Welcome back The Desolate Hope by Scott Cawthon.

Esse jogo foi bem presente na minha infância, quando eu tentava jogar sozinho ou com o meu primo, nunca saindo dos primeiros estágios: a dificuldade do jogo, seja os puzzles interativos com os cenários (arremessar inimigos em estacas, ganchos e rios de lava) ou a não-linearidade dos objetivos, que te fazem ir de cenário em cenário do jogo buscando o objetivo do momento, fazem da gameplay bem difícil e exaustiva. Mais de dez anos depois e eu resolvo rejogar esse que pra mim é um clássico do PlayStation 2, dessa vez com meu namorado no player 2, e vejo que não muita coisa mudou: o jogo não é nada intuitivo, te fazendo por muitas vezes adivinhar o caminho que se deve tomar pra chegar a um objetivo e progressão, o que cansa ao longo da gamplay, dependendo do quão longe você for.
Embora a jogabilidade exaustiva derrube uns pontos da nota final do jogo, ainda acho que esse estilo é uma progressão natural do que deveria ser o futuro da saga Mortal Kombat: porradaria em mundo aberto, sem perder a essência do jogo. Como não escrevo de 2005, consigo ver que não permaneceram utilizando a mecânica em jogos futuros, o que considero um erro, já que esse jogo se tornou um fan favorite muito aclamado pelos fans da série, que sonham até hoje com um remake/remaster (esse inclusive que já foi citado diversas vezes pelo criador da série, mas sem previsão de entrega).
A história do game também joga ele pra debaixo do caminhão: as cutscenes começaram a parecer como spam pela falta de interesse que geraram em mim, principalmente pela trama fraca e texto cansativo e previsível: não sentiria falta se a trama fosse removida por completo, pois nem consegui prestar atenção na maioria das coisas que o Raiden fala pelo jogo, culpando também o design sonoro que deixou as linhas de voz em qualidade e volume tão baixos que não consegui identificar quase nada que foi dito, mesmo mexendo nas configurações e abaixando o sfx e aumentando a voz. E por falar em design de som, vamos entrar um pouquinho na trilha sonora: sinto que a escolha dos sons foram perfeitas pro jogo, não consigo pensar em combinação melhor de instrumentos pra esse game do que os que foram utilizados, casando perfeitamente com a estética. Porém, os loops são minúsculos, sendo a maioria por volta de 1 minuto (quase nenhum passa de 2 minutos), o que só adiciona na exaustividade do jogo: jogamos vários e vários estágios de até 30 à 40 minutos, com loops que pouco alternam de apenas 1 minuto. Logo, embora a escolha de sons e instrumentos sejam ótimas pro jogo, combinando muito bem com a estética visual, a pouca variedade de faixas e os loops curtos acabam com a experiencia de poder jogar esse jogo com o som alto.
O jogo poderia ser melhor, mais intuitivo e menos cansativo em sua gameplay, com uma história e trilha sonora mais completa, mas mesmo com esses defeitos o jogo garante algumas horas de diversão, principalmente nos primeiros estágios do game. Ainda espero por mais jogos da saga Mortal Kombat que utilizem dos elementos introduzidos aqui.

Me levou oito horas (de uma vez) pra terminar todo o jogo: valeu a pena. Embora as escolhas de fala não pareçam influenciar muito no desenvolver da trama, isso não me incomodou: a trama é o que torna o jogo interessante, sem muitos desafios na gameplay, salvo puzzles aqui e ali. Alex conta a sua história através desse point & click e visual novel, como um filme slice of life: acompanhamos o que pode ser os capítulos decisivos na vida de Alex em uma pequena fração de dias e horas sentadas a frente do computador, conversando com (até então) desconhecidos e desconhecidas em um fórum online de seu anime favorito. As conversam vão se desenrolando e Alex acaba descobrindo muito mais do que sabia sobre si diante da pequena troca de mensagens e auto análise que mesclam a trama da animação japonese da qual é fã com a própria vida. No fim das contas, Alex vai dar um jeito.

Curtinho mas bem divertido, esse jogo emula a sensação de jogar um clássico de Game Boy direto da era de ouro dos portáteis da Nintendo (esse jogo inclusive foi lançado para Nintendo Switch, junto com sua continuação, 'Super Squidlit'). O jogo por vezes relembra clássicos como a série WarioLand, com uma gameplay estilo Metroidvania, embora bem mais fácil e sem muitos desafios.

Joguei pela primeira vez via Steam, e o port (se é que dá pra chamar disso) é tão malfeito que chega a ser injogável. O jogo roda emulado via DOSBox, e nada contra o emulador, que fique bem claro, mas transferir um jogo clássico via emulador open-source, sem se dar o trabalho de converter e atualizar mecânicas antiquadas pra um funcionamento melhor e mais fluido aos novos jogadores é um tiro no pé. Os controles péssimos podiam ser divertidos e podiam fazer mais sentido na epóca, mas como o jogo é obtido de forma oficial, cabia também um port oficial que tivesse sido trabalhado pra caber nos tempos atuais e dar mais jogabilidade e conforto aos jogadores que querem se inteirar de jogar os clássicos da era de ouro.
Lara muitas vezes não responde aos comandos de pulo, o controle de camêra não funciona e o jogo vive um meio termo entre o fluido e o manual. As ambientações e trilhas sonoras são ótimas e casam perfeitamente com os gráficos, esses que não deixam a desejar no sentido de mostrar a evolução dos jogos de computador em seus primórdios e chegando até aqui. Sinto que o jogo funcionaria bem se um port atento e profissional tivesse sido feito.