Fãs de VN quando te mandam ler a história de 2003 envolvendo pornografia lovecraftiana sobre o pós guerra e as decorrentes perturbações mentais analisada pelos olhos de um jovem tarado e como isso implica na criação da Astrofisica

2022

Scorn é possivelmente um dos jogos mais impressionantes e difíceis de se analisar que eu já joguei, porque ao mesmo tempo que ele é um jogo extremamente sombrio, obtuso e nojento, ele consegue ser extremamente atmosférico, intrigante e por vezes até bonito dentro das regras do seu mundo grotesco

Colocando da forma mais simples possível, Scorn é um jogo que não liga para você, para o que você poderia ser e muito o que você foi, é um jogo que a principal proposta dele é te jogar num mundo e cabe a você descobrir o que fazer, como fazer e tentar entender ao menos um pouco como os dispositivos funcionam e ao longo da sua jornada tentar desvendar ao menos um pouco como funciona a lógica deste mundo. Por ser um jogo incrivelmente interpretativo e complexo de se compreender, irei dividir a analise em dois principais fatores A Ambientação e a Jogabilidade

AMBIENTAÇÃO

A cidade onde Scorn se passa é um verdadeiro pesadelo, o jogo além de ser um Survival Horror, ele possui um foco enorme na sua ambientação e na construção de seu mundo, sendo fortemente inspirado pela estética surrealista, mecanicamente erótica e asquerosa de Hanz Ruedi Giger e sendo acentuados pelos encantadores enquanto opressores e repulsivas paisagens visivelmente inspiradas nas obras do artista polonês Zdzisław Beksiński e essa provavelmente foi uma das melhores uniões que poderiam ter sido feitas para um jogo cujo qual o terror é o foco, o carnal se mistura de forma com o mecânico de forma brutal, toda a violência desse mundo que veio antes e que virá depois de você, será igualmente se não ainda mais cruel e assim como nosso protagonista, não fazemos a menor ideia do porque, e é exatamente esse espaço aberto que encanta as incompreensíveis paisagens desse mundo e também torna assustador os enigmáticos moradores desse universo.

Outro aspecto que eleva muito a experiência do jogo são os sons desse universo, que ao mesmo tempo que ressaltam a vulnerabilidade da carne nesse mundo, empoderam os sons do mecânico, que sempre está superando e se mostrando superior aquilo que tem dependência da carne que possui fragilidade, acrescentando a fragilidade do nosso protagonista, a trilha sonora deste jogo é realmente uma obra-prima, misturando Dark Ambient e Drone de forma a tornar o mundo já alienígena que estamos ainda mais opressivo, afim de deixar o jogador se sentindo ainda mais deslocado

JOGABILIDADE

Assim como sua ambientação, a gameplay de Scorn não tem muita ação, mas não é por isso que ela é piedosa, muito pelo contrário na realidade, durante seu tempo nesse mundo, a maior parte do tempo na inóspita cidade de Pólis, você irá passar resolvendo quebra cabeças, que para a nossa realidade, são completamente sem pé nem cabeça, não se prendendo necessariamente a nenhum conceito e que vão exigir exploração associada a tentativa e erro até o momento que você obtiver um vago conceito do que você está utilizando, só para ele ser descartado poucos momentos depois e quando você não está fazendo isso, você estará enfrentando ou se escondendo de criaturas alienígenas, mas é importante deixar claro, o conceito de Scorn é ser um Survival Horror, não um Action Horror, logo a majoritária parte da experiência se dará na resolução de puzzles, enquanto o sistema de combate que por mais balanceado que seja acaba parecendo inacabado por vezes

CONCLUSÃO

Dizer se Scorn é um jogo para você ou não é uma tarefa fácil, o jogo é constantemente confuso, extremamente cruel e brutal e em momento algum irá segurar a sua mão, na realidade, a melhor forma de colocar Scorn é como jogo com fortes elementos de ficção interativa e visto o quão obtuso e averso as normas ele é, porém se você estiver disposto a se imergir de 5 a 7 horas em um mundo grotesco onde o maior foco é a exploração e a interpretação daquilo a sua volta, Scorn provavelmente é uma experiência que deveria entrar na sua lista, já que é uma experiência lenta e minuciosa e que agrada e recompensa os curiosos e exploradores porém nunca irá se responsabilizar de te explicar absolutamente nada

Dead Space Remake com certeza é "um desejo que se tornou realidade" pra mim, sendo um dos jogos que mais me marcou na época do Xbox 360 mas nunca tive ânimo pra rejogá-lo e reviver a experiência do Ishimura

Dead Space Remake além de melhorar tudo que o original fez, otimizou os personagens, tempo de tela e tudo que o original fez de melhor

(Nunca vou superar o que fizeram com Dead Space 3)

Eu realmente não esperava ter uma surpresa TÃO grande quanto eu tive com esse jogo.

