Sempre minutei em minha mente o que há de tão atraente nos JRPGs para mim. É algo que ao meu ver é uma hipocrisia minha; gêneros de jogos são referências apenas, e não fatores determinísticos em uma obra. Entretanto, não posso negar que há algo que me atrai aos JRPGs; uma espécie de encanto que cada JRPG parece carregar em si. Desse modo sempre minutei, sempre refleti, o porquê de os amar tanto dessa maneira; o porquê de ao ouvir um tema, que seja de personagem ou de batalha, uma emoção surge de forma espontânea em mim, um sentimento terno, algo que talvez seja semelhante ao amor ou ao carinho. E o único modo de compreender isso é refletindo sobre as minhas experiências passadas e contemporâneas. O que une Grandia e SaGa para mim? Por que Omori me emocionou tanto? Como Live a Live conseguiu ser tão impactante para mim? E as únicas respostas que encontrei são representadas sob uma única palavra: Momentos.

Momentos, ou melhor, as tais chamadas Set Pieces. Que seja a sua interpretação sobre momentos, um aspecto está intrínseco na essência de tal palavra: partes. São essas fragmentações da obra a minha possível resposta para uma questão tão íntima minha.

Toda vez que penso nos jogos mencionados o que vem em minha mente são momentos presenciados nelas; lembranças as quais carrego com tanta ternura como algo querido meu. Nisso chego ao cerne de como eu enxergo os JRPGs: uma experiência que vai além da própria noção comum de RPG acerca do roleplay. Ser parte daquilo; sentir aquele mundo; ver aqueles NPCs como pessoas a ponto de imergir em seus conflitos íntimos e se importar com eles. Em síntese, estar vivo. E portanto, cada momento passado ali naqueles jogos, pequeno ou grande, foram para mim uma vivência. É algo que pode soar ambíguo, porém é algo que não só faz sentido para mim como me faz continuar vivendo sabendo que novas lembranças calorosas iram surgir na minha vida.


Bem, agora surge uma nova pergunta: O que caralhos isso tem haver com um fodendo jogo de música de uma franquia tão cacetuda chamada Final Fantasy? E a resposta é bem simples: é um jogo que conseguiu evocar em mim muitos dos momentos mais marcantes que tive com a mídia. Spira Unplugged retoma em mim as visões paradisíacas do mundo de Final Fantasy X; You Are Not Alone traz à mim um momento de superação e amizade que me marcou tanto no Final Fantasy IX; Liberi Fatali reconstrói em mim o choque de ver pela primeira vez a abertura do Final Fantasy 8; e já os temas finais como Dancing Mad, One-winged Angel, The Extreme, The Dark Messenger, e Otherworld conseguem perpassar em mim os sentimentos que senti nos embates finais. Com essas trilhas eu só não pude sentir novamente àquelas memórias tão queridas para mim, como também senti a vontade de vivenciar elas novamente. E honestamente, esse é um jogo pelo qual sou grato à sua existência, tanto por ter reacendido uma paixão minha, como também por ter me lembrado que estar vivo é o mesmo que contemplar novos momentos...


E pensando bem, talvez seja por isso que eu amo tanto essa mídia eletrônica chamada vídeo game.

Reviewed on Feb 23, 2023


3 Comments


1 year ago

Como alguém que resistiu JRPGs (e ainda resisto, especialmente os modernos) por muito tempo e está começando a entrar neles agora, sinto muito do que você falou: existe uma estética/temática que permeia todos eles, e muito disso está em como eles não tem medo de serem bombásticos e marcantes, de destoar, e muito disso está em como constroem uma identidade através da música. Eu nem tinha zerado nenhum FF nas olimpiadas de Tokyo e só as primeiras notinhas do tema na abertura já me causava coisas.

1 year ago

Dá uma olhada na trilogia FF de PS1 e o X, são carregados de momentos marcantes (principalmente o X tem a emblemática parte da risada)

1 year ago

O X tá pra ser meu próximo mesmo hehe