9 Years of Shadows estava no meu radar desde o lançamento do primeiro trailer e apesar de ser um metroidvania (3º gênero com maiores lançamentos no meio indie) a minha curiosidade atingiu um nível de “compre no lançamento” e foi exatamente o que fiz, apesar das consequências não tão animadoras.

O enredo principal do jogo tem uma base forte, afinal o que aconteceria se perdêssemos a possibilidade de observar as cores?

Grande parte das obras de arte são conhecidas pela incrível combinação de cores e formas, conseguimos diferenciar frutas, madeiras, móveis e muitas outras coisas através desse elemento, então quando somos jogados com a ideia de viver somente o preto e branco surge um debate extremamente forte, mas como já era de se esperar 9 Years acaba se dirigindo para o lado fantasioso e relativamente tranquilo da coisa toda.

O jogador junto com Europa e Apino, são influenciados a investigar um enorme castelo em busca de uma cura para a maldição, porém diferente do que imaginamos o ambiente não possui tantas coisas a serem exploradas, tudo é bem linear e as poucas informações escondidas acabam não sendo tão uteis para motivar a exploração, resultando em ponto de embate com o próprio enredo.

A conclusão de toda a situação também não me agradou, exploramos, encontramos as motivações, mas elas são bem fúteis e apressadas, deixando aquele gosto agridoce para todas as partes. Nos momentos finais fica perceptível que os desenvolvedores não tiveram muita ideia do que fazer com o que criaram e apenas deixaram algo em aberto para dizer que teve.

Um dos maiores pontos positivos do jogo é a sua parte artística, a coloração adotada, a construção de todos os personagens e até o ambiente foi feito com muito carinho e dedicação, sinalizando um ponto bem importante desse estilo de jogo em pixels. Os detalhes existentes nas diferentes armaduras também podem passar desapercebido para muitos, contudo as mudanças são existentes e mostram o nível de importância atribuído a cada pequeno fator.

Como o tema do jogo é cor, fica óbvio que toda a construção precisa ser ao redor disso e os desenvolvedores não falharam, pois não existe barra de vida para os inimigos e o nível de “morte” deles são mostrados através do vermelho. Além disso, os outros inimigos possuem diferentes colorações que são combinadas com cada armadura, criando um efeito de necessidade bem interessante.

Meu ponto favorito foi a soundtrack, pois a orquestra melancólica, a diferenciação em cada chefe e o trabalho meticuloso para relacionar com as artes criou algo bem único e característico. Uma pena não terem diversificado mais no decorrer da campanha, porém os momentos que foram utilizados são bem especiais.

Infelizmente nem tudo foi positivo para 9 Years e fica perceptível que as dificuldades dos desenvolvedores não foram somente no enredo. Para começar, o jogo apresentou problemas clássicos de utilização de memória, coisa que me obrigou a fechar diretamente do gerenciador algumas vezes e se tivéssemos um sistema de salvamento automático ou pelo menos um sistema mais útil eu não precisaria voltar 10 minutos ou até mesmo um chefe.

A gameplay também não foi muito aproveitada, suas mecânicas foram diversas e bem interessantes, mas faltou um complemento de combinação essencial. Outro ponto importante foi a repetição dos inimigos que conforme progredimos passam a ser mais um estorvo do que desafio.

Mesmo com alguns problemas, 9 Years of Shadows é um jogo detalhista, bem trabalho e relativamente bem desenvolvido, porém por ser de um estilo extremamente saturado acaba não se destacando como deveria e a probabilidade de ser esquecido em 3-4 meses é alta. Mas, se você curte ou quer entrar no gênero esse é um ótimo guia.

Reviewed on Mar 29, 2023


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