existe certa resistência ao conceito de equilíbrio e harmonia quando se fala de gênero, seja por opressão sistemática ou reparação histórica, mas a ideia de "jogo é pra menino" atrapalhou muito a criação de coisas que exploram a masculinidade de forma profunda - nós somos enganados quando achamos que só porque algo é violento ou sexualmente intenso de maneiras específicas esse algo está falando sobre ser homem, e por parecer que está, ninguém vê necessidade de tentar detalhar um pouco mais.

não é a guerra ou a paternidade que faz obras que tratam de tais temas (e temos muitas, god of war ragnarok incluso nesta lista) falarem sobre masculinidade, mas sim o brio de seguir ordens de lapidação do mundo e a preocupação de que esse mundo é o que vai abarcar aqueles e aquelas que amamos. a coragem de falar sobre sentimentos de forma que converse com sua própria natureza e não tentando emular a feminilidade nisso. ela nos complementa, ensina, e aprendemos por observar, não por copiar, assim como elas também podem fazer conosco através de comunicação e arte.

existem poucas coisas que são experiências compartilhadas por todos os gêneros e sexualidades, mas pra mim a mais importante delas é o luto. a morte é o que faz a gente se juntar, se separar, lutar, amar, reproduzir, se divertir, se entristecer, enlouquecer, e é através dela que precisamos aprender a entender todas as lutas que jamais tivemos porque nossa alma calhou de estar mais pra lá ou mais pra cá no espectro.

não é o fim do mundo, a morte de deuses, as nove dimensões diferentes que exploramos, a descoberta de pontos obscurecidos da história ou o feedback tátil de quando puxamos nosso machado de volta atingindo três inimigos diferentes que fez com que meu cérebro sentisse alívio e paz por ser como é desde que nasci. o que causou essa paz foi ver um dos personagens mais violentos da cultura pop dos últimos 20 anos pedindo desculpas, admitindo um erro e não deixando isso atrapalhar sua coragem e ímpeto nem por um segundo.

Reviewed on Jul 27, 2023


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