Quando Far Cry 6 foi lançado em 2021 muitas análises diziam que ele era “mais do mesmo” ou que “estava na hora da franquia acabar, pois eram apenas remakes péssimos do terceiro título” e por algum tempo optei por evitar a existência desse jogo e aceitar que a opinião geral também seria a minha, mas com as promoções da Ubisoft e minha intensa vontade de jogar algo só para descontrair acabei encarando o monstro diretamente.

De modo geral, não sinto que esse jogo tem tantos problemas em relação a bugs, na verdade acho que foi um dos jogos mais bem otimizados da Ubisoft ou talvez me acostumei com a diversão de ver coisas aleatórias acontecendo.

A gameplay é aquela básica do Far Cry 5 e mesmo com a tentativa de variar colocando armaduras, níveis e melhorias, o resultado continua o mesmo coisa graças a falta de recursos, possibilitando o jogador criar um único tipo de armamento e seguir a campanha inteira matando todos os inimigos. Um outro ponto negativo em relação a isso foram os inimigos em helicópteros e aviões, pois com a mudança de vida ficou quase impossível matar qualquer personagem atravessando o vidro desses dois tipos de transporte, o que tornou certas partes chatas e repetitivas.

Uma das coisas mais interessantes e positivas que ocorrem com o jogo foi a utilização de uma protagonista real, com voz, personalidade e enredo. E mesmo Dani não sendo surpreendente ou marcante para o mundo em questão de representatividade, ela foi essencial para o carisma e diversão, sendo a alma do jogo e tudo o que rodeia Yara. Apesar de ter sido parte importante, Dani cai no mesmo enredo típico de qualquer protagonista de Far Cry, ou seja, só está ali para matar, destruir e se divertir, o que curiosamente também tem uma ligação muito importante com o enredo e faz com que a parte final se torne mais aceitável.

Em relação ao enredo não tenho como descrever sem falar que tal sistema caiu no típico problema dos jogos mais populares: você tem um início e meio forte e divertido, mas que por péssimas decisões acabam gerando um final horrível e pouco satisfatório. Inclusive, o ponto de virada para o final foi tão péssimo que me fez correr sem me importar em apreciar o incrível ambiente.

É engraçado que ao mesmo tempo Far Cry 6 possui um dos melhores elencos de personagens secundários dos jogos da Ubisoft e até aqueles que foram pouco aproveitados ou difíceis de engolir ainda conseguem ser marcantes o suficiente para te fazer revirar os olhos ou correr para se divertir com mais um enredo louco.

Far Cry pode não ser a franquia favorita de muita gente, mas é quase impossível não concordar com a popularidade merecida de seus vilões que até hoje são referencia para muitas pessoas. O problema é que neste jogo não temos um nível de interesse ou de desenvolvimento suficiente para realmente continuar a ‘linhagem’. Inclusive, dependendo de onde e como você comece a jogar o enredo e os próprios inimigos perdem sentido e força, tornando tudo uma bagunça que tenta miseravelmente reproduzir o carisma do antecessor.

No fim, Far Cry 6 desenvolve um dos melhores elencos da franquia, mas ao mesmo tempo falha em reproduzir com grandes melhorias os pontos positivos dos jogos anteriores, fazendo o jogador se perguntar qual realmente seria a sensação se o jogo tivesse alma, carinho e um pouco mais de paciência.

Reviewed on Jun 14, 2023


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