelho para algo importante, verde para as salas seguras e cinza para o restante.

Apesar de ter vários pontos legais, o jogo tem sérios problemas de gameplay, pois Evans as vezes não conseguia subir em certas partes do cenário e o sistema de correr e agachar se tornou tão repetitivo que eu já não via a hora disso tudo acabar. Além disso, diferente do que se espera a campanha principal não possui armas (eu pelo menos não achei uma), a única coisa que temos a nosso favor é uma engenhoca que produz som (algo bem importante que será tratado mais adiante) e isso contribuiu ainda mais para o problema de repetição.

Um outro problema grave e extremamente problemático é a distribuição dos diferentes cenários. Entendo que tentaram passar um local extenso e complexo e não tenho reclamações em relação a distribuição dos objetos principais, porém a necessidade extensiva de explorar para encontrar atalhos na reta final do jogo beira a loucura. Pra quem tem curiosidade da situação, imagine que você se esqueça de abrir uma porta e agora é obrigado a andar em 4 mapas diferentes repletos de inimigos (lembrem-se que você não tem armas) só para dar a volta em um cômodo e entregar os objetos para chegar ao final do jogo. Entendo que para alguns isso não vai ser problema, afinal a arte de ser curioso recompensa, mas a dor que deu ser obrigada a andar agachada por 30 minutos superou todas as minhas expectativas.

O método escolhido da reação dos inimigos foi o sonoro, ou seja, todos os inimigos conseguem escutar as coisas que você faz, mas não conseguem te ver. Isso inicialmente foi bem divertido, porém como não tivemos variação em absolutamente nada também acabou se tornando chato após 2 horas de jogo. O engraçado foi que os inimigos conseguiam escutar quase tudo, menos o toque do telefone, o protagonista “conversando” e o barulho das portas.
O último ponto negativo a ser destacado foi o perseguidor que só conseguia se distanciar por 10 passos de onde estávamos e de alguma forma ele conseguia “ver” o Thomas de costas, por alguns momentos cheguei a achar que ele tinha olhos na nuca, mas acho que foi só a péssima produção da IA. Isso também criou um problema que me obrigou a ficar saindo do save para ter alguma chance de andar pelo mapa.

O jogo possui 3 finais, sendo o que chamariam de “bom, ruim e secreto” e o como já era de se esperar, preferi mil vezes o ruim, pois existem histórias que não merecem finais felizes e devo acrescentar que isso não é uma coisa negativa na análise. O enredo se dirige para esse final, a devoção, loucura e desapego andam de mãos dadas e pelo formato o resultado final não deveria ser diferente.

Sendo assim, pra quem gosta de jogos de terror essa pode ser uma ótima experiência, mas já deixo destacado a importância de explorar para não passar a mesma raiva na reta final. Já para as pessoas que não se interessam tanto pelo gênero, acho que existem opções melhores no mercado.

Reviewed on Feb 11, 2023


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