É impossível negar a importância de Resident Evil 4 para os videogames como um todo, foi um jogo que reformulou muitas coisas nos jogos de ação e por mais que tenha sido bastante divisivo no seu lançamento original, com o passar do tempo, ele conquistou seu lugar como um absoluto clássico dos videogames e dezoito anos depois e seguindo a tendência que a Capcom vem fazendo com seus jogos, o gigante finalmente recebe o seu remake e novamente se solidifica entre os jogos, porém de uma forma muito mais fluída, inteligente e em certos aspectos, expandida, utilizando o melhor que o jogo tem a oferecer afim de modernizar e tornar mais fácil a aproximação ao jogo

Mecanicamente falando, o jogo foi completamente retrabalhado do chão, mudando completamente o seu estilo de controle de um que era necessário ficar estático para atirar para um incrivelmente frenético e que eleva a ação pra outro nível, mas que consegue manter muito bem o balanço de ação intensa e frenética com o clima de terror, que foi genuinamente revitalizado com esse remake, um fantástico retrabalho que ao mesmo tempo que atualiza o jogo dando mais atenção ao elemento de terror e dar um clima mais sombrio para a obra, e mesmo assim ele consegue não se perder, mantendo seus momentos mais cômicos, além de trazer enormes aprimoramentos aos seus personagens, o maior exemplo sendo a Ashley que por mais que ainda seja necessário salvar ela por vezes, ela se tornou uma personagem incrivelmente gostável e carismática

Por mais que tenha tido uma parcela considerável de conteúdo removido, creio que foi para o melhor, mesmo que a custo de tornar a experiência um pouco mais linear e mesmo com essas remoções, acredito que as adições que ele recebeu, que elevaram demais a satisfação de jogadas subsequentes, melhoram e até superam o conteúdo removido. Resident Evil 4 Remake muito provavelmente é uma enorme carta de amor pros fãs e depois de Resident Evil 3 Remake consegue ser até que uma prova de competência ENORME da Capcom e pro potencial da mesma

Genuinamente um dos melhores se não o melhor jogo que tive o prazer de jogar esse ano

A base do jogo é boa, ele tem um ótimo conceito, uma ótima ambientação, um combate difícil mas incrivelmente prazeroso de masterizar por mais que por vezes seja impreciso e que realmente gostaria de jogar em sua completude, porém o seu port de PC é um caso complicado, que realmente torna quase impossível jogar, tendo casos que por vezes em ambientes fechados o jogo não conseguia pegar mais de 25FPS com um unico inimigo no cenário

Consigo recomendar o jogo em outra plataforma mas na que eu tive a oportunidade de jogar que foi o PC, definitivamente espere o preço abaixar ou jogue no Gamepass se tiver interesse

Cultic é um pacote incrivelmente completo de um Boomer Shooter, por mais que seja até curtinho, é um jogo com muita coisa para explorar, uma ótima ambientação, um combate incrivelmente satisfatório com uma ótima variedade de armas, visuais e mecânicas incrivelmente bem polidas, e diversos segredos para encontrar, além de ter provavelmente (um dos) melhores sons de Headshot que ouvi em muito tempo em um jogo de FPS

Se o próximo capítulo entregar o mesmo nível de qualidade desse provavelmente será um dos melhores Boomer Shooters que teremos disponíveis

ATOMIC HEART. Um jogo que desde 2018 eu vinha antecipando, talvez por seus gráficos absurdos, estilo visual diferente de muitas coisas que vimos e temática interessante, sendo uma mistura de conceitos similares a Bioshock (algo que a tempos queria mais) e que eu achava que jamais sairia e é, o jogo saiu. e por pouco cumpriu quase tudo que eu esperava, e me lembrou porque parar de hypar jogos Triple A

No quesito jogabilidade, Atomic Heart é incrivelmente sólido, tem um sistema de progressão interessante, permite tipos diferentes de builds e te permite testar todas elas sem nenhum prejuízo enorme, com a possibilidade de trocar as suas habilidades a qualquer momento, um mundo aberto bonito e com mecânicas interessantes que só tem maior utilidade durante a história, por vezes uma enorme falta de exposição sobre sistemas vitais do jogo (uso de elementos nas armas, dirigir carros e desativar uma área de robôs são exemplos quase essenciais que eu só descobri da metade para o final do jogo)

A ambientação do jogo é um dos pontos mais altos também, com um mundo esteticamente bem produzido, possuindo uma tecnologia que não deixa nada sem explicação e um estilo visual fortíssimo, Atomic Heart consegue te trazer pro mundo dele, da mais simples Vila Russa até o mais avançado laboratório subterrâneo, além de conter uma vasta gama de músicas na trilha sonora, contando com remixes de famosas músicas russas até as mais pesadas melodias do Mick Gordon para acompanhar momentos explosivos e de muita ação

Durante essa primeira seção, evitarei comentar spoilers sobre a história do jogo, deixarei bem claro quando for comentar sobre pontos chave. A história do jogo ao mesmo tempo que tem muito potencial e é interessante, não é uma história genial como Bioshock foi em 2008, mas também não é uma história completamente ignorável, por mais que o desenrolar dela por vezes seja bem demorado para expor um ponto óbvio ou dar tempo de menos para um ponto se desenvolver, ainda vale apena prestar uma certa atenção, não é uma história que não é curta visto que zerei o jogo em 22 horas mas também não fica muito mais tempo do que é bem vinda, principalmente podendo ser zerada em apenas 15 horas caso foque total e exclusivamente nela

O mundo aberto também é incrivelmente bonito e que valha apena ser explorado, é um mundo que por exceção de alguns pontos aqui e ali é bem insatisfatório de se explorar, visto que o jogo possui um sistema de alarme constante, fazendo com que caso você seja identificado, um enxame constante de inimigos te ataque, exceto se você desativar os robôs da área por um período de tempo que o jogo não explica como fazer uma mecânica quase que essencial, fazendo com que ser atacado a cada 10 minutos de tentativa de exploração seja bem frustrante, além dos veículos (um tipo de carro) tenha uma resistência de vidro, visto que encontraremos quantidades enormes de inimigos, não podemos atropelas pouquíssimos e dirigir com a precisão de um piloto de Formula 1 para o carro não explodir fazendo com que a exploração nos ambientes exteriores seja bastante demorada e até desinteressante

Quanto a otimização, nos ambientes internos o jogo está maravilhosamente bem otimizado, com detalhes por vezes até assustadores afim adicionar na imersão do jogo e pegando mais de 100 FPS até durante momentos de combate, no exterior já era bem complicado, mesmo com DLSS Ativado, ainda sofre para rodar ambientes exteriores, mesmo em um PC com configurações acima das recomendadas

Por mais que tenha criticado o excesso de dificuldade em outras seções dessa análise, acredito que a dificuldade de Atomic Heart ainda esteja num local ideal durante a maior parte da sua campanha, te faz improvisar e usar seus recursos de forma inteligente para cada tipo de inimigo, gostei bastante disso e das opções para abordar cada situação, admito que existem alguns momentos cujos quais senti que a dificuldade aumentou de forma absurda até no mundo aberto em si

Por mais que reconheça que seja o primeiro jogo da Mundifsh, é um jogo que apresentou alguns erros e defeitos que mesmo para um primeiro jogo, é meio complicado de defender, coisas básicas como a ausência tutoriais para mecânicas importantes, tendo em mente o tempo de desenvolvimento que o jogo teve e a adição de alguns elementos desnecessários como a constante necessidade de crafting para quase tudo diminui um pouco da experiência do jogo mas que mesmo com todas as criticas, tem personalidade, um loop de gameplay com necessidade constante de tomadas de decisão, dungeons e bosses bacanas mas que acaba caindo de cara visto o baque que a história recebe no final

É um jogo que vale seu tempo? Pra mim, com certeza, mas não é um jogo que valha 200 reais nunca, mas por estar disponível no Gamepass, é uma recomendação fácil minha na assinatura

[SPOILERS]
Ok, eu vou entrar de cabeça em aspectos que aparecem mais pra frente no jogo, história, personagens, lutas e tudo mais, caso não queira ler ou queira experiência o jogo por si mesmo, peço que pare e jogue o jogo, visto que é um jogo com bastante coisa a se aproveitar
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Eu adoro obras que brincam e tentam mexer com a percepção e compreensão do comum, obras que se abrem a ser estranhas e Atomic Heart era um jogo que poderia abordar esse tipo de coisa, visto que é um jogo com um universo onde mutações e tecnologias não conhecidas estavam presentes desde sua fundação mas não era o tipo de obra que poderia puxar isso da manga explicando tão pouco comparado ao desenvolvimento que ele dá ao Kollektiv e o ao resto dos avanços tecnológicos desse mundo, principalmente no seu final que também se baseia em escolhas incrivelmente rasas e que independente de qual seja a sua escolha, não vai ser nada satisfatório de ver a conclusão, uma que o jogo só acaba DO NADA e uma que o jogo tenta puxar pra um conceito que ele explica de forma rápida nas ultimas horas de jogo, fazendo com que todo o seu esforço e progresso seja praticamente jogado no lixo, principalmente caso você tenha escolhido lutar com as Gêmeas, que também mal aparecem durante o jogo inteiro é uma luta onde existe um aumento INSANO na dificuldade, forçando você a praticamente usar apenas uma única arma e sua recompensa por se preparar? MORRER. Óbvio que como forma de crítica, achei até interessante, mas na questão de jogo, deixa um vazio muito grande, fazendo com que a conclusão épica simplesmente não exista fazendo com que o sentimento de desperdício de tempo e até de potencial esteja muito presente, de forma bastante similar a INDUSTRIA, um jogo com uma vibe e atmosfera incrivelmente similar mas que assim como Atomic Heart, consegue entregar um desenvolvimento de mundo com mistérios interessantes mas falha em entregar uma conclusão satisfatória

Returnal é basicamente a prova de que quando a Sony não faz um jogo cinemático genérico pra caralho com 30h de campanha que cansa em 2h sai uma pedrada enorme feito essa, a Gameplay maravilhosa, a história que não tenta tomar o foco pra si sempre mas não toma isso como desculpa pra não ser interessante, Direção de arte maravilhosa com Co-op bem divertido e desafiador

Para os que gostam de Roguelike, esse daqui é um prato cheio, unico problema é a otimização que no PC apresenta constantes quedas de FPS e Crashes, mas nada que não possa ser resolvido, só recomendo esperar

Desenvolvi problemas sérios de confiança com a física

Hi Fi Rush não é o jogo mais inovador de todos os tempos, porém é um dos, se não o jogo mais divertido que saiu nos últimos anos, um jogo cheio de personalidade, com personagens interessantes, que não se leva a sério o suficiente para ser incrivelmente divertido mas com uma história e uma construção de mundo que consegue te prender muito bem além de mecânicas de gameplay que são simples o suficiente pra te engajar e te prender de primeira mas que vão te manter no jogo até o final adicionando diversas camadas de complexidade gradualmente, de forma correta mas que não fazem com que o jogo seja maior do que deveria, um jogo feito com muito carinho e com MUITA personalidade

Como um imenso fã de jogos de RPG Maker e de projetos independentes, Coralina simplesmente caiu como uma luva, assim como outros títulos que usam a mesma engine, o jogo possui uma gameplay simples, mas não deixa a desejar em NENHUMA outra área, visto que é um jogo incrivelmente criativo e com uma história que, por mais que só tenhamos um capítulo disponível, passa por meio deste, de forma bastante tênue uma mensagem importante e de forma interpretativa, tudo com um fantástico estilo visual, que mescla diversos tipos de estilos artísticos tudo isso amarrado com uma ainda melhor trilha sonora que, por apenas R$5, com certeza é uma ótima pedida, definitivamente um passo certíssimo pro cenário de jogos indies brasileiro

(E o jogo me ganhou demais pelo fato de ter referências a My Bloody Valentine e Radiohead)

Rollerdrome é um jogo que eu precisava jogar mas não fazia ideia disso. O te ganha primeiramente com um estilo visual bastante único e com um belissimo Cel shading, quando você se aprofunda mais, percebe que o jogo é uma mistura bastante inovadora de jogos de tiro em arena como Ultrakill e Quake com mecânicas de jogos da franquia Tony Hawk e jogos de Skate e os funde de uma forma excepcional, tornando o lado de jogo de tiro de arena dependente de aspectos do "Esporte Radical", mesmo contando com uma história com a profundidade de uma poça e o tamanho de uma gota de chuva, o jogo não falha em te prender por conta da sua gameplay mais voltada para o Arcade

Sendo honesto, jogar Rollerdrome foi um grande alivio, além de uma GIGANTE criatividade necessária para produzir suas mecânicas, é um jogo que é incrivelmente sólido, possui uma ótima produção, principalmente na sua jogabilidade fluida e prazerosa com um ÓTIMO polimento e extremamente cativante

Recomendo facilmente para quem pensa que já viu de tudo